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A tecnologia faz mais parte do nosso dia a dia do que a gente imagina. Seja por meio de assistentes virtuais, chatbots, segurança digital, compras ou pagamentos eletrônicos, a Inteligência Artificial está sempre marcando presença na maioria dos passos da nossa rotina. O que antes era visto como algo distante de ser feito, hoje já é possível vivenciar graças às inovações disponíveis, como experimentações de roupas e objetos de forma digital, itens impressos em 3D e até mesmo a realização de prova de vida, tudo online e na palma da nossa mão.
Com a capacidade da IA similar à humana, ela pode ser considerada, sem sombra de dúvidas, uma das maiores tendências de tecnologia para os próximos anos. Não à toa, muitas empresas, cientes da importância de sua implementação, passaram a investir, como mostra o levantamento realizado pela Morning Consult, que aponta que 40% das marcas brasileiras já implantaram Inteligência Artificial em algum processo de seus negócios.
A IA tem tudo para acelerar grandes processos de produção, além de otimizar tempo e minimizar falhas humanas, que é tudo o que as empresas de fato desejam e precisam. No marketing, por exemplo, fica cada vez mais perceptível o investimento das empresas em novas soluções, como com a adoção de assistentes virtuais para a interpretação de dados e no direcionamento das informações, que garantem campanhas e uma comunicação mais assertiva, já que é possível monitorar os materiais com a exatidão e velocidade que são fatores fundamentais quando falamos em relacionamento com o consumidor.
Quando você acessa a Netflix, por exemplo, as sugestões apresentadas não são as mesmas para você e para o seu irmão, mesmo tendo gostos parecidos. E sabe o motivo disso? A IA proporciona uma experiência única para o usuário, por meio de uma curadoria inteligente de conteúdo, realizada por um sistema de IA, é possível identificar todos os gostos e oferecer conteúdos similares.
O mesmo funciona para que as marcas identifiquem conteúdos parecidos para as pessoas, em seus sites, blogs e afins, ajudando a manter a navegação em suas páginas, além de contribuir para os resultados de SEO e a conexão com o público, claro.
Tudo isso já é muito incrível, mas que tal apostar em estratégias para trazer de volta aqueles usuários que já visitaram o site da sua marca em algum momento? Com o retargeting e seu sistema de IA, é possível compreender o comportamento e os tipos de interesses de cada pessoa. Assim, os anúncios poderão aparecer para aquele usuário de maneira adequada, atendendo às suas necessidades quando ele mais precisa.
Agora indo um pouco mais além, você algum dia pensou em uma inteligência capaz de identificar até os nossos sentimentos? Isso já é mais real do que você possa imaginar. A tecnologia está sendo trabalhada para captar os sinais do corpo humano, além de decifrar as emoções envolvidas entre as marcas e seus consumidores. O Google Glass pode representar claramente este exemplo. Com a sua utilização ligada a um aplicativo, crianças com autismo conseguiram avanços em suas habilidades sociais, onde foi possível ler as expressões e gamificar as interações, com o intuito de melhorar sua capacidade para decifrar as emoções transmitidas pelas expressões faciais das pessoas.
A verdade é que o mundo está mudando com uma rapidez nunca vista antes, o consumidor, então, nem se fala, seus objetivos e preferências ao realizar suas compras mudaram drasticamente. Sendo assim, por que deveríamos usar as mesmas fórmulas de vendas?
Não faz nenhum sentido, certo?!
O uso da IA no marketing possibilita tornar indicativos emocionais e informações comportamentais em matéria-prima para a criatividade, já que tudo pode ser metrificado e utilizado em ações mais personalizadas para atingir o público. Não por acaso, muitos profissionais de marketing já entenderam a importância de se investir nessas inovações.
Segundo o Gartner, 63% dos líderes de marketing digital estão focados em construir experiências mais personalizadas com as expectativas de seus clientes, e grande parte dos entrevistados afirma estar utilizando algoritmos de IA e deep learning para endereçar essa necessidade. Isso é simplesmente incrível porque mostra que as marcas já entenderam que é preciso mudar e sair da velha escola de marketing e, mais do que isso, que a IA pode ser uma grande aliada.
Mas como as marcas podem de fato explorar a Inteligência Artificial?
O mais incrível dessas tecnologias é a possibilidade que os grandes softwares disponibilizam para as marcas explorarem os algoritmos personalizados, como os exemplos que citei acima, e assim, estudarem dados importantes sobre os clientes, como localização, hábitos, motivação de compra e necessidades diárias. Porque essa é a grande sacada hoje, quanto mais você conhece o seu consumidor, mais sucesso seu negócio vai ter, sem sombra de dúvida. Com a identificação das suas dores, é possível trabalhar para entregar as soluções necessárias, assim como campanhas mais focadas, que superem as expectativas do cliente. E não é justamente isso que qualquer pessoa quer e espera?
Cada dia mais vemos as marcas se movimentando para proporcionar aos seus clientes uma experiência imbatível e a principal aliada nesse caminho tem sido a IA. Um ótimo exemplo disso é a Adidas, que passou a sugerir combinações de roupas em seu e-commerce nos Estados Unidos com base na busca dos clientes por um produto individual. Com a análise dos dados, a empresa entende mais as preferências do consumidor e mostra todas as opções disponíveis para a composição, sem ele precisar pesquisar, tornando a comunicação cada vez mais personalizada. A implementação ajudou, inclusive, no aumento do número de vendas da Adidas. Isso é tão incrível que parece mágica, mas é apenas a tecnologia trabalhando a favor das marcas.
É claro que devemos entender bem o cenário que a nossa companhia se encontra e quais as suas necessidades atuais antes de qualquer investimento. Precisamos sempre lembrar antes de mais nada, que as empresas devem focar em campanhas voltadas para a sua comunidade e pensar em como atingir o seu público de maneira arrebatadora. Afinal, de nada vale investir milhares de dólares em uma tecnologia super inovadora se ela não for útil para o seu tipo de negócio.
Para isso, é fundamental realizar ações baseadas em dados robustos por meio das ferramentas disponíveis, analisá-los e usá-los a seu favor. E olha aí a IA brilhando mais uma vez! Afinal, dados são na verdade a grande sacada quando falamos a respeito da relação das marcas com seus consumidores.
E o que o futuro nos reserva?
Na velocidade com que tudo vem acontecendo é difícil imaginar o que vai acontecer nos próximos 10 anos, mas o que sabemos com certeza é que a tecnologia vai estar cada vez mais presente. Um levantamento realizado pela Accenture mostra que nos próximos 15 anos a IA nas organizações será responsável pelo aumento de 40% da produtividade, o que é indiscutível, pois podemos perceber dia após dia os seus benefícios.
Tudo isso nos mostra que a utilização de Inteligência Artificial pode ser um dos caminhos mais rápidos para se ter sucesso. Na verdade, pensando bem, é o único caminho. Até porque, ela consegue realizar em segundos, coisas que o ser humano levaria décadas para fazer.
E, ao contrário do que muitos pensam, a adoção de tecnologia não substitui o ser humano. Ainda que a gente tenha ferramentas excelentes que nos ajudam em diversos processos, nenhuma delas substitui a criatividade humana. Na verdade, a tecnologia veio para ser uma grande aliada na criação de ações cada vez mais inovadoras.
O fato é que o mundo mudou, o consumidor mudou mais ainda e o marketing segue em constante evolução. Assim, à medida que as marcas se atualizam é essencial que profissionais do setor estejam atentos às transformações para conseguirem se destacar. E o papel das empresas é dar cada vez mais suporte para suas equipes, investindo em especializações para que seus colaboradores possam ter a expertise necessária para explorarem profundamente essas inovações.
Se adaptar às demandas da comunidade, oferecendo produtos e serviços de maneira ágil, sem perder o foco nas novidades e tendências do mercado é indispensável para o crescimento de qualquer marca. Toda empresa, de qualquer tamanho, precisa se atualizar para estar à frente, não há outra saída. Nesse caso, investir em tecnologia deixou de ser uma opção para se tornar questão de sobrevivência. Parece clichê, mas é a mais pura verdade. Utilizar boas ferramentas de IA pode transportar a sua empresa direto para o futuro e fazer com que ela cresça exponencialmente em um curto período de tempo. Então, o que você está esperando?
Este artigo foi produzido por Rapha Avellar, empreendedor em série e fundador da Adventures, aceleradora de marcas e uma das mais promissoras startups do país, que está criando o maior ecossistema de marcas nativas digitais das Américas.
