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por Beitech . - domingo, 30 jan 2022, 19:33
Todo o mundo


From Fernando Veloso - blogdoibre.fgv.br 

A melhoria da educação contribui para uma inserção mais produtiva da população no mercado de trabalho, o que se manifesta de diversas formas, como aumento do salário e maior probabilidade de obtenção de um emprego formal. Este deveria ser um tema central nas eleições. 

A melhoria da educação é fundamental para o desenvolvimento econômico, na medida em que aumenta o capital humano dos trabalhadores e facilita a criação e absorção de novas tecnologias. Além disso, contribui para uma inserção mais produtiva da população no mercado de trabalho, o que se manifesta de diversas formas, como aumento do salário e maior probabilidade de obtenção de um emprego formal.

Diante da relevância do tema, analisei recentemente (em coautoria com Fernando de Holanda Barbosa Filho e Paulo Peruchetti) a contribuição da educação para as mudanças ocorridas no mercado de trabalho brasileiro desde o início da década de 1990.[1]

Desde 1992 tem havido uma profunda mudança na composição educacional da população ocupada, com reduções significativas dos grupos menos escolarizados (0 a 4 anos e 5 a 8 anos de estudo) e aumento sistemático da participação dos grupos mais escolarizados (12 a 15 e 16 anos ou mais de estudo). Em consequência, a escolaridade média da mão de obra aumentou de 6,4 anos de estudo em 1992 para 11,2 anos de estudo em 2020. Atualmente, mais de 60% dos trabalhadores já concluíram pelo menos o ensino médio, dos quais pouco acima de 20% completaram o ensino superior.

Um exercício que realizamos indicou que a melhora na composição educacional da mão de obra foi fundamental para a redução de 9,4 pontos percentuais (p.p.) da taxa de informalidade observada entre 1992 e 2020. Na ausência desta melhora, a taxa de informalidade teria tido um expressivo aumento de 6,5 p.p., passando de 55,7% para 62,2%.

Isso ocorre porque a taxa de informalidade declina com o aumento da escolaridade, caindo de uma faixa próxima a 80% no caso da categoria com escolaridade entre 0 e 4 anos de estudo para algo em torno de 20% dentre os trabalhadores com 16 ou mais anos de estudo.

O rendimento do trabalho também aumenta com a escolaridade, especialmente quando o trabalhador tem ensino superior completo, que tem remuneração média quase três vezes maior que a de um trabalhador que apenas concluiu o ensino médio.

Por isso, a melhora na composição educacional da mão de obra foi fundamental para o aumento de renda observado entre 1992 e 2020. Em particular, enquanto o crescimento da renda ao longo de todo o período analisado foi de 1,9% a.a., o aumento do rendimento sem melhoria na composição educacional teria sido de apenas 0,3% a.a.

Um resultado mais surpreendente é que a mudança na composição educacional da mão de obra teve impacto praticamente nulo sobre a dinâmica da taxa de desemprego desde o início da década de 1990. Isso se deve ao fato de que, embora trabalhadores com ensino superior completo apresentem a menor taxa de desemprego, a segunda taxa mais baixa é a de trabalhadores com menos de 4 anos de estudo.

Analisando em mais detalhe as razões para essa baixa taxa de desemprego entre trabalhadores de escolaridade muito baixa, constatamos que isso decorre do fato de que o grupo de 0 e 4 anos de estudo tem a menor taxa de participação no mercado de trabalho. Ou seja, grande parte desses trabalhadores sequer procura emprego, o que faz com que não sejam contabilizados na taxa de desemprego.

Outra evidência da importância da educação no mercado de trabalho foi revelada pela pandemia de Covid-19, que afetou principalmente os trabalhadores de baixa escolaridade. Em 2020, houve redução de 18,2% das ocupações de trabalhadores sem instrução e com ensino fundamental incompleto. Outro grupo muito atingido foi o de trabalhadores com ensino fundamental completo e ensino médio incompleto, com queda de 13,9%. Embora menor, a redução das ocupações de trabalhadores com ensino médio completo e superior incompleto também foi expressiva (-5,7%). Por outro lado, houve aumento de 5,0% no número de ocupações de trabalhadores com ensino superior completo.

Embora trabalhadores com escolaridade mais baixa sejam em geral mais atingidos em recessões, esse padrão foi exacerbado na pandemia pelo fato de que as ocupações tipicamente exercidas por trabalhadores com menor escolaridade, como serviços de hospedagem e alimentação, têm menor potencial de serem exercidas de forma remota.

Em outro artigo com Fernando de Holanda Barbosa Filho e Paulo Peruchetti, calculamos o potencial de trabalho remoto para diferentes níveis de escolaridade.[2] Trabalhadores sem instrução ou com o fundamental incompleto podem ser deslocados para o trabalho em casa em somente 1,5% dos casos. Trabalhadores com fundamental completo e médio incompleto veem esta possibilidade subir para 4,6%, enquanto que trabalhadores com o médio completo e superior incompleto podem realizar trabalhos remotos em 14,8% dos casos. Já os trabalhadores com ensino superior completo possuem mais de 52,9% de potencial de migrar para o trabalho em casa.

Em resumo, a educação tem um papel fundamental para uma inserção produtiva da população no mercado de trabalho. Este deveria ser um tema central nas eleições deste ano.



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    From Tatiany Melecchi (mestre em Marketing pela Massey University, Nova Zelândia).

    Pelo quarto ano consecutivo, Cindy Huggett, pesquisadora e autoridade mundial no tema Treinamento Virtual, realizou uma pesquisa global sobre este assunto com líderes de diversas organizações. A pesquisa The State of Virtual Training visa analisar as melhores práticas, percepções e recomendações sobre treinamento virtual ao redor do globo.

    The State of Virtual Training 2022 traz insights, tendências e recomendações específicas que podem ser implementadas por sua organização.

    Essa última pesquisa teve mais de 700 participantes e foi conduzida no período de julho a outubro de 2021. Os resultados estão disponíveis no site: https://www.cindyhuggett.com/blog/2022sovt/

    Impacto COVID-19

    Quase todos os entrevistados (91%) disseram que suas organizações têm aplicado mais treinamento virtual nos últimos dois anos devido ao isolamento social causado pela pandemia.

    Com base em pesquisas recentes da ATD – Association for Talent Development, 88% das organizações planejam manter os mesmos níveis de investimentos com treinamento virtual em 2022. Baseada nestas pesquisas, a autora conclui que “o treinamento virtual continuará sendo um método de aprendizagem de escolha para a maioria das organizações”.

    Em 2021, a novidade foi a modalidade de treinamento híbrido — aqueles que engajam os participantes presenciais e remotos no mesmo conteúdo simultaneamente. 62% dos entrevistados disseram que suas organizações já estão oferecendo ou planejam oferecer esse formato em breve.

    Na nossa experiência prática, o treinamento híbrido funciona muito bem. Em 2021, nós conduzimos vários workshops com os líderes de Marketing, Vendas e P&D presentes conosco em estúdios e a força de vendas e áreas de suporte remotas.

    Duração

    A maioria das aulas virtuais permaneceram em torno de 60 minutos (semelhante aos resultados de pesquisas dos anos anteriores). No entanto, um número muito maior do que o esperado (29%) disse que seus treinamentos virtuais têm mais de duas horas de duração. Este é um aumento substancial em relação ao relatório do ano passado (19%) e foi quase insignificante no ano anterior. Nesses casos, a autora indica que para melhorar os resultados de aprendizagem e engajamento dos participantes, os workshops presenciais devem ser transformados e reorganizados quando transferidos para a modalidade on-line.

    Uma parte específica do conteúdo pode ser aprendida de forma assíncrona, com colaboração, estudos de casos, games e discussões significativas em aulas virtuais. Na nossa experiência, temos resultados expressivos de treinamento on-line e híbridos de um dia (ou mais), com os participantes movendo-se entre atividades síncronas e assíncronas ao longo do programa, com o uso de ferramentas e atividades colaborativas e práticas.

    A autora complementa: “Reprograme intencionalmente suas experiências de aprendizado para maximizar o tempo dos participantes na sala de aula virtual. Invista em recursos de design de aprendizagem e aumente o engajamento”.

    Quantidade ideal de participantes no virtual

    A pesquisa aponta que a maioria das aulas virtuais (83%) ainda tem menos de 25 participantes. E apenas, 7% têm mais de 50 participantes.

    Na opinião de Cindy Huggett, “só porque você pode colocar mais pessoas em uma sala de aula virtual, não significa que você deve. O número certo de participantes depende dos resultados do programa que você está tentando alcançar”.

    Nos últimos dois anos desta pesquisa, ela também perguntou: “Qual das opções a seguir se alinham mais a sua definição de treinamento virtual?”

    Cerca de 15% escolheram “apresentação com um ou mais palestrantes” e 80% escolheram “aula de treinamento interativo”. A maioria das respostas restantes disse que são os dois ou é uma combinação dos dois.

    Quando vejo esses dados, eu lembro dos insights do livro “Telling Ain’t Training” (Falar não é treinar, em tradução livre) do autor Harold D. Stolovitch e me questiono se as organizações confundem suas inúmeras apresentações com aprendizagem. Cindy Huggett ainda adiciona que “uma coisa é incluir aulas em vídeo em um programa de aprendizagem combinada, outra é substituí-los pelo treinamento prático”.

    Webcams

    O uso de vídeo continua a crescer nas aulas de treinamento virtual. 70% dos entrevistados disseram que estão usando mais webcams do que nos anos anteriores. 83% dos facilitadores usam câmeras digitais (60% o tempo todo, 23% em pelo menos parte da aula) e 64% dos participantes as usam pelo menos parte do tempo.

    Não uso da webcam

    Quando questionados sobre os motivos do não uso, as preocupações com largura de banda foi o motivo nº 1 citado (4%), seguido por restrições organizacionais e que alguns participantes ainda não estão equipados com webcams.

    Fadiga do vídeo

    A fadiga do vídeo também está aumentando, portanto, é importante estar atento ao uso da webcam. Por exemplo, ative-os para conversas e discussões em grupo e, em seguida, desligue-os durante outras atividades. Além disso, compartilhe técnicas para evitar o cansaço, como ocultar sua visão própria e usar o botão mudo quando não estiver falando para obter privacidade adicional.

    Tempo de Desenvolvimento

    Uma pergunta frequente entre os profissionais de T&D é quanto tempo leva para desenvolver uma hora de treinamento virtual interativo. Em 2009, a carga horária era de 69 horas. Uma atualização de 2017 relatou 28 horas. E no início deste ano, uma pesquisa atualizada por Robyn Defelice, consultora e estrategista de aprendizagem e performance, apontou 55 horas.

    Na pesquisa deste ano, embora a tendência aponte para queda em relação aos anos anteriores, houve um ligeiro aumento neste ano, com 12,5 horas de tempo de desenvolvimento para cada uma hora de treinamento virtual interativo.

    No entanto, é importante observar que neste tópico a autora fez uma pergunta específica: “O que você gostaria que sua organização fizesse de forma diferente em relação ao treinamento virtual?”. E a esmagadora resposta foi desejar mais adesão, tempo e recursos para criar um treinamento virtual de qualidade. A realidade pode até ser de 12,5 horas de tempo de design, mas o desejo é muito maior do que isso.

    Plataformas e ferramentas

    As plataformas virtuais estão se atualizando em um ritmo sem precedentes, adicionando novos recursos e ferramentas para interação. É impressionante ver as melhorias exponenciais.

    A pergunta simples da pesquisa, “Qual a plataforma você usa?” revelou o seguinte:

    - Zoom continua sendo a ferramenta mais popular em uso, aumentando para 65% (em 2020 foi de 51% e no ano anterior apenas 30%)

    - Microsoft Teams deu o maior salto, para 51% em 2021 (28% no ano anterior)

    - WebEx passou para 29% (ante 25% de 2019),

    - Adobe Connect caiu para 14% (24% em 2019).

    - GoToTraining se manteve estável em 14%.

    Ferramentas de Colaboração

    Neste ano, a autora perguntou sobre o uso de ferramentas de colaboração de terceiros durante as aulas virtuais. Isso pode significar usá-los além (separados) da plataforma da sala de aula virtual ou integrá-los à plataforma.

    - Ferramentas como Kahoot (24%),

    - Poll Everywhere (23%),

    - Mentimeter (22%),

    - Miro (13%),

    - Mural (9%) e

    - Jamboard (7%) estão em alta.

    Nós usamos bastante o Mentimeter nos nossos workshops em 2021, pois trouxe muito engajamento, boas discussões e alguns elementos de gamificação.  Em anos anteriores, alguns participantes tinham algumas dificuldades para fazer o login ou se atrapalhavam um pouco para usar a ferramenta, mas atualmente a maioria dos participantes utiliza com maestria e envolvimento.

    Desafios

    A autora fez duas perguntas abertas na pesquisa deste ano: “Qual é o seu maior desafio relacionado ao treinamento virtual?” e “O que você gostaria que sua organização fizesse de forma diferente em relação ao treinamento virtual?”

    1. Eles querem mais adesão dos líderes e outras partes interessadas.

    2. Eles querem que os facilitadores aprimorem as suas habilidades técnicas de entrega virtual.

    3. Eles querem que o suporte de TI seja capaz de usar plataformas de sala de aula virtual mais robustas, em vez de serem forçados a usar plataformas projetadas para reuniões.

    4. Eles querem que os participantes estejam equipados com tecnologia para se envolverem totalmente (webcams, fones de ouvido, etc.).

    5. Eles querem suporte para os “produtores” ajudarem a gerenciar a tecnologia.

    6. E, por fim, desejam dedicar tempo ao desenvolvimento de aulas on-line

    E o futuro do Treinamento Virtual?

    O que está mudando e o que vai mudar? Com as possibilidades de expansão do Metaverso, a autora acredita que estamos no início de uma nova era do treinamento virtual, que terá cada vez mais experiências de aprendizagem imersivas e envolventes.

    No entanto, o resultado desta pesquisa ainda apontou uma participação modesta dessas tecnologias, com apenas 7% dos participantes indicando que estão incorporando tecnologias imersivas, como realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) em suas aulas virtuais. No entanto, com todo o hype e investimento massivo em Metaverso, os próximos anos parecem promissores para este espaço de aprendizagem.


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      Apresentação

      Difusão da tecnologia, um novo modelo de ensino médio e valorização de uma metodologia ligada às áreas de ciência e engenharia. Essa combinação única de fatores, atualmente em uma conjunção rara no país, é crucial para o avanço da educação ao provocar impacto direto no engajamento dos estudantes e nos índices de aprendizagem, além de ampliar o alcance da formação educacional de qualidade. É uma oportunidade excepcional de aproximar a matriz educacional brasileira da dos países desenvolvidos.

      Da mesma forma, tais condições são fundamentais para outro desafio, que já se manifesta e será ainda mais presente nos próximos anos: o da transformação do mercado de trabalho, com a digitalização e a automação de processos e o surgimento de novas profissões.

      Com a pandemia, as atividades presenciais foram suspensas e escolas tiveram de se adaptar ao ensino on-line, o que escancarou desigualdades e as barreiras sociais e técnicas para inclusão digital da população. Por outro lado, o ensino e o trabalho remoto aceleraram transformações que passam pelo uso de tecnologias.

      Esse é um momento chave. Se o país investir em um novo modelo educacional alinhado à realidade e às necessidades do mundo moderno, poderá resgatar o estudante, elevar o índice de escolaridade da população e encurtar a distância das maiores economias do mundo. Nas próximas páginas dessa edição de Veja Insights, uma parceria com a Confederação Nacional da Indústria, SENAI e SESI, destacamos iniciativas que podem mudar o futuro do país.

      Boa leitura!

      Um Brasil que funciona

      Por Robson Braga de Andrade*


      Há oito décadas, o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) contribuem de forma expressiva para o desenvolvimento da indústria e do país. Neste período, o SENAI transformou-se no maior complexo de Educação Profissional da América Latina, com 2,3 milhões de matrículas anuais – 67% das quais com gratuidade.

      Desde que foi criada, já formou mais de 75 milhões de trabalhadores, em 28 setores da indústria. Atualmente, possui 583 unidades fixas e 457 móveis, entre as quais dois barcos-escola, que atuam na região Amazônica, levando educação profissional gratuita para moradores de comunidades ribeirinhas localizadas em áreas de difícil acesso.

      Presente em 3 270 municípios, a instituição emprega 28 300 profissionais das áreas de educação profissional, tecnologia e inovação. Uma demonstração da excelência do ensino que o SENAI ministra foi o 1º lugar que seus alunos conquistaram em 2015 na WorldSkills, a olimpíada internacional de educação profissional, à frente de equipes de países que são referência em educação, como Coreia do Sul e Alemanha. Na edição de 2017, eles ficaram no 2º lugar geral, concorrendo com estudantes de 62 países.

      O SENAI também tem contribuído de forma expressiva para a inserção de empresas nacionais na 4ª revolução industrial, também conhecida como Indústria 4.0. A entidade possui 58 institutos de tecnologia, que prestam serviços de metrologia, testes de qualidade e processos produtivos, e realizam cerca de 1,5 milhão de ensaios laboratoriais por ano. Nos últimos anos, foram investidos 3 bilhões de reais na implantação da maior rede de inovação industrial do país.

      Em parceria com indústrias, startups e renomadas instituições internacionais – como o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos –, os 26 Institutos SENAI de Inovação já desenvolveram diversos equipamentos e soluções inovadoras, tais como nanossatélites, robôs submarinos autônomos e tintas nanorregenerativas.

      O SESI, por sua vez, oferece educação básica e continuada para trabalhadores da indústria, tendo realizado, apenas em 2019, cerca de um milhão de matrículas – um terço das quais gratuitas. Suas escolas apresentam os melhores desempenhos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), com índices superiores aos de escolas municipais e estaduais. São também a principal referência nacional em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

      Outro foco de sua atuação do SESI são programas de saúde e segurança no trabalho, com ações que beneficiam anualmente cerca de 4 milhões de pessoas – incluindo aplicação de quase um milhão de doses de vacinas. A instituição mantém, ainda, nove centros de inovação, que desenvolvem tecnologias voltadas para a melhora do bem-estar dos trabalhadores. Ao todo, possui 116 unidades de vida saudável e 526 escolas, que empregam 34 500 mil profissionais das áreas de educação, saúde e segurança do trabalho, cultura e ação social.

      Ressalte-se que o trabalho desenvolvido por SESI e SENAI tem um elevado grau de reconhecimento por parte da população. Pesquisa do Ibope revelou que mais de 90% dos entrevistados consideram ótimos ou bons os diversos serviços prestados pelas duas instituições.

      Outro levantamento mostra que nove em cada dez empresas industriais dão preferência para a contratação de ex-alunos do SENAI, nos diversos segmentos, em função da excelência da formação deles. Atualmente, a entidade é responsável pela capacitação de 95% da mão de obra empregada na indústria nacional, sendo que 80% dos técnicos que forma são das classes C, D e E.

      *Robson Braga de Andrade, empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

      Gigantes da educação

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      EXCELÊNCIA – Equipamentos médicos em revisão em unidade do SENAI durante a pandemia: compromisso social – Pedro Vilela/Getty Images

      Conhecidos em grupo como Sistema S, os serviços sociais autônomos são um conjunto de organizações das entidades representantes da indústria, da agricultura, do comércio e do transporte voltadas para a educação, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica.

      Fazem parte do Sistema S o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Social da Industria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem do Comercio (Senac), Serviço Social do Comercio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Serviço Social de Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

      Juntas, essas instituições contribuem há oito décadas, de forma efetiva e permanente, com a inserção de jovens e trabalhadores brasileiros no mercado de trabalho, sobretudo os de classes menos favorecidas e têm um compromisso com a construção de um Brasil mais próspero, desenvolvido e com oportunidades para todos.

      O Sistema S se mantém com contribuições compulsórias das empresas, calculadas sobre a folha de pagamento. Ao contrário dos impostos, a contribuição é recolhida apenas de determinadas categorias profissionais e empresas, e tem de ser destinada a propósitos específicos, como previsto nos Artigos 145, 149 e 195 da Constituição Federal. A contribuição é um investimento, pois é revertida na prestação de serviços essenciais às empresas.

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      ESTÍMULO À INOVAÇÃO – Estudante do SESI em feira de tecnologia: ensino de padrão internacional – SESI/Divulgação

      Apoio à indústria

      O Sistema Industria é uma rede nacional de caráter privado, que atua em diversas frentes de apoio ao setor industrial brasileiro. Integram essa rede a Confederação Nacional da indústria (CNI), o Serviço Social da indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), as Federações Estaduais da Industria dos 26 Estados e do Distrito Federal, além de 1 280 Sindicatos Patronais Industriais.

      A estrutura foi criada para atender as necessidades especificas e auxiliar no desenvolvimento da indústria brasileira, que emprega 9,7 milhões de trabalhadores e tem 20,4% de participação no emprego formal no Brasil. O SESI e o SENAI se dedicam à educação básica e profissional, à inovação e tecnologia e à promoção da saúde e da segurança no trabalho do setor. Para administração das duas entidades, a CNI recebe 4% da receita do SESI e 2% do SENAI.

      Dois colossos

      Hoje instituições consolidadas nacional e internacionalmente, o SESI e o SENAI ajudam a elevar o nível da formação educacional dos brasileiros e são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento de uma indústria mais inovadora e competitiva.

      Criado em 1942 por meio do Decreto-Lei no 4.048/42, o SENAI tem a missão de ajudar a indústria brasileira a ser mais competitiva por meio de ações que aumentam a produtividade das empresas, sobretudo com a qualificação profissional, a inovação e a execução de serviços técnicos.

      Já o SESI foi criado em 1946 pelo Decreto n° 57.375/65 para auxiliar as indústrias em programas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e na promoção da saúde e da educação dos trabalhadores, seus dependentes e também a comunidade.

      O SESI é uma referência na educação básica, que compreende o ensino infantil, o fundamental e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), enquanto o SENAI é a principal instituição brasileira, e uma das maiores do mundo, na formação profissional de jovens e trabalhadores, incluindo a oferta de cursos de iniciação profissional, qualificação, técnicos, tecnólogos, graduação, aperfeiçoamento e pós-graduação.

      A subordinação das entidades às indústrias e à entidade sindical não só é prevista na Constituição Federal, mas estratégica. Isso porque seus objetivos precisam estar alinhados ao empresariado, para atender às suas demandas das indústrias no tempo exigido pelo mercado. Nem as próprias empresas nem as instituições de ensino publicas são capazes de suprir a necessidade no tempo e de forma adequada à agenda empresarial.