PONTOS DE PROVA: Estudantes universitários muitas vezes não sabem quando estão aprendendo
A evidência da pesquisa é clara. Aprender tentando algo por si mesmo é superior a ouvir passivamente palestras, especialmente em ciências. É intrigante por que mais professores universitários não ensinam dessa maneira mais prática e interativa.
Logan McCarty, diretor de educação científica da Universidade de Harvard, é um excelente exemplo. Dez anos atrás, ele me disse, ele estava ciente dos estudos anti-palestras que datavam da década de 1980. Mas ele continuou a dar aulas. De fato, seu título em Harvard era e é “professor”. Ele também é muito bom nisso. Um ex-cantor de ópera, McCarty tem um talento para o drama e é um artista natural. Quando o entrevistei pelo Zoom, seu cabelo azul-violeta estava estilizado verticalmente como um troll da DreamWorks (do tipo adorável). Ele torna os meandros da eletricidade estática compreensível e fascinante para os leigos. Francamente, eu o ouvia ler a lista telefônica.
Mas ele mudou sua abordagem de sala de aula depois de 2014, quando o canadense Louis Deslauriers ingressou no departamento de física. Deslauriers é um proselitista do ensino fazendo, o que ele chama de “aprendizagem ativa”, e prometeu mostrar a McCarty como fazê-lo. McCarty era um convertido.
Os dois coçaram a cabeça sobre por que os cientistas – que ensinam o método científico a seus alunos – não estavam prestando atenção à ciência. Então, eles conduziram um experimento juntos, onde cada um ensinou nos dois sentidos e estudou o que aconteceu.
Metade dos alunos nas aulas introdutórias de física foram aleatoriamente designados para aprender o conceito de equilíbrio estático da maneira tradicional por meio de palestras. A outra metade foi instruída a resolver problemas de amostra em equilíbrio estático sem qualquer explicação, trabalhando juntos em pequenos grupos. McCarty e Deslauriers, em suas respectivas seções, percorriam a sala fazendo perguntas e oferecendo assistência. Depois que os alunos tentaram cada problema, os instrutores mostraram a solução. No total, o instrutor falou apenas metade do tempo da aula.
Para a aula seguinte, os alunos trocaram. A palestra que os alunos aprenderam sobre fluidos através de conjuntos de problemas primeiro. E os alunos de aprendizagem ativa ouviram uma longa palestra sobre fluidos.
No final de cada aula, os alunos preencheram pesquisas sobre suas percepções sobre a aula e concluíram um teste de múltipla escolha de 12 perguntas para demonstrar seu conhecimento. Como esperado, os alunos dominaram mais o material quando estavam aprendendo ativamente, independentemente de McCarty ou
Deslauriers terem sido seus instrutores. Os alunos de McCarty se saíram tão bem quanto os de Deslauriers; não parecia importar se eles tinham o palestrante superstar ou não.
Mas o resultado fascinante foi que a maioria dos alunos sentiu exatamente o oposto, que havia aprendido mais na palestra. Os alunos da palestra concordaram mais fortemente com afirmações como “Gostei desta palestra”, “Sinto que aprendi muito com esta palestra”, “O instrutor foi eficaz no ensino” e “Gostaria que todos os meus cursos de física fossem ensinados neste caminho."
Para confirmar, McCarty e Deslauriers repetiram o experimento no semestre seguinte e obtiveram os mesmos resultados. Quase 150 alunos de Harvard concordaram que as palestras eram mais agradáveis e fáceis de acompanhar, mas estavam se iludindo de que estavam aprendendo mais dessa maneira.
“Quando os alunos ouvem uma palestra de um palestrante superstar, eles sentem: 'Isso é bom. Estou aprendendo.' Mas uma hora depois, eles não vão se lembrar disso”, disse Deslauriers. Em outras palavras, a sensação de aprender é enganosa.
Os resultados foram publicados em um artigo de 2019, “ Medindo o aprendizado real versus o sentimento de aprendizado em resposta ao envolvimento ativo na sala de aula ”, no Proceedings of the National Academy of Sciences, o jornal da National Academy of Sciences.
Em entrevistas de acompanhamento com alguns dos alunos, os pesquisadores ouviram os alunos reclamarem que o aprendizado ativo parecia “desarticulado” e eles não gostavam das transições frequentes do trabalho em grupo para o feedback do instrutor. Eles estavam preocupados que seus erros durante a aula não fossem corrigidos. Geralmente, eles se sentiam frustrados e mais confusos. (Curiosamente, nenhum dos alunos se queixou do próprio trabalho em grupo, embora a sabedoria convencional sugira que os alunos muitas vezes não gostam disso.)
Duas coisas parecem estar acontecendo aqui. Quando você está ouvindo um grande especialista explicar algo bem, é fácil confundir a entrega suave e fácil do orador com sua própria compreensão. Se você já assistiu a um ótimo programa de culinária e depois tropeçou para fazer um molho béchamel em casa, você experimentou isso. Os alunos muitas vezes pensam que estão acompanhando a aula, mas em casa não sabem fazer a lição de casa e têm dificuldades no curso.
A segunda parte da explicação é que o verdadeiro aprendizado é um trabalho árduo e muitas vezes não é bom. Quando você está lutando para resolver um problema em uma sala de aula de aprendizagem ativa, pode parecer frustrante. Cometer erros e obter feedback para corrigir mal-entendidos é onde o aprendizado acontece.
Também é mais desafiador ensinar dessa maneira. “Como instrutor, estou adaptando o que estou dizendo na hora para o que vejo quando eles estão trabalhando no problema”, disse McCarty. “Então eu não estou dando uma palestra enlatada. E isso faz com que seja um pouco como um ato de arame farpado. Mas também é definitivamente mais envolvente cognitivamente para mim porque eu tenho que decidir no momento, 'Ok, eu tenho cinco minutos para falar sobre essa questão, quais são as coisas mais importantes para eu dizer?'”
Fiquei cativado por este estudo porque acho que ele não apenas explica por que o aprendizado ativo não é mais popular nas salas de aula da faculdade, mas também ajuda a explicar por que professores, alunos e pais geralmente rejeitam as conclusões de experimentos educacionais bem planejados. Confiamos em nossos instintos e instintos para nos dizer quando estamos aprendendo, mas não sabemos como é o aprendizado real. (Este estudo também deve nos tornar mais céticos quanto à veracidade das avaliações dos alunos, mas esse é um tópico diferente.)
Eu sou um grande fã de palestras. Eles me inspiram. Quando olho para trás em meus anos de graduação, não trocaria meus melhores professores por mais tempo gasto em conjuntos de problemas em sala de aula. McCarty e Deslauriers concordam que nem todo curso deve ser ministrado por meio do aprendizado ativo. Nas aulas de física, o objetivo é fazer com que os alunos resolvam os tipos de problemas que os físicos encontram, por isso faz sentido passar o tempo da aula praticando isso.
“Esportes e instrução musical deixam isso muito claro”, disse McCarty. “Assistir a [Roger] Federer jogar tênis pode deixá-lo realmente empolgado com o tênis, mas não vai fazer de você um grande jogador de tênis.”
McCarty também dá uma aula com um biólogo chamado “O que é a vida? Dos Quarks à Consciência.” A inspiração é o objetivo. Aqui, McCarty passa muito mais tempo dando palestras. Tenho inveja dos alunos dele.
Observem o seguinte. Menos de 4% dos alunos do ensino médio de São Paulo, em 2021, terminaram o ano com conhecimento considerado adequado em matemática. O aluno sai do 3º ano do ensino médio com o conhecimento mínimo desejável para um estudante do 7º ano do fundamental. O secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, que além de bom gestor é um tipo sincero, foi direto ao ponto: “O que já era ruim ficou pior”, definindo nossa educação pública como “uma com os piores resultados” do mundo.
Alguém poderia pensar que esses resultados vieram apenas em decorrência da pandemia. Ledo engano. O desastre da pandemia é basicamente a continuação do desastre de nossa educação estatal. Dados do Ideb de 2019 mostram que apenas 5,2% de nossos estudantes das escolas estatais no 3º ano do ensino médio tiveram um aprendizado adequado em matemática, contra 41,3% nas escolas da rede privada.
Muita gente não gosta de ler sobre essas coisas. Outros já cansaram. “Nossa educação pública é assim e não vai mudar”, escutei tempos atrás, de um gestor público um tanto abatido. Ele havia dirigido uma Secretaria de Educação e desistiu. Não conseguiu mudar as “engrenagens da máquina pública”, me disse. Não tinha poder sobre as escolas, os indicadores de desempenho eram apenas para constar, professores não eram avaliados e os sindicatos reagiam a qualquer tentativa de mudança.