      Sendo assim, o SENAI e o SESI são entidades privadas e os recursos que financiam suas atividades também são privados a partir do momento em que ingressam nos cofres das entidades.

      Educação básica

      O SESI oferece educação básica focada na formação para o futuro do trabalho a mais de 200 000 jovens. Sua metodologia é de reconhecida excelência e seus alunos têm elevado desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

      arte SESI

      Distribuídas em todo o território brasileiro, as 526 escolas da Rede SESI são orientadas às necessidades do mundo do trabalho e adotam metodologias e currículos inovadores, com foco nas áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). A rede conta com materiais pedagógicos, formação docente e infraestrutura de excelência para oferta da educação infantil, ensino fundamental e médio, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA) – inclusive de forma articulada com a educação profissional SENAI.

      Além disso, para diminuir o índice de afastamentos do trabalho e estimular um estilo de vida saudável para os industriários, o SESI oferece programas de promoção da segurança, saúde e qualidade de vida, com soluções para atender às demandas da indústria e aumentar sua produtividade.

      Mais recentemente, o SESI criou uma rede com oito Centros de Inovação em SST, que conta com parceiros internacionais, para desenvolver soluções em saúde e segurança do trabalho capazes de reduzir o absenteísmo, os acidentes laborais e aumentar a produtividade.

      Formação profissional

      COMPETITIVIDADE - Jovem premiada em torneio estudantil: estímulo ao desempenho -

      COMPETITIVIDADE – Jovem premiada em torneio estudantil: estímulo ao desempenho – SESI/Divulgação

      O SENAI é a principal instituição de ensino técnico e profissional do país, com mais de 80 milhões de trabalhadores formados em oito décadas de atuação, e tem também a maior infraestrutura de tecnologia e inovação do Brasil. Seu modelo de formação mantém o currículo sempre alinhado à evolução tecnológica da indústria, o que se traduz em inclusão e empregabilidade para os jovens capacitados em diversos setores da indústria.

      Para manter essa formação conectada com as transformações e novas tecnologias do mercado de trabalho e verificar a qualidade de seus cursos, o SENAI realiza sistematicamente pesquisas e avaliações. Trabalho reconhecido pelo setor privado nacional e organizações internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

      Para se ter uma ideia da qualidade da educação profissional brasileira ofertada pelo SENAI, na Worldskills – competição mundial das profissões técnicas – entre os cerca de 70 países que disputam, o Brasil ficou em 1º lugar em 2015, na competição disputada em São Paulo; ocupou o 2º lugar em 2017, em Abu Dhabi, e 3º lugar em 2019, na Rússia.

      Em um país que amarga números crescentes de desemprego, a pesquisa de egressos de 2020 mostra que sete em cada dez ex-alunos SENAI estão empregados e que ex-alunos SENAI com curso técnico têm 22,7% a mais de renda média. Os dados mostram ainda que ex-alunos de cursos de qualificação profissional do SENAI têm 30% de chances a mais de conseguir emprego no período de um ano após terem sido demitidos.

      arte SENAI

      Anualmente, dois terços (66,66%) da Receita Líquida de Contribuição Compulsória Geral são destinados ao custeio, investimento e à gestão, de forma a viabilizar vagas gratuitas nos Cursos Técnicos e de Formação Inicial e Continuada.

      Mais importante do que nunca, como demostrou a pandemia, a inovação é o carro-chefe de outra frente de atuação do SENAI. Foi por meio da rede de Institutos de Inovação e de Tecnologia que o Brasil conseguiu desenvolver um substituto nacional para o insumo essencial para a produção do álcool em gel, item de linha de frente no combate à Covid-19, assim como tecidos antivirais, desenvolvimento de testes rápidos para detecção do vírus, sem falar da mobilização nacional que consertou e devolveu aos hospitais mais de 2 500 respiradores, aumentando as chances de mais de 25 000 pessoas de sobreviver o coronavírus.

      Os institutos são aliados ímpares da indústria na pesquisa, desenvolvimento e inovação, em metrologia e testes de qualidade, a fim de permitir que os produtos brasileiros estejam em conformidade com normas técnicas, condição fundamental para competir em um mercado globalizado. A rede conta ainda com parcerias com universidades e instituições renomadas, como o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos.

      Os 26 Institutos SENAI de Inovação, presentes em 12 estados, já atenderam mais de 600 empresas e executaram mais de 1,2 bilhão de reais distribuídos em 1 332 projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação com a indústria. A estrutura conta com mais de 930 pesquisadores. Já os 61 Institutos SENAI de Tecnologia, localizados em 17 estados e no Distrito Federal, realizaram mais de 59 000 atendimentos somente em 2020. Ao todo, 10 083 empresas foram atendidas. São mais de 1 300 especialistas e consultores para o desenvolvimento de tecnologias e inovação em empresas dos mais diversos portes e segmentos.

      O fascínio da robótica

      ENTUSIASMO - Jovens em disputa internacional de construção de robôs: estímulo pedagógico -

      ENTUSIASMO – Jovens em disputa internacional de construção de robôs: estímulo pedagógico – SESI/Divulgação

      Duas instituições brasileiras, reconhecidas internacionalmente, têm sido pioneiras no esforço de melhorar a educação no país e aproximar o Brasil das boas práticas internacionais: o Serviço Social da Indústria (SESI), com mais de 400 escolas e 270 000 alunos (da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos – EJA), e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com mais de 520 unidades operacionais e 465 unidades móveis para ensino técnico e profissional.

      Em comum, elas têm o uso de tecnologias educacionais e metodologias inovadoras como parte do seu DNA, foco nas áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes/Design e Matemática) e orientação para o mundo do trabalho. Materiais pedagógicos autorais e exclusivos, infraestrutura de excelência, e quadro técnico atualizado – professores e instrutores que passam por formação continuada – são outros diferenciais.

      Dentro da proposta de valorizar a cultura de conhecimento aplicado, também chamada de mão na massa (maker), o SESI tem se tornado referência no uso da robótica educacional. Atualmente, quase 200 000 alunos da rede são beneficiados com as atividades, que começaram a ser adotadas em sala de aula em 2006. O SESI também organiza torneios desde 2012, abertos para estudantes de outras redes de ensino.

      Parceira da organização sem fins lucrativos FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Technology), a instituição é responsável pela operação, no Brasil, das competições FIRST LEGO League Challenge (FLL) e FIRST Tech Challenge (FTC). Além de participar do projeto educacional da Fórmula 1, F1 in Schools, e ter estudantes competindo na FIRST Robotics Competition – categoria mais avançada para estudantes do ensino médio. Já passaram por essas competições mais de 30 000 estudantes, que também representaram o Brasil em torneios internacionais e levaram mais de 60 prêmios.

      A prática e as competições de robótica são uma importante ferramenta de ensino. Os estudantes são desafiados a pesquisar, com metodologia científica, e apresentar soluções para problemas reais na temática da temporada, como a produção de lixo, a qualidade de vida dos idosos e as cidades inteligentes, e a construir, programar e manusear robôs.

      Competidores afirmam que a experiência foi essencial para a sua vida estudantil, pessoal e profissional ao proporcionar desenvolvimento socioeducacional. Pais e docentes concordam que aproxima os estudantes da ciência e da tecnologia e estimula as soft skills, como raciocínio lógico, trabalho em equipe, criatividade e comunicação.

      Na temporada 2020/2021 dos torneios nacionais de robótica, encerrada em julho, foi possível constatar as valiosas lições de um grupo que, movido pela paixão em tecnologia e educação, superou as dificuldades e surpreendeu com o bom desempenho. São as equipes de garagem, de Organizações Não Governamentais (ONGs) e escolas públicas.

      TRADIÇÃO - Estudante em torneio no Uruguai: uma década de competições FIRST no Brasil -

      TRADIÇÃO – Estudante em torneio no Uruguai: uma década de competições FIRST no Brasil – Mauricio Zina/SOPA Images/LightRocket/Getty Images

      Na etapa regional do FIRST LEGO League Challenge (FLL) – modalidade para alunos de 9 a 17 anos com robôs feitos de peças de lego –, das 424 equipes inscritas, 41 eram de escolas públicas e oito de ONGs ou de garagem. Dessas, classificaram-se para o torneio nacional, dois times de escolas públicas, um de ONG e quatro de garagem.

      Já na modalidade dos robôs maiores, de até 19kg, o FIRST Tech Challenge (FTC), das 35 equipes inscritas no Festival SESI de Robótica, uma é de escola pública: a Sanja Storm, da EE Prof. Alceu Maynard Araújo, em São José dos Campos (SP). O colégio já tem uma equipe na FIRST Robotics Competition (FRC), competição internacional de robôs gigantes, que chegam a 54 kg, mas essa foi a estreia no FTC.

      Encontro de gerações

      Apesar da ligação com a escola, o projeto é aberto a jovens de toda a região onde ela se localiza, o que dificultou ainda mais os encontros da equipe, formada por sete integrantes. “O treinamento para fazer o robô, a elaboração do projeto, foi tudo virtual. Só na hora de montar que nos encontramos. Como era nossa estreia, tivemos que aprender as novas regras, correr atrás dos componentes, fabricar chassi. Os alunos projetaram e fabricaram o robô com apoio de patrocinadores, para corte da chapa e dobraduras, por exemplo”, conta o técnico Ricardo Akio Iamamoto.

      Aos 62 anos, sendo 34 dedicados à Embraer, onde exerceu a função de engenheiro aeronáutico, Iamamoto virou voluntário do projeto há seis anos com um empurrãozinho da esposa, coordenadora pedagógica do colégio.

      Desde então, a troca de experiências com a nova geração tem sido um aprendizado constante. Segundo o engenheiro aposentado, práticas e termos tão distantes da sala de aula, como cronograma de projeto, acompanhamento e análise de risco acabam despertando o interesse e entrando para a rotina dos estudantes.

      “A gente aprende a conversar com eles. A idade pega um pouquinho, mas conseguimos instigá-los. Eles fazem uma pergunta, eu devolvo com outra, ajudo eles a pensar, a buscar soluções. Trazemos um pouco do trabalho na indústria, o processo de desenvolvimento de um produto, como tomar uma decisão. Cada um tem uma ideia e acha que é melhor, então como canalizar isso?”, reflete Iamamoto.

      A missão de democratizar a robótica

      Apesar das diferenças em relação aos técnicos mais experientes, Igor dos Anjos da Silva Santos, 17 anos, teve o mesmo desafio: engajar e garantir a união dos estudantes sem as aulas presenciais. Ex-aluno do SESI em Candeias (BA), ele foi técnico destaque na competição regional da Bahia do FLL, à frente da Black Gold, equipe de garagem formada por seis integrantes, em sua maioria, colegas da Escola Estadual Ouro Negro.

      “Estudei no SESI entre 2015 e 2017, lá tive meu primeiro contato com a robótica. A professora de português tinha conversado com a minha mãe que eu era muito ansioso e precisava de uma atividade para usar a criatividade”, lembra. De anjo a competidor e técnico, já são seis anos dedicados aos torneios.

      “Fui para a escola pública no ensino médio e vi a necessidade de ter a robótica ali. Os alunos também precisam ter esse aprendizado. Fundamos a equipe com intuito de democratizar a robótica entre as escolas públicas do município”, explica o mais jovem técnico do FLL, Igor dos Anjos.

      O SESI apadrinhou o time, doando a mesa da arena e o tapete das missões, além de maletas LEGO. O grupo também conseguiu apoio da Secretaria Estadual de Educação, que concedeu notebooks para os alunos. E a prefeitura disponibilizou a biblioteca municipal para a gravação dos vídeos submetidos à organização do torneio. Todo o esforço valeu a pena e a equipe ficou em segundo lugar no regional, classificando-se para o nacional.

      Apoio para equipamentos

      Outro time que conquistou o segundo lugar no regional – neste caso, do Rio Grande do Sul (RS) – contando com a paixão de ex-competidores foi a Lobóticos. No início da temporada, três ex-alunos da Escola Municipal Heitor Villa Lobos, em Porto Alegre, que hoje estudam no 1o ano do ensino médio no Instituto Federal da Restinga (IFRS) entraram em contato com a técnica Cristiane Pelisolli Cabral, animados para competir.

      O colégio tem certa tradição nos torneios, mas, neste ano, havia a dificuldade de fechar equipe. Com o incentivo dos veteranos, eles conseguiram se inscrever com três representantes do IFRS e quatro do colégio municipal. O tapete, onde o robô cumpre suas missões, também foi cedido pelo SESI. Eles contam que tiveram apenas quatro dias para montar o robô – período em que o estado saiu da bandeira preta.

      Para começar e manter uma equipe nas competições, sejam elas regionais, nacionais ou internacionais, os competidores buscam diferentes formas de apoio, incluindo patrocínio de empresas e incentivos dos governos municipais e estaduais. Técnico e fundador da Doctors Machines, do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, em Curitiba (PR), o professor de matemática Thadeu Angelo Miqueletto lembra que, no início, em 2016, eles esbarraram num problema comum aos iniciantes, o investimento.

      “Mas a vontade de colocar o projeto em prática foi maior, então surgiu a ideia de montar rifa com ajuda da comunidade e pedir ajuda financeira de uma empresa particular da região, a Mili. Assim nasceu a Doctors Machines. Tudo que conquistamos foi com a ajuda da comunidade e da direção escolar”, orgulha-se o técnico Thadeu Miqueletto.

      A equipe compete desde a temporada 2016/2017 e, neste ano, contou com a participação de nove integrantes. Eles também ocuparam o pódio – 2º lugar – no regional do Paraná.

      Um histórico de evoluções

      DESENVOLVIMENTO - Jovens em disputa: preparação para que se tornem líderes inovadores -

      DESENVOLVIMENTO – Jovens em disputa: preparação para que se tornem líderes inovadores – Mauricio Zina/SOPA Images/LightRocket/Getty Images

      Lançada em setembro do ano passado, a temporada 2021/2022 das competições First Lego League Challenge (FLL) e First Tech Challenge (FTC) marca a celebração de 10 anos de realização das competições de robótica pela instituição no Brasil.

      A Senior Solutions, realizada em 2012/2013, foi a primeira participação do SESI Nacional nas competições FLL no país, em cooperação com EDACON, Instituto Aprender Fazendo (IAF) e SESI São Paulo. Na final, o torneio contou com cerca de 600 competidores, distribuídos em 60 equipes de 11 estados. Nessa edição, os estudantes apresentaram inovações para melhorar a qualidade de vida dos idosos, a partir de soluções para problemas de acesso e locomoção.

      Na temporada seguinte, Nature’s Fury, o SESI mobilizou cerca de 2.200 competidores, em 367 equipes. Em comparação com a temporada anterior, esses números mostram um crescimento de 266% em participação de estudantes na competição.

      Ao passar dos anos, mais e mais estudantes começaram a participar dos Torneios de Robótica FLL. O resultado disso é uma década de muitos aprendizados, competição saudável (mais conhecida como Gracious Professionalism) e marcada pela cooperação entre equipes e competidores, a famosa Coopertition.

      O torneio de robótica FLL foi criado e é realizado, em nível global, pela organização sem fins lucrativos For Inspiration and Recognition of Science and Technology (FIRST). A modalidade é destinada a jovens de 9 a 16 anos, de escolas públicas, privadas e da rede SESI. Os estudantes integram equipes de dois a dez pessoas e são supervisionadas por dois adultos. Eles devem construir e programar robôs LEGO para cumprir uma série de missões. Além disso, as equipes precisam trabalhar em sintonia tendo como base os valores: respeito, ganho mútuo e competição amigável, dentre outros.

      Na 10ª temporada da FLL, a partir do tema Cargo Connect, os competidores irão explorar o futuro do transporte, desde o envio de pacotes em áreas rurais e urbanas até a entrega para ajuda em desastres e trânsito aéreo de alta tecnologia.

      Já a modalidade FTC, adotará o tema Freight Frenzy. Na temporada, as equipes irão repensar inovações de transporte mais rápidas, mais confiáveis, inclusivas e sustentáveis que melhor conectem as comunidades e economias em todo o mundo.

      Ao incentivar os participantes do FTC a pensar sobre a sustentabilidade do transporte no futuro, o SESI os prepara para serem a próxima geração de líderes inovadores, enfrentando os desafios mais difíceis do mundo.

      Desafios do novo ensino médio

      Por Wisley Pereira*

      Todas as instituições públicas e privadas do país têm até 2022 para entrar em conformidade com as regras do Novo Ensino Médio aprovadas pela Lei 13.415/2017. Levantamento realizado pelo Serviço Social da Indústria (SESI) no início de dezembro identificou os avanços e os desafios enfrentados pelas redes públicas no processo de implementação. As informações foram obtidas por meio de entrevistas com os coordenadores do Novo Ensino Médio das Secretarias Estaduais de Educação e complementadas com base em informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação e pelo Movimento pela Base.

      O Novo Ensino Médio sobrepôs o modelo único, rígido e carregado de disciplinas obrigatórias que caracterizava o Ensino Médio brasileiro. O novo modelo está estruturado em três grandes frentes: a garantia de direitos de aprendizagem comuns a todos os jovens definidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes e do seu projeto de vida, por meio da escolha dos itinerários formativos; e a valorização da aprendizagem, com a ampliação da carga horária de estudos.

      A nova organização curricular mais flexível foi estruturada com o objetivo de garantir uma formação integral e aproximar o processo educativo à realidade dos estudantes, considerando as novas demandas do mundo do trabalho e a complexidade crescente da vida em sociedade. A reforma do Ensino Médio impõe inúmeros desafios, especialmente para a escola pública, como a elaboração dos novos currículos, a adaptação dos materiais didáticos, a formação e alocação dos professores, as mudanças no sistema de matrículas e a adequação da infraestrutura.

      A crise na Educação, instalada por conta da pandemia do coronavírus, acendeu um sinal de alerta em relação ao cumprimento do cronograma de implementação. A urgência da implementação contrasta com o ritmo das ações e com o enfrentamento de um conjunto de obstáculos como as mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

      De acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, todas as Secretarias Estaduais de Educação desenvolveram projetos piloto. Ao todo foram 4.117 escolas em 2.077 municípios. Em 2021, a rede estadual de São Paulo começou a ofertar o novo modelo para todos os alunos que estavam cursando o 1º ano do Ensino Médio.

      O processo de construção curricular do Novo Ensino Médio envolve sete ações: escrita da Formação Geral Básica, consulta pública da Formação Geral Básica, escrita dos Itinerários Formativos, consulta pública dos Itinerários Formativos, revisão final do currículo, entrega do currículo ao Conselho Estadual de Educação e homologação do currículo. O levantamento revelou que 17 estados e o Distrito Federal já concluíram todas as ações da construção curricular e que 9 estão aguardando a homologação junto ao Conselho.

      Além das ações relacionadas à construção curricular, também foram levantadas informações sobre outras cinco ações de grande importância para a implementação do Novo Ensino Médio: elaboração do regimento interno de cada escola para os ritos de ensino, elaboração do plano de formação dos professores, realização da formação dos professores, regulamentação do Itinerário de Formação Técnica e Profissional e regulamentação das parcerias.

      Em relação à elaboração do regimento interno de cada escola para ritos de ensino, vinte Secretarias Estaduais informaram que já concluíram essa etapa. Esse regimento é fundamental, pois estabelece as regras para o novo sistema de matrículas e para a escolha dos itinerários.

      Vinte Secretarias Estaduais informaram que já elaboraram também o plano para formação dos professores que atuarão no Novo Ensino Médio. São Paulo, Sergipe e Distrito Federal já realizaram a formação e mais onze estados (AL, AM, BA, ES, GO, MS, MT, PR, RO, RJ, SC) estão com formações em andamento.

      Os maiores gargalos estão nas regulamentações das parcerias e do itinerário de Formação Técnica Profissional. A última foi concluída por apenas seis Secretarias Estaduais (AM, ES, MS, RR, SC, SE). Pesquisa inédita realizada recentemente com 2.000 estudantes do Ensino Médio de todo o país revelou que 84% dos jovens têm interesse em cursar Educação Profissional e que o itinerário de Formação Técnica é o mais escolhido dentre as opções ofertadas no Novo Ensino Médio. É preciso dar celeridade à regulamentação para atender a essa grande demanda dos jovens.

      A regulamentação das parcerias, por sua vez, foi concluída por apenas oito Secretarias Estaduais (AM, DF, GO, ES, MS, RR, SC, SE). Avançar nessa regulamentação é primordial, pois as parcerias serão de grande valor para as redes públicas de ensino, especialmente para oferta do itinerário de Formação Técnica que requer investimentos contínuos para a manutenção e modernização dos laboratórios e maquinários, bem como para a atualização permanente dos docentes que precisam estar alinhados às mudanças tecnológicas.

      Diante do quadro fiscal atual, os estados certamente terão dificuldades para fazer novos investimentos. Para que o itinerário de Formação Técnica e Profissional seja ofertado de forma efetiva para os estudantes, será fundamental maximizar forças e favorecer o compartilhamento da infraestrutura e das experiências exitosas das instituições públicas e privadas ofertantes da Educação Profissional em todo o país. Esse é o único caminho para que a ampliação do acesso esteja atrelada à garantia da qualidade e eficácia.

      O SESI e o SENAI acumulam experiência de mais de 21 anos na oferta da educação básica articulada à educação profissional e foram pioneiros na implementação do Novo Ensino Médio. Trata-se de uma experiência exitosa iniciada em 2018 que formou sua primeira turma no final de 2020. No ano passado, o SESI e o SENAI ampliaram a oferta do Novo Ensino Médio, que hoje é adotado em 23 estados com a oferta dos itinerários de Matemática, Ciências da Natureza e Formação Técnica e Profissional. Por meio de uma abordagem interdisciplinar que incentiva o protagonismo do estudante na construção de um projeto de vida e de carreira, a experiência do SESI e do SENAI apresenta resultados reconhecidos por diversos atores do campo educacional.

      Com a restrição dos recursos para a Educação, a diversificação da oferta de Educação pública gratuita, porém não estatal, se configura como uma alternativa de grande relevância. Parcerias com Instituições sem fins lucrativos como o SESI e o SENAI podem viabilizar o acesso de estudantes com nível socioeconômico mais baixo a uma experiência educacional exitosa dentro de uma infraestrutura de ponta que, em muitos casos, não poderia ser ofertada pelo governo local. Em última instância, as parcerias vão contribuir de forma efetiva para a diminuição da maior mazela da Educação brasileira: a falta de equidade.