Há quem insista na tese de que os alunos das redes públicas não aprendem porque são pobres. Escutei variações elegantes dessa ideia em dezenas de debates, nos últimos anos. O problema não viria das aulas não dadas, da burocracia, da falta de dinamismo das escolas. Nada disso. A culpa seria dos próprios alunos, sem apoio em casa e pais sem a devida formação. Essa tese sempre me pareceu a mais terrível. A tese conveniente, que nos redime do erro de nossas próprias escolhas. De um Estado que deveria encarar e superar as limitações da pobreza, e não as usar como desculpa para seu próprio fracasso.
Durante a pandemia, o sistema falhou mais uma vez. Os dados da PNAD Contínua de 2021 mostram que o número de estudantes de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever aumentou 66,3% de 2019 a 2021. Milhões de estudantes brasileiros simplesmente não tiveram aulas. Outros tantos tiveram algo que apenas remotamente se pode chamar de ensino a distância. O que o país fez em relação a isso? A oposição culpou o governo federal e este os estados e municípios. E quem manda nos dois lados se salvou, como sempre, nas boas escolas privadas.
Conversei com dezenas de gestores para saber o que aconteceu. As histórias giram todas em torno da lentidão para comprar tablets e acesso às redes; a dificuldade da escola funcionar de on-line; treinar os professores no modelo digital; a resistência dos sindicatos. Não se trata de nenhum problema específico, nem deste ou daquele governo. Há simplesmente um sistema destituído de senso de urgência, no qual o usuário — famílias e alunos — não tem nenhum poder de influência. Poder de exigir que as coisas funcionem ou mudar de escola. De dizer “não” a um sistema que não responde. E do qual não tem como escapar.
“Na educação, estacionamos. O ‘é assim porque sempre foi’ nos define”
Recursos não parecem ser o problema. Leio que na virada do ano o governo de São Paulo concedeu 1,6 bilhão de reais de “Abono-Fundeb” aos professores estaduais. No estado do Amazonas, o vale foi de 480 milhões de reais. Leio que prefeituras como a de Parnarama, no interior do Maranhão, pagaram 28 000 reais a cada servidor. Em Castelo, no interior do Piauí, o “bônus” foi de 18 600 reais. Observar esses “abonos” nos dá um bom retrato de nosso ensino estatal. Muita retórica “pela educação”, foco real na demanda corporativa e virtualmente nenhum no aprendizado dos alunos.
Retrato da educação pública que construímos. Nesse caso, resultado de uma pequena frase colocada na Constituição, em 2020, quando da votação do “novo Fundeb”. Uma frase mandando passar de 60% para 70% o gasto mínimo do Fundo com servidores públicos. Alguma razão objetiva para isso? Algum estudo de prioridades? Nada disso. Apenas uma padronização, posta na Constituição, valendo para todos os municípios e estados brasileiros, independentemente de seu perfil e necessidades, numa época de rápida mutação demográfica. O porquê disso? Política e capacidade de pressão, no Congresso, e o silêncio, da sociedade.
Enquanto isso, leio que Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, lançou um amplo programa para incentivar a expansão das escolas charter, nos Estados Unidos. São escolas independentes, geridas por organizações especializadas, sob contratos de gestão com o governo, que passa a focar na regulação do sistema e na qualidade do resultado alcançado. Serão 750 milhões de dólares para apoiar a criação de escolas, premiar iniciativas e avaliar resultados. “A educação pública americana está quebrada”, diz Bloomberg. É preciso “um modelo baseado em evidências, centrado nos alunos, capaz de premiar desempenho e responsabilizar as escolas pelos resultados obtidos”.
Bloomberg não fala da boca para fora. Quando foi prefeito de Nova York, implantou uma ampla rede de escolas charter. Pesquisa da Universidade Stanford mostrou que seus alunos “ganham 63 dias de aprendizado a mais, em matemática, em relação aos alunos das redes tradicionais”. É um indicativo. Nenhum modelo é uma solução mágica. O que aparece aí é uma alternativa relevante, em linha com exemplos bem-sucedidos de parcerias público-privadas em curso no Brasil. O que definitivamente não adianta é bancarmos o avestruz, fazendo de conta que estamos para sempre condenados ao exclusivo modelo de monopólio estatal, cujos resultados já sabemos de cor.
Escolas estatais, no Brasil, atendem a 84% dos estudantes, com resultados bem abaixo da média americana, como nos mostra o PISA, a cada três anos.
Ainda assim, nos recusamos a pensar em alternativas. E elas estão aí. As inovações da reforma do Estado vão produzindo uma revolução, País afora. Parques ambientais e aeroportos vão sendo concedidos à gestão privada. Hospitais são gerenciados via PPPs, como nos mostra a Bahia, e instituições de excelência, como Einstein e Sírio-Libanês, gerenciam hospitais públicos, em São Paulo. Recentemente aprovamos o novo marco do saneamento básico, e assistimos a uma onda de investimentos privados no setor.
Na educação, estacionamos. Nos especializamos em diagnósticos sobre quanto nossos alunos não aprendem, fazemos testes sem consequência e apostamos sempre nas velhas soluções. O “é assim porque sempre foi”, na frase genial de Faoro sobre nosso tradicionalismo político, parece nos definir com triste precisão. Até quando, não sei.
Fernando Schüler é cientista político e professor do Insper.
Por Alexandre Sayad*: Para onde quer que olhemos hoje, há inteligência artificial. Nas redes sociais, sites, chatbots, no banco, no comércio e na educação. Mas as interfaces tecnológicas não são as únicas que se esbaldam nesse modelo de propósito geral: os bastidores da indústria, comércio, serviços e agropecuária sofrem transformações intensas. É a realidade do trabalho 4.0.
Além de programar, operar essa tecnologia tem exigido formação e desenvolvimento de novas habilidades e competências não somente no alto escalão das empresas; todos os trabalhadores se encontram numa encruzilhada de mudança na formação inicial e continuada, que alguns autores costumam comparar com aquela oriunda da Revolução Industrial.
Por um lado, os currículos regulares no mundo todo têm sofrido mudanças, tal qual as propostas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e o novo ensino médio, que procuram aproximar os conhecimentos e habilidades contemporâneas da realidade dos estudantes.
Mas há um campo pouco discutido e ainda cercado de mitos e preconceitos no Brasil: a educação profissional ainda carrega estigmas do passado e procura se reinventar para abraçar as demandas da inteligência artificial e seus derivados.
Enquanto por aqui a porcentagem de estudantes que cursam o médio juntamente com o técnico não chega a 20%, países da OCDE costumam ostentar números acima dos 70%. O desenvolvimento da matriz educacional brasileira costuma explicar essa disparidade.
Para começar, a educação superior nem sempre foi um horizonte visível a olhos nus para grande parte da juventude no Brasil. Por anos, o acesso a uma universidade pareceu distante e repetiu a história da educação básica até as últimas décadas do século passado: uma miragem para a população mais pobre, um oásis para quem tinha recursos.
Instrumentos de democratização de acesso, como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), vieram após uma expansão acelerada de faculdades no final da década de 1990, quando o mercado privado dominou boa parte da demanda reprimida. Instrumentos de avaliação tentaram controlar a qualidade dos cursos e mecanismos de financiamento para estudantes brotarem aos montes.
Por outro lado, a educação profissional e tecnológica, conhecida como EPT, foi sempre vista com desconfiança pelo mesmo público acadêmico. Para muitos educadores, trata-se de uma maneira superficial de responder a demandas do mercado de trabalho. Muitos não veem diálogo de seu currículo com as questões centrais da adolescência, ou com outros campos propedêuticos de importância para a formação humanista do indivíduo. Há para essa parcela de educadores um excesso de tecnicidade e crescimento profissional limitado do egresso.
Entretanto, é importante lembrar que durante muito tempo a ETP exerceu o papel fundamental de transformar vidas de famílias de baixa escolaridade cujos membros viam poucas possibilidades de adentrar ao ensino superior.
O ensino técnico promoveu mudanças sociais marcantes e rápidas para quem teve oportunidade de cursar. De maneira similar ao ensino médio regular, o profissionalizante também acabou por criar bolsões de excelência, sobretudo dentro do Sistema S (Sesi, Sesc e Senai).
Em outras palavras, não houve universalização de acesso, mesmo a indústria pressionando os governos por mais vagas – daí os números de baixa adesão apresentados no início do texto.
A própria indústria, o comércio e a agropecuária moldam os cursos de acordo com a demanda no mercado; agem muito proximamente às escolas, seja no fornecimento de equipamento ou na formação de professores e instrutores; encontrar uma oportunidade de emprego logo após a conclusão é algo comum para os estudantes. As empresas caçam talentos nas portas das escolas.
Hoje os dilemas e desafios da educação profissional encontram um terreno fértil para derrubar a imagem de formação “menos importante”. O novo ensino médio propõe um itinerário formativo específico que integra a formação profissional ao desenho regular – uma maneira de agregar o olhar propedêutico e humanista.
Por outro lado, quem saiu na frente nessa integração são as mesmas organizações do Sistema S que já primavam pela qualidade antes.
A tendência de unir ensino médio e formação profissional é global. A China, por exemplo, em 10 anos, colocou o equivalente quase à totalidade da população brasileira (170 milhões de jovens) dentro das escolas vocacionais, como são chamadas por lá.
A Rússia e a Europa promoveram recentes transformações e ampliações de sua educação profissionalizante. Para acelerar o processo, apostam em festivais, “hackathons” e outras competições nacionais (chamadas de “WorldSkills”) que estimulam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais que deem conta de tecnologias como a inteligência artificial.
A aceleração do uso de mídias digitais por conta da pandemia da covid-19 é ainda um novo elemento para compor o complexo desafio da profissionalização. Segundo uma recente pesquisa com 1.000 indivíduos acima de 18 anos, realizada pela GetCourse, edtech internacional, em conjunto com a plataforma Toluna, 48% deles realizaram cursos profissionalizantes em plataformas de e-learning. É uma questão de tempo e redução de desigualdade de acesso para essa realidade se aproximar dos adolescentes em formação profissional.
Em suma, é importante que a qualidade da educação profissional do Senai ou Sesi, ou Senac seja expandida em escala para as redes públicas – esse é um caminho que se vislumbra. Entretanto, é fundamental garantir diversidade e acessibilidade a toda a matriz de educação superior brasileira: da universidade aos cursos livres, passando pelos profissionalizantes. O jovem precisa cursar aquilo que cabe no seu sonho – e essa escolha deve ser exclusivamente dele.
Alexandre Le Voci Sayad é jornalista, educador, diretor da ZeitGeist e co-chairman da UNESCO MIL Alliance. Este artigo foi publicado originalmente na Plataforma Educação, o qual é colunista.
Dois terços das empresas pesquisadas usam IA e machine learning (ML) para criar experiências personalizadas para os clientes (Foto: Pexels)
from época negócios
As empresas da América Latina alcançaram um nível mais sofisticado de inovação. É o que mostra o estudo State of Innovation, realizado pela Visa em parceria com a Americas Market Intelligence (AMI), que mapeou processos de inovação de mais de 100 companhias da região. Segundo o levantamento, o percentual de participantes em estágio avançado de inovação teve a maior alta, subindo de 17% em 2020 para 23% no ano passado.
O contexto ajudou. Enquanto em 2020 o cenário da pandemia pedia uma rápida migração para serviços e canais digitais, em 2021 foi preciso fazer ajustes e trabalhar para solucionar as barreiras que atrapalham a digitalização. Por isso, tecnologias que melhoram a segurança e viabilizam experiências para os clientes passaram a ser as mais adotadas: biometria, tokenização e Inteligência Artificial (IA) para detecção de fraudes tiveram maior aumento no uso.
O Brasil lidera com mais de um terço das empresas mais inovadoras. No país, as companhias tendem a ter mais parcerias com startups. Além disso, elas também estão à frente por experimentarem tecnologias avançadas, como IA, tokenização e criptografia.
A pesquisa também revela características em comum das empresas mais inovadoras. Em geral, a inovação é descentralizada dentro da companhia, e está integrada à estratégia corporativa. Além disso, é promovida pelos executivos de C-level com equipes autônomas, o que as torna mais agéis. Cerca de 93% das empresas também dizem usar incentivos para promover a inovação de forma mais ampla.
Além disso, essas empresas revisam seus produtos e serviços atuais com regularidade, usando testes contínuos em tempo real e feedbacks dos clientes.
“As empresas mais inovadoras da América Latina têm uma qualidade em comum, que é o desejo de melhorar a jornada do cliente por meio de uma abordagem descentralizada e aberta. Seja resolvendo um desafio de mercado ou capitalizando uma oportunidade, elas estão em sintonia com as mudanças nas preferências do consumidor”, acrescenta Vanesa.
As tecnologias mais adotadas
Dois terços das empresas pesquisadas usam IA e machine learning (ML) para criar experiências personalizadas para os clientes. Além disso, as empresas têm adotado ferramentas de segurança avançadas para proteger informações sensíveis. Algumas das mais implementadas são IA para detecção de fraudes, tokenização e biometria, que em 2021 registrou o maior uso (74%) entre as empresas pesquisadas, sendo a autenticação facial a aplicação mais usada (63%).
Há também uma crescente descentralização dos serviços financeiros por meio de tecnologias como open banking, a ativação de tudo como um serviço (everything-as-a-service) e blockchain. Quase metade das empresas pesquisadas e 60% das mais inovadoras indicam que já estão desenvolvendo soluções de open banking.
As empresas estão cada vez mais interessadas em produtos cripto. No entanto, a implementação desses produtos continua limitada – apenas 8% das pesquisadas relatam algum grau de integração com criptomoedas. Porém, mais de um terço das empresas pesquisadas (34%) indicaram que estão desenvolvendo produtos cripto ou que os incluíram em seus planos estratégicos.
from formaretech
A gestão por competência é um método mais conhecido, mas nem sempre traz os resultados esperados. Nesse contexto de transformação digital e mudanças em todos os segmentos de negócio, uma nova metodologia surge: a análise por atributo.
Em qualquer cenário, o objetivo é alinhar as necessidades da organização e dos profissionais para formar times completos e de alto desempenho. Porém, como saber qual modelo é o melhor? Quais são as mudanças de um modelo para outro?
É o que vamos explicar neste post. Aqui, você entenderá o conceito de cada uma dessas abordagens e quais são as diferenças entre elas, além do uso do Instrumento de Assessment de Prontidão e Potencial (IAPP) para alcançar os melhores resultados na avaliação por atributo.
Então, que tal saber mais? Confira!
Afinal, o que é análise por competência?
A análise por competência é um método de gestão embasado em Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA). Muito conhecida no meio do RH, essa metodologia prevê a adoção de técnicas próprias para avaliar:
- saber teórico, isto é, o que é aprendido em cursos e leituras;
- saber fazer, ou seja, traduzir a teoria na aplicação prática;
- Saber agir, o que representa a tradução do conhecimento aplicado e as habilidades conquistadas em comportamentos observáveis.
Desenvolvida há mais de 40 anos, essa abordagem tem o objetivo de impulsionar o desenvolvimento do colaborador e a melhoria da performance. Isso é feito com base em competências-chave, como gestão de negócios, negociação, gestão de pessoas, comunicação e trabalho em equipe.
Apesar de suas contribuições e de estar consolidado, o CHA tornou-se defasado e obsoleto, pois não considera em sua essência a volatilidade e crescente velocidade das mudanças. Em tempos de transformação digital e organizações 4.0, a gestão por competências é inviável, porque analisa apenas a experiência de desempenho passados e, a partir disso, define os aspectos relevantes para cada posição e sua complexidade no futuro.
Atualmente, o novo contexto passou a impor outras circunstâncias, que são: Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo (VICA, também conhecido como VUCA). É nesse cenário que surge a análise por atributo, haja vista que o futuro deixou de ser uma projeção linear do passado para o longo, ou mesmo médio e curto prazo. Diante das rupturas econômicas, sociais, políticas e tecnológicas o a única certeza é de que o futuro será distinto do passado e de nossas melhores previsões. Mas, se tudo muda o tempo todo e isso não muda mais, como prever quais as competências necessárias naquele momento? Desista de tentar prever, mas prepare-se para o imprevisível. Para isso, busque identificar quais atributos asseguram que seus times terão a competência de desenvolver quaisquer que sejam as competências requeridas em um futuro desconhecido.
E qual o conceito da análise por atributo?
Os atributos contemplam disposições sociais, domínio de níveis de abstração e competências comportamentais observadas nos colaboradores nos desafios de suas atividades diárias. Hoje já é reconhecido que estes atributos são mais importantes que as habilidades profissionais, porque os conhecimentos teóricos são aprendidos, mas os subjetivos, associados a capacidade de ‘ler o cenário e identificar os sinais antes das consequências erem sentidas, são mais difíceis de serem colocados em prática.