      Os dados levantados revelam que ainda há muito a ser feito e que os estados precisam de apoio para garantir uma implementação exitosa do Novo Ensino Médio. A expectativa é que o novo modelo possa melhorar os resultados de aprendizagem dos estudantes e diminuir as altas taxas de reprovação e abandono que têm marcado essa etapa de ensino. No entanto, para avançar nessa direção, o Brasil precisa acelerar o passo e desenvolver estratégias efetivas que transformem intencionalidade em realidade. O mapa a seguir, mostra o panorama geral dos estados em relação às 12 principais ações de implementação do Novo Ensino Médio que foram levantadas.

      *Wisley Pereira, é gerente-executivo de Educação do SESI

      Sistema renovado, futuro promissor

      EXPERIÊNCIA PILOTO - Alunos da escola do SENAI: currículo já adaptado ao novo modelo de ensino médio desde 2018 -

      EXPERIÊNCIA PILOTO – Alunos da escola do SENAI: currículo já adaptado ao novo modelo de ensino médio desde 2018 – SESI/Divulgação

      Até o ano passado, a escola no Brasil preparava seus alunos de Ensino Médio exclusivamente para os exames de ingresso na universidade. O problema é que o acesso dos jovens de 18 a 24 anos ao ensino superior é muito restrito, contemplando apenas 23,8% dos estudantes dessa faixa etária.

      Ao mesmo tempo, só 9% dos adolescentes concluem a educação básica com um diploma de curso técnico. Esse é o segundo pior índice entre os 37 países membros e parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ficando atrás apenas do Canadá. Em países como Áustria, Suíça e Reino Unido, o percentual ultrapassa os 60%.

      O novo ensino médio, que entra em vigor esse ano, surge nesse contexto. O objetivo é dar identidade social e oportunidades ao estudante que não ingressa direto no ensino superior, deseja ou precisa entrar no mercado de trabalho e não consegue por não ter qualificação.

      As mudanças começam no currículo. Nos três anos, são até 1 800 horas dedicadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que garante a formação geral para todos; e no mínimo 1 200 horas aos itinerários formativos, de escolha do aluno. Tanto a BNCC quanto os itinerários são formados por quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – semelhante ao ENEM. Sendo que, para o itinerário formativo, que o aluno escolhe para se aprofundar, tem uma quinta opção: a Formação Técnica e Profissional (FTP).

      As redes públicas e privadas devem adotar as diretrizes a partir do ano letivo de 2022, mas o SESI e o SENAI – que entra para ofertar o itinerário de FTP – já estão no quarto ano de implementação e expansão do modelo, que começou em 2018 em cinco estados. Hoje, são mais de 12 mil estudantes matriculados, em 23 estados.

      Quando se fala em ensino médio, quais lembranças vêm à mente? Muitas matérias e provas, conteúdos que não dialogavam com a realidade, uma cobrança por boas notas e a necessidade de decisões de vida e de carreira para as quais ainda não se sentia preparado?

      “Antes, eu estudava para passar e não me importava muito com o aprendizado. Lembro de uma professora que me marcou muito, porque ela dizia que a prova não definia a gente. A gente tinha que estudar para aprender e agregar conhecimento na nossa vida”, recorda a aluna Laura Lima Siqueira, 18 anos.

      A chave virou em 2018, quando a estudante entrou no projeto piloto do Novo Ensino Médio do Serviço Social da Indústria (SESI) de Feira de Santana (BA). Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o SESI foi o primeiro, no Brasil, a implementar as mudanças previstas na Lei 13.415/2017.

      Uma aprendizagem focada na formação de cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em quatro áreas do conhecimento, é a grande transformação que a reforma pretende promover em sala de aula e nos estudantes.

      As redes de ensino pública e privada têm até 2022 para começar a implementar o modelo. Um processo que exige coordenação e sensibilização de toda a comunidade escolar.

      Esforço pela melhoria do ensino

      Foram muitas as justificativas para reformular a última etapa da educação básica: um ensino de baixa qualidade, generalista, com número excessivo de disciplinas, alto índice de evasão e de reprovação e distante das necessidades dos estudantes e dos problemas do mundo contemporâneo.

      “Os milhares de jovens que não ingressam no ensino superior quando terminam a escola precisam entrar no mercado de trabalho. Ou porque já querem seguir uma carreira ou porque precisam juntar dinheiro para pagar a faculdade. Mas eles não têm as competências necessárias para exercer uma profissão. Com a formação profissional e técnica prevista no itinerário, conseguimos dar oportunidade para esses estudantes”, defende o diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.

      A lei estabelece a BNCC e os itinerários formativos, formados por quatro áreas de conhecimento – Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. E acrescenta um quinto itinerário, de Formação Técnica e Profissional (FTP).

      Autonomia de escolha

      O estudante pode escolher um dos cinco itinerários formativos ofertados pela escola, que terá, no mínimo, 1 200 horas ao longo dos três anos. Além disso, ele recebe até 1 800 horas de formação geral, prevista na BNCC, totalizando 3 000 horas.

      A escola deve ser um ambiente acolhedor, que fomenta questionamentos e o autoconhecimento e favorece escolhas, permitindo que o estudante vivencie todas as áreas, mas tenha foco e esteja preparado para o futuro.

      Desde que implementou o Novo Ensino Médio, em 2018, o Serviço Social da Indústria (SESI) ampliou o número de unidades com o modelo. Atualmente, 23 estados e 87 escolas, com mais de 10 400 estudantes matriculados, seguem o que estabelece a Lei 13.415/2017.

      Maior flexibilidade no currículo, conteúdo integrado em áreas do conhecimento e a oferta de itinerários formativos, que permitem ao estudante se aprofundar nos campos com os quais mais se identifica, são as principais novidades. De acordo com a legislação, até o início de 2022, todas as escolas da rede pública e privada deverão ter começado a transição.

      O SESI conta com a parceria e a expertise do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para o itinerário de Formação Técnica e Profissional (FTP). O curso escolhido para a primeira turma foi o de eletrotécnica e abriu possibilidades de trabalho para diversos alunos. Atualmente, são 20 cursos técnicos ofertados pelo SENAI para o itinerário FTP, de acordo com as oportunidades de cada estado.

      EXPECTATIVA - Estudante do Ensino Médio em escola pública: novo sistema entra em vigor em fevereiro -

      EXPECTATIVA – Estudante do Ensino Médio em escola pública: novo sistema entra em vigor em fevereiro – FG Trade/Getty Images

      O SENAI já trabalhava com a premissa de desenvolvimento de competências e habilidades no lugar do sistema tradicional de provas e notas por disciplina. Referência em educação profissional e técnica, a instituição traz para o ensino médio uma abordagem voltada para o mercado de trabalho, capaz de dialogar e se adaptar às novas tecnologias – incluindo as da indústria 4.0 – e às mudanças sociais e profissionais.

      “O ensino médio é um período de transição, onde parte dos jovens quer se inserir no mundo do trabalho, enquanto outros têm como objetivo prosseguir os estudos. Hoje, só 11% dos estudantes de ensino médio fazem educação profissional, ou seja, terminam a escola preparados para exercer uma profissão. Esse percentual pode, e deve, aumentar”, ressalta o gerente-executivo de educação profissional e tecnológica do SENAI, Felipe Morgado.

      Com a metodologia SENAI, em que se elabora o perfil profissional, foi possível direcionar e dar concretude ao desenvolvimento de competências e habilidades das áreas de conhecimento previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Morgado acredita que outro fator preponderante para o sucesso da implementação é a capacidade de professores e instrutores adaptarem-se ao novo modelo.

      Pela experiência de três anos com o modelo, tanto o SESI quanto o SENAI têm firmado parcerias e colaborado com outras redes de ensino para implementação das diretrizes – o primeiro entra com a consultoria para a readequação do currículo e formação de professores, coordenadores e gestores; e o segundo, com o itinerário FTP.

      No Distrito Federal, por exemplo, o SENAI é parceiro de uma escola particular para o ensino técnico e profissional, cujas atividades começaram em 2019. Em diversos estados do país, as negociações com instituições públicas e privadas estão avançadas para a implementação do novo formato.

      Desenvolvimento pessoal e propósito

      Para a coordenadora pedagógica do SESI de Maceió, Amanda Rafaela Ferreira, os alunos têm mais compreensão do motivo pelo qual estão todos os dias na escola.

      “Eles também são mais conscientes das formas de empregar as habilidades desenvolvidas, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho, da vida em sociedade e das habilidades que são cobradas em avaliações”, avalia, citando como exemplo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

      “Antes da reforma do ensino médio, qualquer escola que você frequentava, o modelo pedagógico era o mesmo: 13 disciplinas, estudante olhando para a nuca do outro, cumprindo um currículo muito baseado no sumário do livro, pouco inovador”, lembra o gerente-executivo de Educação do SESI, Wisley Pereira.

      Ao comparar o ensino recebido ao longo dos últimos três anos com o que os colegas tiveram do chamado ensino médio tradicional, Samira Lopes, 18 anos, de Serra (ES), percebe as diferenças, principalmente em relação à fala, à postura e ao comportamento frente aos desafios da vida.

      Para ela, a metodologia por área de conhecimento, o plano pessoal de vida e de estudo, as atividades oferecidas e as avaliações focadas em trabalhos individuais e em grupos ajudam a preparar o jovem. Samira conta que, ao trabalhar características socioemocionais, descobriu uma qualidade, até então ignorada, a liderança.

      Um mundo emergente na indústria

      AMBIENTE TECNOLOGICO - Linha de montagem: a indústria 4.0 criou uma demanda por novo perfil de profissional -

      AMBIENTE TECNOLÓGICO – Linha de montagem: a indústria 4.0 criou uma demanda por novo perfil de profissional – Monty Rakusen/Getty Images

      O estudo Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde identifica tendências e 14 carreiras em ascensão no curto (2 anos), médio (5 anos) e longo prazo (10 anos) na Indústria de transformação e nos serviços produtivos. Essas novas profissões, relacionadas com a digitalização do setor, poderão ser responsáveis por 767 500 oportunidades de trabalho, das 14,9 milhões de vagas, nos próximos 10 anos.

      Os números chamam atenção para a importância da formação de mão de obra. Nos próximos dois anos, a demanda será de 401 000 profissionais, porém só haverá 106 00o disponíveis, o que representa uma lacuna de 74%. A pesquisa é realizada pelo Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

      Na indústria, à medida que processos manuais repetitivos são automatizados, há um aumento no número de vagas com maior valor agregado. Por exemplo, um operador de máquina que passa a exercer a função de operador digital ou se torna responsável pela instalação e a manutenção das máquinas.

      Esse processo deve se intensificar e tornar-se realidade de pequenas, médias e grandes indústrias. Além das mudanças nos empregos existentes, as novas tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 – como internet das coisas (IoT), computação em nuvem (cloud), big data e inteligência artificial – têm o potencial de reduzir a desigualdade social e os recursos utilizados, e aumentar a participação das mulheres e dos jovens, a eficiência e a competitividade do país.

      Sendo assim, contribuem para que, no pós-pandemia, o país tenha uma recuperação verde – modelo de desenvolvimento que concilia fatores sociais, ambientais e econômicos. “Consideramos o cenário brasileiro atual e o impacto da transformação digital para mostrar a importância de determinadas profissões na definição de uma estratégia nacional de desenvolvimento econômico sustentável”, explica o assessor Técnico da GIZ Martin Studte.