Na verdade, o que acontece é que cada contexto exige determinados atributos do profissional. O objetivo, nessa análise, é identificar aqueles que se anteciparam e conseguiram perceber o cenário, ou seja, o propósito é reconhecer a prontidão e o potencial de um colaborador perante seus desafios, responsabilidades e percepções do ambiente organizacional e do contexto.
Para colocar essa metodologia em prática, é preciso avaliar a prontidão e o potencial do profissional. A partir disso, é possível interpretar suas responsabilidades, complexidades e desafios. O resultado é a agregação de valor ao negócio devido aos seis atributos de prontidão e aos outros seis de potencial. Reunindo todos eles, temos:
Prontidão: assegura entrega diferenciada na posição atual nos próximo 2 a 5 anos.
- conhecimento acumulado;
- determinação;
- disposição;
- engajamento;
- familiaridade com níveis superiores;
- própria prontidão;
Potencial: assegura entrega diferenciada em duas posições seguintes nos próximos 2 a 5 anos.
- agente de mudanças;
- agregação de valor;
- busca de referências;
- construção de vínculos;
- diferenciação e integração;
- trânsito entre níveis organizacionais.
Assim, a gestão por atributos sustenta o mapeamento e ao planejamento sucessórios, bem como a situações em que as organizações entendem potenciais mudanças de contexto, cenário, tecnologia e sociedade, exigindo resposicionamento, change management e transformações disruptivas no negócio.
Quais são as principais diferenças entre os dois métodos?
Os dois métodos se propõem a um mesmo propósito, mas utilizam caminhos bem diferentes para alcançar esse objetivo. Nesse contexto, a análise por atributo, aplicada segundo o método IAPP, é a melhor solução. Por considerar aspectos projetivos à luz dos movimentos disruptivos, admitindo e incoporando no método as variáveis de mudanças, oferece maior de precisão – 95% versus os 30% históricos da gestão por competência.
Por sua vez, a análise por competência avalia o desempenho passado para listar quais são relevantes em cada posição e de acordo com as diferentes complexidades em um futuro em movimento. Na medida que as competências desejáveis se alteram com as mudanças do espaço corporativo, os profissionais, apesar de desenvolverem tudo o que lhes foi planejado e exigido, passam a não se encaixar e, desta forma, seu desempenho questionado. Além disso, esse processo tem um mapeamento que leva até dois anos para ser feito e visa os próximos cinco a 10 anos.
O que acontece, na prática da gestão por competência, é usar os dois últimos anos para basear a performance dos cinco anos anteriores a fim de projetar os próximos cinco anos. Ficou difícil? Vamos explicar de maneira clara: em 2025 sua organização terá um gerente excelente para a organização de 2020. Ou ainda, há hoje gerentes prontos para serem superintendentes de sua realidade de 5 anos atrás. Percebe como o modelo está sob judici?
Esse problema é solucionado com a gestão por atributo. Nesse caso, a única certeza assumida é a de que o futuro será distinto, porque contará com novos desafios, tecnologias, dinâmicas e complexidades de mercado. Portanto, enquanto a competência objetiva o passado para se preparar para o futuro, os atributos identificam os profissionais a partir de um conjunto de recursos e resultados em razão do futuro e a ausência do controle sobre ele.
Com essa análise, é mais fácil absorver e incorporar os desafios futuros. Da mesma forma, torna-se mais simples desenvolver os requisitos que serão exigidas no futuro, ainda que desconhecido. Afinal, elas podem ser construídas, conforme já explicamos.
Como usar o método IAPP para fazer análises dos times?
O IAPP é um método completo que auxilia a realização da gestão por atributo. Esse método reúne diferentes técnicas e instrumentos que levam à análise, à avaliação e à sinalização do nível de:
- prontidão de um profissional para ocupar uma posição atual em períodos futuros;
- potencial dele para executar as atribuições de mais complexidade em velocidade superior ao histórico do mercado e da organização.
A fim de oferecer esse panorama, são analisados diferentes aspectos, como:
- raciocínio analítico e lógico;
- competências sociais, ou soft skills;
- coping e grit;
- portanto, grau de abstração e visão estratégica.
Esses elementos são observados a partir de diferentes técnicas, como discussão de casos reais e busca de consenso, entrevistas, role play em situações de crescente tensão. A finalidade, portanto, é executar um experimento de ciência comportamental a partir de cenários hipotéticos, mas prováveis da própria realidade do profissional e da organização, que permitem observar a construção de inferências, leitura de contexto, especulações e conjecturas, sólidas e plausíveis.
Essas situações são implementadas a partir de três principais etapas:
- avaliação cognitiva: contempla raciocínio analítico e lógico, e domínio do idioma português, inglês ou qualquer outro a que o profissoinal seja exigido atuar;
- dinâmica em grupo: envolve as soft & social skills, ou seja, articulação, influência e persuasão, construção de vínculos, negociação, os estilos de liderança e sua eficácia.
- assessment: abrange leitura do contexto, visão estratégica, inteligência emocional e resiliência, de maneria a recrutar em sua plenitude os recursos pessoais, além do coping e do grit. Isto é, resposta funcional e determinação na superação de desafios em situações de crescente tensão e complexidade;
Quando colocado em prática, o IAPP oferece vários benefícios, como uma abordagem mais inovadora e competitiva: o crescimento da precisão nas indicações feitas, velocidade nos resultados (em tempo real) que gera economia de tempo e recursos, além da facilidade na execução e geração de relatórios individuais, com níveis significativos de precisão e predição.
Com todo esse contexto, fica mais fácil entender a diferença entre a análise por atributo e por competência, bem como compreender a importância do IAPP, certo? A consequência é uma organização mais bem preparada, com times de alto desempenho e resultados ainda melhores.
O ensino a distância (EAD) tem crescido cada vez mais no Brasil. Em 2020, pela primeira vez na história, a quantidade de alunos que ingressaram no ensino superior nessa modalidade superou o total de calouros em cursos presenciais de graduação.
Dos mais de 3,7 milhões de ingressantes em 2020 (em instituições públicas e privadas), mais de 2 milhões (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) escolheu os presenciais.
Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e foram divulgados este mês pelo Ministério da Educação. Os números mostram uma tendência que já havia sido constatada no ano anterior, mas apenas na rede privada de ensino superior.
Segundo especialistas, alguns fatores explicam o crescimento, como a pandemia de Covid-19, a flexibilidade para acompanhar as aulas e os custos mais baixos do EAD para os estudantes.
“Já existia no mercado uma crescente dos cursos a distância, mas a pandemia, com certeza, foi o principal fator de aceleração desse dado. Com a incerteza da volta às aulas presenciais, muitos alunos optaram por começar uma graduação EAD, que além de não sofrer alterações, ainda conta com uma mensalidade mais acessível em relação ao presencial”, diz José Roberto Dantas, CEO do Amigo Edu, plataforma digital que conecta estudantes a bolsas de estudos.
Em entrevista à Agência EY, Dantas diz que os modelos de ensino devem se aprimorar cada vez mais e a tendência para os próximos anos é o ensino híbrido, a depender do curso escolhido pelo aluno.
“Cada vez mais, o futuro é proporcionar conteúdos e ambientes personalizados, e com foco no aluno. Por isso, o ensino híbrido faz sentido, pois oferece o melhor dos dois mundos: a flexibilidade do EAD e a prática do presencial”, diz Dantas, destacando que algumas carreiras, como na área de saúde, por exemplo, exigem muitas aulas presenciais e práticas.
Com o aumento do EAD, a inovação tecnológica terá um papel cada vez mais importante no ensino. “A tecnologia é essencial para a qualidade do ensino e aprendizado. Por isso, o investimento em plataformas mais dinâmicas, autoexplicativas e amigáveis para todos os dispositivos não é diferencial, mas sim uma preocupação de todas as instituições. Cada aluno aprende de uma forma diferente e a tecnologia precisa se adequar a isso”, afirma Dantas, lembrando que é importante acompanhar e apoiar o aluno nesse processo.
“Em relação ao acompanhamento dos alunos, já existem muitas instituições que oferecem dados móveis para que o aluno consiga assistir às aulas, por exemplo. Tal tipo de parceria possui forte potencial de beneficiar a todos.”