      Conheça as tecnologias

      São as tecnologias habilitadoras que permitem o desenvolvimento de soluções avançadas em quatro grandes áreas de aplicações industriais:

      1. Manufatura inteligente, que integra aspectos como robótica avançada, impressão 3D e tecnologias digitais para a fábrica;
      2. Cadeia de suprimentos inteligente e conectada (smart supply chain), que considera plataformas de conectividade da fábrica com fornecedores e clientes;
      3. Oferta de produtos e serviços conectados (smart products and services), que considera novos modelos de negócios, como o Product-as-a-Service ou serviços baseados na oferta de dados;
      4. Utilização do trabalho suportado por tecnologias (smart working) para a oferta de serviços produtivos.

      O estudo destaca ainda que existe uma migração do trabalhador chão de fábrica para os serviços produtivos, que, por sua natureza intangível, demandam profissionais nos locais onde os serviços devem ser executados, favorecendo assim a distribuição geográfica de empregos qualificados.

      INVESTIMENTO - Profissionais de tecnologia: impacto da formação e requalificação de trabalhadores -

      INVESTIMENTO – Profissionais de tecnologia: impacto da formação e requalificação de trabalhadores – Hinterhaus Productions/Getty Images

      Em curto prazo, a maior lacuna é para a função de operador digital – em dois anos, vamos ter formados 39,4 mil profissionais, enquanto a demanda é de 345 mil (déficit de 89%). Porém, nos próximos 10 anos, esse gap deve cair para 57%. Também chama atenção o profissional de manufatura aditiva, que pode manter a diferença entre oferta e demanda laboral em 75% – em uma década, estão previstos 2,7 mil egressos e a demanda será de 11 mil.

      Vale lembrar que, apesar de serem empregos de alto valor agregado, o que presume anos de formação, experts em digitalização industrial, por exemplo, podem ser formados em um período de 18 a 24 meses através de especializações e mediante a reformulação de cursos já existentes.

      Qualificação e requalificação estão entre as recomendações

      As estimativas de quantos profissionais serão necessários e as lacunas entre a demanda e a oferta – ou egressos de cursos – mostram como o setor educacional brasileiro pode reagir e desempenhar um papel fundamental na recuperação verde.

      “O SENAI, que acompanha as transformações do mercado de trabalho por meio de observatórios técnicos setoriais, avalia que o estudo é mais um norte para o país assumir uma posição dianteira, em comparação com outros países que também precisam atualizar sua mão de obra. Essas tendências devem ser consideradas pelas instituições de ensino profissional na formação inicial e na requalificação dos trabalhadores”, ressalta o diretor geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

      O diretor do NEO, Alejandro G. Frank, completa a lista de recomendações: apostar na imediata formação e requalificação de profissionais; investir na formação de professores, na atualização constante dos currículos e na criação de novos cursos; incentivar a interdisciplinaridade; e desenvolver políticas de inclusão digital a médio prazo.

      “Para longo prazo, é importante criar um plano de atualização dos cursos no Brasil, aproximar o estudante do ensino médio da formação técnica e aumentar a oferta de cursos e de capacitação de professores em áreas menos favorecidas do país”, observa Alejandro Frank. Lucchesi lembra que a oferta do curso técnico no ensino médio está prevista no modelo do Novo Ensino Médio.

      Futuro digital

      ALTA DEMANDA - Setor de TI: área deverá empregar mais de 2 milhões de pessoas em dez anos no Brasil -

      ALTA DEMANDA – Setor de TI: área deverá empregar mais de 2 milhões de pessoas em dez anos no Brasil – Morsa Images/Getty Images

      No pós-pandemia, o Brasil deverá investir na formação de profissionais da área de Software e Tecnologia da Informação (TI) para uma recuperação verde – modelo de desenvolvimento que concilia fatores sociais, ambientais e econômicos. O setor, que representa a base do processo de digitalização de todos os outros segmentos, tendo um perfil de ação transversal, deverá empregar 2,06 milhões de pessoas em 10 anos, sendo 779 000 em 12 profissões emergentes.

      Os dados são do estudo Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde, realizado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

      A pesquisa identifica tendências e 12 profissões emergentes no curto (2 anos), médio (5 anos) e longo prazo (10 anos) na área de Software e TI. Além disso, alerta para as vantagens da formação profissional para o setor. No aspecto social, destaca-se a rápida inserção no mercado de trabalho, com cursos de curta duração e on-line, mais acessíveis. Por exemplo, a formação de programador, que leva em média seis meses, consegue transformar uma pessoa com ensino médio básico, que ganharia apenas um salário-mínimo, em um profissional com salário de 2 500 a 4 000 reais iniciais.

      Outra vantagem é do ponto de vista ambiental, já que a digitalização das atividades econômicas – processo que depende de mão de obra especializada – pode reduzir entre 10% e 20% a emissão total de gases de efeito estufa. Por outro lado, um único curso técnico ou universitário não é capaz de preparar os profissionais no nível de profundidade necessário para cargos de especialista, como Especialista em cloud ou Engenheiro de software. Isso porque os cursos formais fornecem uma visão holística dos processos, mas sem o aprofundamento técnico normalmente desejado pelo mercado de trabalho.

      “Consideramos o cenário brasileiro atual e o impacto da transformação digital para mostrar a importância de determinadas profissões na definição de uma estratégia nacional de desenvolvimento econômico sustentável”, explica o assessor Técnico da GIZ Martin Studte.

      Qualificação e requalificação

      VIGILÂNCIA - Profissionais monitoram sistemas: cibersegurança é um dos ramos da TI em plena evolução -

      VIGILÂNCIA – Profissionais monitoram sistemas: cibersegurança é um dos ramos da TI em plena evolução – Erik Isakson/Getty Images

      As estimativas de quantos profissionais serão necessários e as lacunas entre a demanda e a oferta – ou egressos de cursos – mostram como o setor educacional brasileiro pode reagir e desempenhar um papel fundamental na recuperação verde.

      “O SENAI, que acompanha as transformações do mercado de trabalho por meio de observatórios técnicos setoriais, avalia que o estudo é mais um norte para o país assumir uma posição dianteira, em comparação com outros países que também precisam atualizar sua mão de obra. Essas tendências devem ser consideradas pelas instituições de ensino profissional na formação inicial e na requalificação dos trabalhadores”, ressalta o diretor geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

      O diretor do NEO, Alejandro G. Frank, completa a lista de recomendações: apostar na imediata formação e requalificação de profissionais; investir na formação de professores, na atualização constante dos currículos e na criação de novos cursos; incentivar a interdisciplinaridade; e desenvolver políticas de inclusão digital a médio prazo.

      “Para longo prazo, é importante criar um plano de atualização dos cursos no Brasil, aproximar o estudante do ensino médio da formação técnica e aumentar a oferta de cursos e de capacitação de professores em áreas menos favorecidas do país”, observa Alejandro Frank. Lucchesi lembra que a oferta do curso técnico no ensino médio está prevista no modelo do Novo Ensino Médio.

      Especialista em cibersegurança

      Entre as três profissões de destaque do setor – programador, cientista de dados e analista de cibersegurança – o analista de cibersegurança é o que tem maior gap entre a projeção de profissionais formados e a demanda do mercado de trabalho. Nos próximos 10 anos, o país deve ter 15 200 mil profissionais de segurança cibernética, enquanto a demanda será de 83 000, uma lacuna de 81,7%.

      Em dezembro do ano passado, o SENAI inaugurou cinco academias de segurança cibernética nas cidades de Brasília (DF), Fortaleza (CE), Londrina (PR), Porto Alegre (RS) e Vitória (ES). São laboratórios com infraestrutura, ambiente seguro e pessoal qualificado para realização de competições cibernéticas, palestras, consultorias e cursos presenciais e on-line, ao alcance de pessoas de todo o Brasil.

      A instituição também se juntou a empresas referências no setor de tecnologia e segurança digital, como Rustcon, Cisco e AWS. Exemplos recentes de ações são as turmas fechadas para atendimento a empresas de telecomunicações e secretaria de segurança pública, proporcionando a imersão dos participantes em um simulador digital de ataques cibernéticos. Além do atendimento corporativo para organizações públicas e privadas, as oportunidades estão abertas também para profissionais e estudantes que querem ingressar nesse mercado de trabalho promissor.

      Oportunidades pós-pandemia

      À DISTÂNCIA - Trabalho remoto: Isolamento na pandemia mudou a relação com a tecnologia -

      À DISTÂNCIA – Trabalho remoto: Isolamento na pandemia mudou a relação com a tecnologia – Justin Paget/Getty Images

      A pandemia de Covid-19 acelerou tendências que afetam o mercado de trabalho e deve criar mais oportunidades de emprego para profissionais de tecnologia e logística, de acordo com projeção feita pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A previsão é que surjam, em até cinco anos, novos profissionais para responder, por exemplo, à maior necessidade por internet ultrarrápida em um novo mundo online.

      Na lista estão o analista de soluções de alta conectividade e o orientador de trabalho remoto. Profissões já existentes também ganham mais fôlego e devem ter demanda aumentada, como os técnicos em mecatrônica e em telecomunicações.

      “O SENAI, que é especialista no acompanhamento do mercado de trabalho, havia apontado a tendência de surgimento, em médio e longo prazo, de 30 novas ocupações devido à 4ª Revolução Industrial. A pandemia intensificou, de forma dramática, esse processo de atualização tecnológica, o que deve antecipar para 2021 e anos seguintes uma demanda que estava prevista para daqui a cinco ou dez anos”, explica o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “O novo comportamento das pessoas e das empresas também vai exigir maior especialização de profissionais em algumas áreas, criando novas ocupações”, explica ele.

      As previsões são feitas com base no Modelo SENAI de Prospectiva, metodologia que permite identificar quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho e as mudanças na estrutura organizacional das empresas em um horizonte de cinco a 15 anos. O trabalho é feito a partir da aplicação de um painel com cerca de 20 especialistas – representantes de empresas e de universidades por setor estudado.

      Em seguida, as informações são enviadas aos Comitês Técnicos Setoriais, que elaboram novos perfis e atualizam aqueles existentes. O objetivo é desenvolver competências que se destacarão no futuro devido ao processo de evolução tecnológica e organizacional nos diversos setores industriais brasileiros.

      NOVA CARREIRA - Funcionário em home-office: espaço para o orientador de trabalho à distância -

      NOVA CARREIRA – Funcionário em home-office: espaço para o orientador de trabalho à distância – Morsa Images/Getty Images

      O método é utilizado para embasar as decisões do SENAI sobre a oferta de cursos e seus currículos e já foi transferido a instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. A metodologia foi apontada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem-sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.

      O trabalho feito de casa, ou home office, que se disseminou durante a pandemia, é uma das tendências que deve impactar o mundo profissional. Algumas empresas já manifestaram intenção de manter pelo menos parte de seus funcionários a distância depois que o Covid-19 for vencido. O que será a realidade permanente para milhares de brasileiros abre um campo de atuação para um novo profissional: o orientador de trabalho remoto.

      A previsão é que esse especialista ajude trabalhadores, por exemplo, a se adequar às ferramentas de informática e às rotinas do teletrabalho, assim como deve orientar quanto a medidas para garantir saúde física e mental.

      A previsão também é que a educação a distância se aprofunde, pois muitos brasileiros descobriram, devido ao isolamento social, as vantagens e limitações de estudar pela internet. Como a abordagem e os métodos pedagógicos precisam ser diferentes das aulas presenciais, a avaliação é que há espaço para o surgimento da ocupação de desenvolvedor de aulas para educação a distância e online. Além do conhecimento específico, esse profissional deve saber lidar com tecnologias já usadas no ensino, como realidade virtual e aumentada, inteligência artificial e impressão 3D, entre outras.