“Ainda que os efeitos da pandemia da Covid-19 e os seus reflexos na economia tenham impacto direto no avanço da EAD em 2020, não se pode deixar de destacar que a modalidade vem apresentando crescimento ano a ano, tendo alavancado 233,89% entre 2010 e 2020. No mesmo período, o ensino presencial cresceu apenas 2,30%”, pondera Paulo Chanan, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em documento da entidade em que faz uma análise dos dados do Inep.
Tente imaginar sua vida há 15 anos. Como você se locomovia? Como comprava? Como se alimentava? Como se relacionava com as pessoas? Agora tente trazer esses hábitos para a sociedade em que vivemos hoje. Você se vê ligando para pontos de táxi? Ligando para a casa de alguém?
Às vezes não conseguimos mensurar o quanto a tecnologia está enraizada na nossa rotina. Quando pensamos em um cenário pós-pandemia, percebemos que nossos hábitos de consumo se modificaram ainda mais, tornando nossa jornada de compra ainda mais digital.
De acordo com pesquisa recente realizada pela Samba Digital, após 2020 e todas as mudanças causadas pela pandemia do coronavírus, 45,7% das empresas brasileiras estão implementando uma estratégia de Transformação Digital. Esse movimento está alinhado com a necessidade de as corporações repensarem a forma de fazer negócios, visto que os consumidores estão mais sedentos por redução de atritos, processos mais ágeis e experiências extraordinárias com as marcas.
Cenário da Transformação Digital no Brasil
Passar pela jornada de Transformação Digital não é exclusividade de um ou dois setores. Todos os mercados vivem momentos de adaptação e pesquisa. Alguns chamam atenção pelo nível de maturidade, como o de serviços financeiros, varejo, e telecomunicações e tecnologia. Entretanto, podemos visualizar grandes passos em muitos outros.
A Educação, por exemplo, foi um setor que sofreu grande impacto, com o fechamento das instituições de ensino. Foi necessário se adaptar à nova rotina e às necessidades de pais, alunos e professores. Assim, conseguimos ver escolas adotando modelos híbridos; o Ensino à Distância ganhando ainda mais força; e diversas instituições reformulando a grade de disciplinas, introduzindo a tecnologia. Os impactos positivos dessas ações foram sentidos em toda a cadeia produtiva, desde os produtores de conteúdo, as plataformas de distribuição e armazenamento de vídeos.
Toda essa mudança é apenas o início do que podemos esperar para os próximos anos. Ainda de acordo com a pesquisa da Samba Digital, 62% das empresas pretendem investir entre 10% a 30% do orçamento em Transformação Digital no ano de 2021 e as projeções para os próximos meses são ainda melhores. Com isso, acredito que nos próximos 5 anos, todos os negócios terão passado, pelo menos, por alguma etapa da TD.
Fundamentos da Transformação Digital desde o pequeno à grandes indústrias
Em 2020, após o ápice da pandemia, a China alcançou a marca de 40% do PIB relacionado à economia digital. Segundo a China Academy of Information and Communication Technology (CAICT), um órgão público ligado ao Ministério da Ciência no país, esse é o maior patamar já alcançado e, só foi possível graças a uma infraestrutura digital avançada.
O cenário brasileiro ainda é um pouco distante, porém existem lições valiosas que podemos aprender com esse case. A primeira é que precisamos ser ágeis em alguns fundamentos da Transformação Digital, para conseguirmos resultados expressivos como o da China.
Um dos fundamentos mais importantes é a inserção das pessoas na jornada de TD. Embora a tecnologia seja imprescindível em qualquer empresa digital, é a motivação e o propósito dos colaboradores diariamente que detêm a chave para o sucesso ou para o fracasso dos negócios.
Também não podemos esquecer da criação de uma mentalidade digital e de dados, voltada para resolver problemas de um mundo cada vez mais digitalizado e com mais informações sobre todas as pessoas. No que é chamado de “novo normal”, se torna essencial fomentar essa forma de pensar, de modo a reduzir atritos, ganhar escala e velocidade na tomada de decisões.
Com esses dois itens bem estabelecidos, qualquer empresa pode dar os próximos passos, estabelecendo uma rotina centrada no cliente e em como resolver, de forma simples, suas necessidades.
A importância da redução de atritos para o consumidor
Todo o esforço para uma empresa se tornar digital tem apenas um objetivo: fornecer soluções mais assertivas e que facilitem a vida do consumidor de forma personalizada. Toda empresa digital deve ter o foco no cliente e estar próximo a ele, compreendendo seus objetivos e dores.
Em um mundo pós-pandemia, isso não é diferente. As pessoas, de um dia para o outro, tiveram suas vidas totalmente modificadas e não sabiam como reagir em determinadas situações. As empresas que reagiram de forma rápida, conseguiram abocanhar grande parte do mercado e conquistar a fidelidade dos consumidores.
Um exemplo disso é a Ambev, criadora do Zé Delivery, aplicativo de entrega de bebidas. O app foi criado em 2016, porém, com o fechamento dos bares e restaurantes, ganhou força em todo o território nacional. Para se ter uma ideia, entre março e abril de 2020, o app realizou mais transações do que em todo o ano de 2019. O aumento do consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia fez com que a Ambev inaugurasse a primeira fábrica de latas, com produção de 1,5 bilhão de itens ao ano.
Outro grande passo dado durante a pandemia e que deve permanecer é a Transformação Digital no setor público. A tendência é que, cada vez menos, a população precise se deslocar a um balcão físico para resolver alguma pendência. Já podemos ver grandes passos no INSS, por exemplo, onde já é possível entrar com um pedido de aposentadoria pelo app, sem a necessidade de comparecer a uma agência. Sem falar na prova de vida digital, que vai facilitar a rotina de milhões de aposentados em todo o país.
Antigamente, o aposentado tinha que comparecer regularmente ao órgão pagador, normalmente os bancos, para confirmar que está vivo e continuar recebendo seu benefício. A prova de vida digital faz essa apresentação e identificação por meio de tecnologias de biometria facial em dispositivos móveis.
Podemos dar inúmeros exemplos de tecnologias facilitadoras que não vão perder espaço ao longo dos anos. O segredo de todas elas é a criação de experiências únicas incríveis, personalizadas para cada usuário. Poder resolver uma dor, sem sair de casa e sem burocracia, causa um grande impacto na rotina das pessoas e ser a causadora disso, torna a empresa parte da vida do seu cliente.
O anywhere office e o novo mercado de trabalho
Nós já sabemos que o trabalho remoto e o modelo híbrido vieram para ficar. Essa migração, que vinha sendo protelada há anos, se tornou regra do dia para noite e, tanto empresas quanto colaboradores, foram obrigados a adequar-se. No vocabulário popular, todo mundo estava “trocando o motor do avião durante o voo”.
Após mais de 18 meses, o trabalho remoto já não causa tanto desconforto para algumas pessoas. Já as empresas vivem problemas diferentes, como a contratação de times de tecnologia e gestão das equipes.
O anywhere office possibilitou a contratação de pessoas em qualquer lugar do mundo trazendo mais diversidade para as equipes, mas também alguns obstáculos, como a manutenção do clima organizacional, aplicação da cultura e até mesmo mensurar a motivação e produtividade do time.
Mais uma vez a tecnologia tem se tornado aliada dos gestores, por meio de ferramentas que acompanham a produtividade dos colaboradores e identificam possíveis gargalos relacionados ao processo ou colaboradores que não estão sendo tão produtivos quanto o resto da equipe. Além disso, esses softwares também fazem gestão de clima; humor; realizam assessments que podem resultar em planos de desenvolvimento e outras funções que tendem, se não suprir, pelo menos minimizar os impactos negativos da distância.
Com a alta procura por soluções digitais o mercado de profissionais ligados à tecnologia, está vivendo um momento de oportunidades ímpares. Segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais de TI pode chegar a 260 mil até 2024. Com a tendência de que todas as empresas se tornem polo de tecnologia, o cenário se torna ainda mais preocupante, visto que a demanda tende a aumentar.
Algumas medidas já vêm sendo testadas para minimizar o impacto dessa carência de profissionais. Uma das mais famosas é da Trybe, uma escola de programação em que os alunos só pagam o valor do curso após conseguirem uma colocação profissional. Mais de mil alunos já participaram do programa, concluindo estudos em áreas que possuem alta demanda, como programação, BI e outros.
A Digital House é outra edtech que tem se destacado na formação de profissionais. Eles oferecem diversos cursos de programação, marketing, UX, dados e negócios, além de uma vertical exclusiva para capacitação de equipes. Também não podemos deixar de fora o programa de mais de 30 mil bolsas para formação em linguagens de programação. A iniciativa é da Take Blip e a formação é online, gratuita e sem pré-requisitos para a participação.