      Maior diversificação e mais infraestrutura

      O sucesso das lives de artistas durante a pandemia também deve impulsionar e diversificar o entretenimento online, assim como devem ser expandidas experiências como a telemedicina e as compras online. Esse novo ambiente virtual vai exigir das empresas a utilização de produtos e sistemas tecnológicos mais complexos, com foco na experiência do usuário. Isso deve demandar, prevê o SENAI, profissionais altamente especializados no desenvolvimento de sistemas, programação multimídia, de jogos e ambientes digitais. Devem ganhar espaço no mercado os técnicos desenvolvedores de sistemas, programadores multimídia e o técnico em jogos digitais, entre outros.

      Com todo esse novo tráfego na rede mundial de computadores, a expectativa é que seja necessária uma nova infraestrutura de internet no Brasil, que deve se expandir com a chegada do 5G ao país. Por isso, espera-se maior demanda, por exemplo, por profissionais de telecomunicações que desenvolvam e ofereçam soluções de alta conectividade.

      A previsão também é que as empresas, especialmente industriais, apostem mais em tecnologias da Indústria 4.0, como automação e digitalização, caso persista a necessidade do distanciamento social, e em internet das coisas (IoT), big data e inteligência artificial devido aos novos hábitos de consumo digital dos brasileiros.

      Esse cenário deve abrir oportunidades para novos profissionais como o analista em soluções de alta conectividade, o especialista em análise de grandes volumes de informações (big data) e o especialista em IoT. Deve também ampliar oportunidades de empregos para ocupações existentes, como o técnico em sistemas de transmissões, o técnico em mecatrônica e automação industrial, o técnico em eletroeletrônica e eletricistas. Reforçará ainda a atual necessidade de profissionais que trabalhem com segurança cibernética para evitar ciber ataques, fraudes e roubos de dados.

      Um novo profissional

      CONEXÃO - Desenvolvedor de sistemas: impulso decorrente da indústria 4.0 e da internet das coisas -

      CONEXÃO – Desenvolvedor de sistemas: impulso decorrente da indústria 4.0 e da internet das coisas – Nitat Termmee/Getty Images

      Em um mundo pós-Covid-19, a previsão é que haja reordenamento das cadeias globais de valor e a intensificação das compras online. As empresas vão precisar ter um sistema logístico mais robusto, por exemplo com maior controle de integridade (produtos certos, no momento certo, local, condição de quantidade e ao custo certo) e aumento da transparência (visibilidade da cadeia de suprimentos). Acredita-se que se buscará construir cadeias de suprimentos mais enxutas, ágeis, resilientes e ambientalmente sustentáveis.

      Esse cenário abre espaço para profissionais que trabalham com a chamada Logística 4.0, combinação do uso da logística com as inovações e aplicativos de dados em tempo real para se obter mais eficiência e eficácia. O SENAI prevê o possível surgimento do especialista em logística 4.0 para trabalhar no monitoramento da oferta de suprimentos de produção, bem como na identificação da demanda pelos produtos fabricados. Ele precisará atuar ao lado de profissionais de gestão da informação e big data na estratégia produtiva das empresas, desde a compra dos insumos até a distribuição dos produtos.

      O aumento da difusão da impressão 3D também poderá influenciar na nova organização das cadeias de suprimentos, pois permite a fabricação local de peças simples, sem a necessidade de um longo processo de compra e espera na importação. Durante o período mais agudo da pandemia, a manufatura aditiva ajudou a suprir a falta de peças e insumos destinados à área de saúde. Diante disso, a projeção que é o especialista em impressão 3D, novo profissional já previsto anteriormente pelo SENAI, deve ganhar mais espaço no mercado de trabalho.

      Países importadores de bens essenciais podem passar ainda a estabelecer processos mais rigorosos nos procedimentos de compra, em particular para evitar problemas sanitários. Caso essa tendência se consolide, haverá necessidade de mais profissionais especializados em normas e legislações nacionais e internacionais para orientar a adequação dos fluxos produtivos e dos produtos às possíveis barreiras não tarifárias.

      Profissões em alta

      O SENAI já oferta cursos que preparam o profissional para as profissões que devem crescer no pós-pandemia. Na lista estão cursos para se aprofundar nas tecnologias digitais: Desvendando a Indústria 4.0, Desvendando a Blockchain, Desvendando o Lean Manufacturing, e Desvendando o BIM (Building Information Modeling). Há também cursos sobre inteligência artificial com aplicações na indústria, e de programação móvel para Internet das Coisas (IoT).

      [ Modificado: sexta, 28 jan 2022, 21:56 ]

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        from Prof. Flávio Janones

        Uma instituição de ensino, das escolas de ensino básico até as universidades, precisa ter um bom modelo acadêmico e pedagógico para atendimento dos seus públicos (pais, alunos, docentes e comunidade) nós já sabemos. Sempre destaco que o modelo acadêmico é o coração de uma escola viva, de qualidade e consequentemente de sucesso. 

        Dentro deste corpo, a tecnologia é o sangue que corre nas veias de toda organização. Como bem disse Satya Nadella, CEO Microsoft, “toda empresa será de tecnologia no futuro”. Como a frase foi dita anos atrás acredito que o futuro chegou para as organizações que desejarem serem reconhecidas e perenes.

        A implantação do 5G, o advento dos serviços de inteligência artificial, trabalho remoto e globalizado, metaverso, dentre outras soluções aceleram a cada dia esta transformação digital nas instituições. 

        É claro que no Brasil ainda temos um bom caminho a percorrer. Precisamos acelerar nas inovações e em paralelo no preenchimento das lacunas existentes. O Censo Escolar, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revela que, na educação infantil, a internet banda larga está presente em 85% das escolas particulares. Já na rede municipal, que é a rede com a maior participação na oferta de educação infantil, o percentual é de apenas 52,7%. 

        Quando se trata do ensino fundamental, a rede escolar dos municípios, maior ofertante também nessa etapa de ensino, é a que tem a menor capacidade tecnológica. Nesse caso, 9,9% das escolas possuem lousa digital, 54,4% têm projetor multimídia, 38,3% dispõem de computador de mesa, 23,8% contam com computadores portáteis, 52,0% possuem internet banda larga e 23,8% oferecem internet para uso dos estudantes.

        Um levantamento divulgado no final de 2021 pela startup de educação Descomplica e do Instituto Locomotiva mostrou que 80% das famílias relataram problemas de infraestrutura, outros 54% esbarraram em barreiras socioemocionais e 16% enfrentaram questões de letramento digital. A falta de acesso à tecnologia na pandemia provocou a evasão escolar. 

        Apenas em 2020, o número de crianças e adolescentes fora das escolas no Brasil subiu de 1,1 milhão em 2019 para mais de 5 milhões, segundo estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

        Já no ensino superior, os anos de 2020 e 2021 registraram os maiores índices de evasão de alunos do ensino superior privado no Brasil de toda a série histórica. Foram cerca de 3,42 milhões de estudantes que abandonaram as universidades privadas - uma taxa de 36,6% de evasão no último ano. 

        A transformação digital é o oxigênio para a sobrevivência das instituições de ensino. Hoje as edtechs representam o maior segmento entre startups no País (11,5%), de acordo com o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). 

        A transformação digital na educação não deve mais ser tratada como uma tendência para o futuro, mas sim como um caminho sem volta para escolas que desejarem crescimento, perenidade e principalmente atendimento aos alunos cada vez mais conectados e tecnológicos. 

        Prof. Flávio Janones é Mestre em Negócios, empreendedor, professor e Diretor de Expansão da Universidade Uniube. Escreve para essa coluna semanalmente. @janones


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          from Gazeta do Povo

          Um título taxativo tem sempre seu peso. Mas dobro minha aposta. Empresas conectadas ao espírito e às demandas de seu tempo, daqui para frente, irão se transformar cada vez mais em espaços educacionais. E antes de entrar no que significa esse novo conceito, dou um passo atrás para explicar sua importância.

          Partamos de uma verdade indigesta, mas com potencial transformador: as pessoas confiam mais nas empresas do que nos governos ou na mídia. Ao serem indagados pela pesquisa Barômetro de Confiança 2020, realizada pela Edelman, 80% dos entrevistados responderam confiar nos cientistas, 69% nas pessoas da própria comunidade e 65% em cidadãos de seu país. Um pouco mais da metade (51%) diz ainda acreditar nos CEOs e 50% nos jornalistas. Os governantes aparecem ao final da lista, com 42%.

          Diante desse cenário, você já pensou no impacto do seu negócio na sociedade?

          Na era da responsabilidade social e da transparência, o novo pensamento que emerge dentro das corporações redireciona e expande suas forças educacionais. Muitas organizações avant-garde já estão se entendendo como plataformas impulsionadoras de conhecimento para a sociedade como um todo. E se lá atrás os alicerces da aprendizagem corporativa estavam calcados em garantir baixa rotatividade e alta produtividade entre funcionários, agora é preciso ir além. Da equipe ao consumidor final, passando pelos prestadores de serviço: a educação corporativa do futuro olha para todos os stakeholders e transforma o mundo, para além do negócio. É esse o novo posicionamento que chamamos de empresa-escola.

          Tal qual a visão anterior de educação corporativa, esse novo mindset também opera na lógica ganha-ganha. Para a sociedade, fica a circulação de um saber de qualidade, proporcionada não só pelo ensino formal, mas também por empresas engajadas com o compromisso de entregar a seus ecossistemas o conhecimento que detêm. Para a corporação, a benesse vem de um reforço de vínculo entre seus stakeholders, aumentando o valor de marca e garantindo maior sustentabilidade relacional e financeira para o negócio.

          Tomemos o iFood como case. Se antes a educação corporativa era voltada única e exclusivamente aos funcionários, hoje a empresa lança processos de aprendizagem a restaurantes e entregadores. É uma forma de garantir que novas habilidades sejam aprendidas e que outros conhecimentos estejam circulando de ponta a ponta.

          Já a Warren, corretora de investimentos e gestora de patrimônio, oferece várias trilhas de conteúdo gratuitas para o cliente final. “Nenhum de nós nasceu sabendo montar um plano financeiro. Nem aprendeu na escola. Nossos cursos de Vida Financeira nasceram para resolver estes problemas”, diz a empresa no site de seu braço educacional.

          Derivada do termo em latim “educare”, educar significa “conduzir para fora”. É essa a movimentação contemporânea e futurista da educação corporativa. E a gente sabe, o futuro é logo ali. 

          Sua empresa está preparada?

          *Mariana Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK, é empreendedora e vem ajudando a provocar mudanças no universo corporativo por meio de uma educação criativa e disruptiva em empresas como Google, Facebook, Globo, Boticário, Ambev, entre outras. Mariana atuou durante anos como gestora da Perestroika, escola de atividades criativas destacada como “uma das nove empresas da nova economia brasileira”, e em 2014, intraempreendeu e criou a SPUTNiK, o braço in company da Perestroika.

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            A necessidade de distanciamento social nos últimos anos, devido a pandemia do coronavírus, acelerou a inovação e a tendência de novas políticas de trabalho que, cada vez mais, se consolidam como novos modelos de colaboração. A principal delas é o modelo híbrido de trabalho que, em 2022, se torna uma realidade implementada por 48% das empresas, como indica a 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH).