O mercado de trabalho, principalmente para profissões ligadas à tecnologia e aos negócios, está aquecido e as empresas precisam criar diferenciais para atrair os melhores talentos. Porém, esse é um dos grandes desafios enfrentados pelas organizações que participaram da nossa pesquisa de TD (23%).
O PaaS (People-as-a-Service) surgiu, justamente, para suprir esse gap do mercado. Estamos falando da contratação de mão de obra especializada para planejar, executar ou promover consultoria para um projeto específico. A oferta é muito semelhante a de outsourcing de TI, porém enquanto a terceirização tem foco em redução de custos, o People-as-a-service tem como objetivo contar com expertises e skills que ainda não fazem parte do capital intelectual da empresa. Isso permite acelerar o time-to-market e reduzir o backlog de desenvolvimento.
A alocação de squads virtuais também é outra vertente que tem ganhado força e demonstra bons números. Isso porque o modelo de trabalho permite mais agilidade operacional e alocação de times multiprofissionais em diferentes demandas.
O modelo, que ficou famoso após anúncio de que o Spotify era adepto da forma de trabalho, baseia-se na divisão dos colaboradores em pequenos grupos multidisciplinares, para trabalhar em um projeto ou objetivo específico.
Transformação Digital e a tomada de decisões
Para realmente estar em uma jornada de TD, as empresas precisam de agilidade na tomada de decisão e execução dos projetos, para que consigam se diferenciar da concorrência e, de fato, promover a inovação. Não é novidade dizer que a análise de dados é essencial para uma tomada de decisões mais assertiva. Porém, engana-se quem pensa que os dados são o futuro. Eles já são o presente para inúmeras empresas.
O maior e mais bem sucedido case de Big Data Analytics é a Netflix, que faz uma série de recomendações de conteúdos baseado no seu histórico. O resultado é tão bom que você passa mais tempo na plataforma, consumindo novos conteúdos e se torna mais dependente da Netflix, pensando duas vezes antes de cancelar o serviço de streaming.
Agora reflita comigo: os consumidores estão cada vez mais digitais, deixando milhares de dados disponíveis nas plataformas e redes sociais. Correto? Muitas vezes esses dados estão disponíveis para sua empresa, mas nem sempre eles são coletados ou processados. Certo?
Ao não fazer bom uso de todas essas informações, sua empresa está desperdiçando um recurso valioso, pois são dados oferecidos pelos próprios consumidores e que podem ser úteis para segmentação de ofertas, criação de novos serviços e uma infinidade de possibilidades.
Vale lembrar que no Brasil já está em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados, que regulamenta a coleta, armazenagem e processamento de dados pessoais e que todas as iniciativas empresariais devem se adequar à norma.
Entretanto, poder desfrutar de um atendimento omnichannel, fazer compras de supermercado sem sair de casa, entre tantas outras facilidades, nos leva à uma praticidade em nosso estilo de vida tão corrido, que disponibilizamos os nossos dados para obter estes benefícios, e isso é fruto da evolução da transformação digital nas companhias.
Felizmente vemos o avanço da vacinação em todo o mundo, o que nos traz esperança de dias melhores para a economia mundial, especialmente para setores que foram brutalmente impactados pela pandemia. Entretanto devemos estar cientes que os últimos meses causaram mudanças no comportamento da população que são irreversíveis.
Claro que novidades surgem a todo momento, porém o foco no cliente, na resolução dos problemas dele e na geração de experiências incríveis deve permanecer. Essa é uma jornada em que já que temos provas concretas de que a Transformação Digital é o único caminho para sobrevivência em um mercado pós-pandemia.
Este artigo foi produzido por Gustavo Caetano, CEO da Sambatech e Samba Digital, e colunista da MIT Technology Review Brasil.
O propósito do iFood é alimentar o futuro do mundo. E, para nós, alimentar esse futuro vai muito além de entregar comida. Para quem quer chegar mais longe, o alimento é a Educação.
Enxergamos Educação como uma das principais alavancas que vão fazer a diferença para construir o Brasil que queremos: um país mais próspero, com uma educação pública de qualidade, com oportunidades de aprendizado que preparam novos talentos para o futuro do trabalho e que oferece oportunidades inclusivas para inserir todos e todas em um mercado global competitivo, principalmente no setor de tecnologia.
Mas por que o iFood investe em educação? A situação estrutural da educação brasileira é muito grave. O Brasil figura entre os 20 piores países no ranking da principal avaliação internacional de educação, o Pisa, com destaque principal para a baixa performance nas áreas de Ciências e Matemática.
A pandemia e seu agravamento acenderam um alerta vermelho sobre o atual sistema educacional do país, sendo que a infraestrutura para estudo remoto ainda é um gargalo para milhões de pessoas.
Além disso, o Brasil é um dos países que menos forma profissionais nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, áreas essenciais para a preparação de talentos, e isso já se reflete no apagão tecnológico no mercado de trabalho, onde a contratação de profissionais na área de tecnologia se torna um desafio imenso para as empresas.
O iFood entende que é necessário que as empresas contribuam para os desafios apresentados na Educação do país, visando mudar esse cenário. Por isso, se compromete em contribuir para três principais frentes até o ano de 2025:
- Formar e empregar 25 mil pessoas de públicos sub-representados em tecnologia, contribuindo para a redução do apagão tecnológico no Brasil.
- Capacitar por meio da tecnologia, preparando mais de 5 milhões de pessoas em 5 anos para o trabalho do futuro e empreendedorismo.
- Incentivar a educação básica, impactando 5 milhões de pessoas, desenvolvendo e fomentando STEM (Matemática, Ciências, Engenharia e Tecnologia) em redes de educação pública.
Nos comprometemos em combinar tecnologia, inovação e pessoas para transformar a Educação no Brasil. Vamos conectar necessidades com soluções, formar pessoas de grupos sub representados em tecnologia e conectá-las com oportunidades do mercado.
Dentro dessa frente, temos mais de 7 parceiros fechados, ofertando cursos de formação em carreiras diversas de tecnologia, como Cubos Academy, Reprograma, Rocketseat, Kenzie, Let’s Code, WoMakers Code e Resilia.
Com a Resilia, por exemplo, já formamos 29 pessoas, sendo que 27 delas foram empregadas após o curso. Além disso, o iFood lançou em outubro a plataforma do Potência Tech, que oferece cursos gratuitos, bolsas de estudo, auxílio financeiro e vagas de emprego em tecnologia.
1.600 bolsas de formação em tecnologia para pessoas de perfis sub-representados e 100 alunos formados e 64 empregados na área de tecnologia até o momento.
Futuro do trabalho
Para o futuro do trabalho, queremos que planos e sonhos decolem e mais oportunidades sejam criadas. Da educação financeira de um dono de um pequeno restaurante a uma carreira em tecnologia para entregadores, vamos usar todo o nosso ecossistema para transformar realidades.
Por exemplo, por meio de programas de formação a rede de parceiros, com trilhas específicas para entregadores, empreendedores e funcionários de estabelecimentos parceiros e familiares para contribuir para aprendizagem de novas habilidades. Em parceria com a Niduu, o iFood tem sua própria plataforma de cursos de aprendizagem rápida, o iFood Decola, que já alcançou mais de 110 mil parceiros.
O iFood também possui conteúdos em parceria com a Escola Conquer, SEBRAE e SESI, com foco em donos de restaurantes e entregadores. Ao todo, já são mais de 106 mil pessoas engajadas em cursos e 53 mil certificações. Por sua vez, para atender grupos sub-representados, temos parceria com o instituto PROA, com mais de 4 mil alunos.
Educação pública
Acreditamos que só a educação de qualidade permite mais e melhores escolhas. Não por acaso, um dos nossos objetivos é unir quem pode ensinar e quem quer aprender.
Para incentivar a rede pública de ensino, o iFood está investindo na expansão do Aprendizap, ferramenta tecnológica gratuita desenvolvida pela Fundação 1bi para mitigar as desigualdades na oferta de educação a distância.
O Aprendizap já impacta mais de 150 mil alunos e professores, com trilhas para os Ensinos Fundamental e Médio, desenvolvidas em parceria com Nova Escola e Fundação Lemann. São quase 1.500 aulas, que podem ser usadas gratuitamente por alunos de todo o Brasil.
O iFood também está investindo em organizações de referência em Educação, como o Todos pela Educação e parcerias com a SEDUC-SP (Secretaria de Educação do Estado de SP), à qual estamos apoiando na revisão da grade curricular do Ensino Médio por meio do Instituto Reúna, visando fomentar STEM.
E o mais importante: acreditamos que a transformação só acontece com uma grande mobilização da sociedade como um todo. Por isso, convidamos você para participar também dessa transformação pela educação! Vamos juntos?
Renata Citron - Head de Educação e Tech / Luanna Luna - Gerente de Impacto Social e Danielle Guastalle - Analista de Performance
A invasão militar russa do território da Ucrânia tem dominado os noticiários e as redes sociais nos últimos dias. Imagens de explosões, mortos e da resistência ucraniana circulam rapidamente, junto com cenas emocionantes de milhares de cidadãos comuns tentando cruzar as fronteiras com a Polônia, a Hungria e a Romênia em busca de segurança. Esses conflitos de grandes proporções afetam obviamente todos os setores de um país; em meio à guerra, todos os aspectos da vida ficam comprometidos, do transporte à saúde pública, do abastecimento das cidades às comunicações. Mas como as guerras afetam a educação? Discuto aqui três canais por meio dos quais as guerras impactam estudantes, do curto ao longo prazo.
O primeiro canal por meio do qual uma guerra afeta a educação é a suspensão das aulas. Trata-se do mecanismo mais conhecido, sobretudo depois de dois anos de pandemia e todo o debate público e científico acerca das perdas e defasagens causadas pelo fechamento das escolas e a migração acelerada e sem preparo para a educação remota. Assim, além de lidar com os efeitos da pandemia, é plausível esperar que parte significativa das 7,5 milhões de crianças e adolescentes ucranianos tenham comprometidas sua alimentação, socialização, saúde mental e emocional, bem como suas aprendizagens, posto que muitas escolas foram fechadas em 21 de fevereiro último em função da agressão russa.
No caso particular da Ucrânia, o quadro educacional já vinha comprometido por conflitos há mais tempo. Segundo a organização não-governamental Save the Children, que atua na proteção dos direitos das crianças e adolescentes em todo o mundo, desde 2014, quando da anexação da Crimeia pela Rússia, mais de 750 escolas foram destruídas, danificadas ou forçadas a fechar em função do conflito. Ainda de acordo com essa ONG, desde a semana passada outras escolas e orfanatos foram bombardeados e mortes de crianças e professores foram confirmadas.
A intensidade e a magnitude dos impactos causados pela suspensão das aulas dependerão, é claro, do período enquanto durar o conflito e as escolas permanecerem fechadas ou funcionando de forma intermitente. Interessa notar, nesse caso, que dificilmente será possível estabelecer sistemas de educação remota, porque o setor de telecomunicações costuma ser um alvo prioritário em todo conflito militar. Os efeitos também serão diferentes entre os estudantes e professores que ficarem na Ucrânia e aqueles que conseguirem refúgio em outros países. Até o dia 1º de março, as Nações Unidas estimavam em mais de 600 mil as pessoas que já haviam abandonado a Ucrânia, apenas seis dias depois de iniciada a invasão russa. Para ambos, contudo, aspectos como socialização e alimentação poderão ser profundamente comprometidos, bem como a saúde mental.
Isso nos traz ao segundo canal por meio do qual as guerras afetam a educação e as perspectivas futuras de crianças e adolescentes. Trata-se da saúde física e emocional das crianças, que por sua vez afetam seu desenvolvimento na vida adulta. Por exemplo, um estudo recente estima que cerca de 25% dos sobreviventes a tragédias naturais de grande porte, como terremotos, desenvolvem síndrome de estresse pós-traumático (SEPT), sem contar outras enfermidades psicossociais e comorbidades. A literatura especializada aponta que conflitos armados afetam um percentual ainda maior de crianças e adolescentes. Por exemplo, uma meta-análise publicada no British Journal of Psychiatry selecionou os 62 melhores estudos a partir de um universo de 1210 artigos e livros publicados sobre esse tema entre 1980 e maio de 2009 e identificou que, em média, 36% das crianças e adolescentes expostos a traumas significativos desenvolvem sintomas de SEPT. Ainda que os próprios autores dessa meta-análise reconheçam que essa estimativa possa ser questionável, dadas as metodologias e universos amostrais distintos utilizados nos estudos revisados, parece plausível supor que o percentual da população afetada pelo rompimento da barragem em Brumadinho situa-se entre 25% e 36% do total, o que exige uma resposta contundente do poder público, dadas as consequências negativas que SEPT tem sobre as pessoas e, por conseguinte, sobre as seu rendimento escolar, produtividade no trabalho, renda na vida adulta, desenvolvimento de outras enfermidades.
Ainda nesse canal da saúde e suas implicações futuras, uma análise dos impactos da guerra civil nigeriana (1967-1970), publicada na American Economic Review, mostrou que a privação nutricional derivada da fome (em parte agravada pela guerra) afetou a estatura e também a renda futura de todas as crianças do sexo feminino, que tinham até 16 anos de idade durante o conflito. O estudo complementa, em vez de contestar, os estudos de Heckman e Cunha, que mostraram a crucialidade dos investimentos no desenvolvimento infantil precoce, pois chama a atenção para a segunda janela de oportunidades para desenvolvimento individual que se abre na adolescência (período de uma segunda onda de aumento da estatura). Isso porque os autores demonstraram que as adolescentes (13 anos ou mais) privadas de nutrientes durante a guerra tiveram sua estatura diminuída vis-à-vis coortes não expostas à guerra e às privações nutricionais com maior intensidade do que a observada entre crianças menores de 12 anos (incluindo aquelas ainda em estágio fetal).
Diferentemente do que já foi encontrado nos Estados Unidos e no Reino Unido, onde menor estatura na vida adulta derivada de privação nutricional na primeira infância tende a resultar em menores salários (porque privação nutricional nessa faixa etária reduzi desenvolvimento físico, cognitivo e emocional), no caso da Nigéria (Biafra), os autores encontraram maior impacto sobre rendimentos entre as que eram adolescentes durante o conflito, talvez em função da maior importância do trabalho manual em países pobres. De qualquer forma, o fato é que eventual comprometimento nutricional das crianças ucranianas afetadas pela guerra impactará seu desenvolvimento cognitivo, emocional e físico, podendo resultar em perspectivas de emprego e renda futura menores do que a que observariam sem os efeitos do conflito.
Por fim, discutamos um terceiro canal por meio do qual as guerras afetam a educação. Diferentemente dos anteriores, aqui tratamos a guerra como objeto de estudo, como conteúdo didático. O conhecido ditado “a História é escrita pelos vencedores” é só parcialmente verdadeiro, como sabemos desde a escola dos Annales. Mais importante é o fato de que, quando se trata de conflitos entre nações, vencedores e perdedores cada qual contam a história segundo suas lentes. Por exemplo, dificilmente uma Rússia vencedora desse conflito o tratará como uma agressão, mas antes como uma medida de autodefesa. Por sua vez, a Ucrânia, vencedora ou não, certamente tratará como uma agressão brutal à sua soberania, como uma violação do direito internacional público e poderá enfatizar mais a cooperação ou a frustração com o apoio que receberá do Ocidente. Olhando para nossa experiência, é fascinante ler historiadores brasileiros e paraguaios que se debruçaram sobre a Guerra do Paraguai que, aliás, no país vizinho, chama-se de Guerra da Tríplice Aliança.
Em algum momento, a invasão russa virará história. Como ela será contada depende do desfecho do conflito, mas também de como ele transcorrerá. Por outro lado, dependerá também de que país cada um quererá retratar e construir – a educação pública é, afinal, o principal e maior mecanismo de conservação da ideia que uma nação quer construir sobre si mesma. Que caminhos tomarão russos e ucranianos? Quando o conflito virar história e entrar nos livros didáticos, eles buscarão construir uma educação para a paz e o convívio respeitoso, ou alimentarão mais ressentimentos e hostilidades? Por enquanto, é impossível dizer, cabendo-nos torcer para que esse conflito chegue ao fim o mais rapidamente possível e com o menor número de perdas – de vidas, de perspectivas, de sonhos e de futuros.
João Marcelo Borges é pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas. Foi diretor de Estratégia Política do Todos Pela Educação (2018-2020), Consultor Sênior e Especialista em Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (2011-2018), além de ter ocupado cargos de direção no governo do estado de São Paulo e de gerência no Ministério do Planejamento. Idealizador e cofundador do Movimento Colabora Educação, é mestre em economia política internacional, pela London School of Economics, onde estudou como bolsista Chevening, do governo do Reino Unido.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.