            Na última edição do Índice de Confiança Robert Half, estudo trimestral da consultoria, foi levantado que o modelo híbrido de trabalho deverá ser implementado por 48% das empresas brasileiras em 2022, enquanto 38% das empresas planejam retornar ao modelo 100% presencial e apenas 3% pretendem permanecer no modelo 100% home office.

            A sondagem leva em conta as respostas de 387 recrutadores, coletadas entre 3 e 30 de novembro de 2021, e revela ainda que 38% das empresas devem retornar ao modelo 100% presencial, enquanto apenas 3% devem permanecer no modelo 100% home office. Na ocasião, 11% dos entrevistados afirmaram ainda não ter o modelo definido para 2022. Em junho, esse número era de 58,1%.

            Ainda segundo o levantamento, entre as empresas que já definiram o modelo híbrido de trabalho para 2022, a maioria optou por um maior equilíbrio entre casa e escritório, com 30% delas exigindo a presença dos trabalhadores no escritório por três vezes por semana e 28%, duas vezes por semana. Apenas 4% definiram o escritório como local de trabalho em quatro dias, e 6% deverão comparecer apenas uma vez por semana.

            A pesquisa também ouviu 387 profissionais empregados sobre os maiores desafios que devem enfrentar no retorno ao escritório. Desse grupo, 66% apontaram o desgaste com deslocamentos; 55% indicaram a dificuldade de readequação de uma rotina que já havia sido definida com o trabalho remoto; e 43% ainda se mostram desconfortáveis com a exposição a aglomerações em reuniões e espaços compartilhados.

            A preocupação em manter o nível de produtividade e a perda da convivência com familiares também foram citadas, com 35% e 24% das menções, respectivamente. Nesse sentido, Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, ressalta que muitas pessoas se deram conta de que sua produtividade independe da presença física nos escritórios e, por isso, estão repensando a necessidade de encarar certos desconfortos cotidianamente.

            Mantovani ainda conclui que as empresas que têm a possibilidade do trabalhado híbrido, mas que não se adequarem a isso, precisam ter em mente que renunciarão à contratação de bons profissionais, além de ter mais dificuldade para atrair os melhores talentos do mercado, pois, o cenário que temos hoje, é o do trabalho flexível como um modelo de contratação que visa à manutenção da produtividade e à valorização das vivências pessoais e profissionais, dentro e fora do escritório.

            Realidade híbrida: o Zoom já pensa nela

            Zoom (Z1OM34), plataforma que se popularizou com a crise sanitária provocada pelo Coronavírus, é um exemplo de cultura, modelo de negócios e a estrutura de funcionários aberto para essa transformação de empregos.

            Segundo o estudo detalhado encomendado pela empresa, O Momentive | Zoom Future of Work Poll 2022, os funcionários valorizam a escolha na forma como trabalham, 69% afirma que é importante que eles possam escolher se trabalham pessoalmente, remotamente ou em modelo híbrido.

            A empresa considera, por exemplo, que o futuro do trabalho será baseado em permitir um ambiente flexível para todos, um espaço onde pessoas se reúnem para colaborar de diferentes maneiras. Assim, a companhia segue firme aos princípios estabelecidos no início da pandemia: não reabrir nenhum escritório até que isso possa ser feito sem a necessidade de distanciamento social.

            [ Modificado: domingo, 23 jan 2022, 18:54 ]

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              De piaui .folha .uol .com .br Hoje, 12h14

              Ainda que o acesso à universidade tenha se expandido no Brasil nas últimas décadas, o país tem índices baixos de diplomados. Em 2019, apenas 21% dos adultos de 25 a 34 anos de idade concluíram o ensino superior. O percentual é bem inferior à média dos países que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 44%. Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice está na casa dos 49%.

              Ainda que tenha passado de 11%, em 2008, para 21%, em 2018, o Brasil tem a pior taxa entre os países da América Latina, ficando atrás de México (24%), Colômbia (30%), Chile (34%) e Argentina (40%).

              O país com maior índice de pessoas com ensino superior é a Coreia do Sul, onde 70% da população de 25 a 34 anos chegou à etapa. Em seguida aparece a Rússia, com 63%, e o Canadá, com 62%.

              [ Modificado: domingo, 23 jan 2022, 18:54 ]

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                From www.jornalopcao.com.br January 19, 12:15 PM

                O retorno das atividades presenciais já é uma realidade no país, inclusive em Goiânia, que volta nesta quarta-feira, 19. Na educação, a volta das aulas 100% presenciais foi anunciada em diversos estados do Brasil para 2022. Quadro este que se diferencia de 2020, início da pandemia, quando foi decretado a suspensão das aulas presenciais em todo país. Segundo pesquisa publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 99,3% das escolas brasileiras interromperam o funcionamento presencial devido a pandemia.

                Com isso, a solução encontrada para a continuidade da educação foi através do ensino online. A educação remota foi uma alternativa utilizada em 2020 e 2021 em todo Brasil, porém com decretos diferentes em cada região. Com a utilização deste ensino por um longo período de tempo, a questão da personalização do ensino para o remoto de forma permanente e não provisória é questionada por especialistas. O mapa World Innovation Summit for Education (Wise), por exemplo, mostra que até 2030, a maior parte do ensino no mundo será personalizada e online. Uma mudança que já começou e é irreversível, segundo o educador Alfredo Freitas, Diretor de Educação e Tecnologia da universidade americana Ambra University.

                Para o educador brasileiro Alfredo Freitas, estudar remotamente já está virando um hábito e que as pessoas terão dificuldade para retornar ao ensino totalmente presencial. “O mundo já se prepara para tornar o modelo híbrido de educação uma realidade mesmo após a pandemia. Nos EUA, agora em janeiro, não houve retorno ao ensino presencial nas universidades. Na Europa, gestores públicos e privados da educação já planejam modelos híbridos que permitam a continuidade do aprendizado de forma melhorada a partir da internet”, explica.

                Dados recentes mostram que já são quase 10 milhões de brasileiros matriculados no ensino via internet. O impulso na modalidade de ensino via internet no Brasil, expôs o quão útil e eficaz é a metodologia e obrigou o fim imediato do preconceito com o ensino online, afirma Freitas. Regulamentado há 14 anos no Brasil, o ensino a distância superou pela primeira vez a oferta de vagas da educação presencial no país. De acordo com o Censo mais recente da Educação Superior, foram oferecidas 7,1 milhões de vagas a distância, frente a 6,3 milhões de vagas presenciais.

                Em contrapartida, uma pesquisa, de 2019, do TIC Kids Online Brasil revelou que, aproximadamente, 1,8 milhões de indivíduos de 9 a 17 anos não são usuários de internet, enquanto 4,8 milhões vivem em domicílios que não possuem acesso à rede. Ou seja, o acesso ao ensino remoto também depende de questões socioeconômicas. Já uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), intitulada “O impacto da pandemia do covid-19 no desenvolvimento das crianças na pré-escola”, apontou que no primeiro ano da pandemia, crianças do ensino infantil desenvolveram um aprendizado em ritmo mais lento.

                O Brasil foi o país que mais tempo ficou sem aulas presenciais nos ensinos infantil e fundamental, levando em conta membros e parceiros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo um relatório publicado em setembro de 2021. No ensino infantil, mais de 8,9 milhões de crianças de 0 a 5 anos foram atingidas pela interrupção das aulas presenciais no país. O fechamento e a suspensão das atividades também prejudicou o ensino brasileiro. Dados da Unesco confirmam que as escolas brasileiras permaneceram fechadas acima da média mundial. Conquanto, de acordo com Freitas, a pandemia diminuiu o preconceito com o ensino via internet.

                O ensino superior da rede privada, por exemplo, sofreu uma queda de 8,9% nas matrículas em cursos presenciais no primeiro semestre de 2021, enquanto a modalidade via internet viu a procura subir 9,8% no mesmo período. Os dados são do Mapa do Ensino Superior no Brasil, pelo Instituto Semesp, e refletem uma tendência que se mantém desde 2016 e deve aumentar ainda mais no período pós-pandemia.

                “A alta abstinência ao exame do Enem em 2021, por exemplo, pode representar que as pessoas querem a praticidade de estudar e serem avaliadas de forma online. O mundo já se prepara para ampliar a modalidade de ensino via internet e assumir o modelo educacional híbrido (online e presencial) no curto prazo. O Brasil deveria seguir essa tendência”, afirma o especialista que tem mais de 15 anos de experiência em tecnologias da educação.



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                  Home - Bússola - Para onde vão as edtechs no Brasil em 2022

                  Com as transformações provocadas pela pandemia, algumas inovações no setor educacional permanecerão, para facilitar a rotina de aprendizagem. Em 2022, o setor estará bastante aquecido e próspero para investimentos, assim como em 2021. De acordo com a plataforma de inovação Distrito, edtechs receberam cerca de US$ 22,5 milhões em investimentos em 2021, superando em 770% todo o valor arrecadado no ano anterior.

                  “O EAD, que ainda sofria alguma desconfiança, se tornou o principal modelo de ensino do mundo nos últimos dois anos. Ficamos entusiasmados em ver todo o mercado adotando o modelo, porque sabemos que no digital é possível oferecer uma experiência de aprendizado mais específica, personalizada e consequentemente mais efetiva”, diz Caio Moretti, CEO do Qconcursos.

                  Com novos recursos, edtechs crescendo e surgindo no mercado com ideias para democratizar e melhorar a educação no Brasil, Caio separou para a Bússola algumas tendências do setor previstas para este ano.

                  Gamificação

                  O uso da técnica de gamificação, que consiste em aplicar características presentes em games em situações fora do jogo, será utilizada para motivar o aprendizado de um jeito mais leve e inovador. De acordo com a oitava Pesquisa Game Brasil (PGB), 72% dos brasileiros afirmam consumir jogos eletrônicos, aproveitar essa "paixão" é uma ótima forma de estimular estudantes de diversas idades.

                  Machine learning

                  machine learning (ou "aprendizado de máquina") identifica quais tarefas, conteúdos e matérias um aluno possui maiores dificuldades ou facilidades, auxiliando professores a concentrar-se em ajudar o aluno diretamente nos pontos mais difíceis para ele. Assim, as aulas ficam mais personalizadas e os alunos não precisam se dedicar onde não precisam.

                  Metaverso

                  Definido como um universo virtual onde será possível ter experiências sociais híbridas online com outras pessoas, mesmo sem estar presente, o Metaverso vai contribuir para a educação aproximando alunos e professores em qualquer lugar do mundo, e não somente através de uma tela, mas com avatares digitais. Além disso, será possível observar de perto conteúdos antes não disponíveis, por exemplo, ao estudar geografia, o aluno conseguirá ver com óculos que oferecem experiência imersiva, solos e rochas quase que pessoalmente, será um experimento muito enriquecedor.

                  Ensino híbrido

                  Assim como nas empresas, o modelo híbrido também será tendência nas instituições de ensino. A grade de aulas revezando o ensino à distância com o presencial será utilizada principalmente em faculdades, cursinhos e no ensino médio. De acordo com a pesquisa feita pelo Observatório da Educação Superior, 63% dos jovens desejam ingressar no ensino superior com ensino híbrido no primeiro semestre de 2022. As instituições que investirem neste modelo sairão na frente.


                  [ Modificado: sábado, 15 jan 2022, 17:31 ]

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                    Home - Carreira - As habilidades mais importantes na contratação, segundo líderes

                    Que habilidades essenciais em um profissional? O estudo da Hult EF Corporate Education, organização mundial de educação corporativa, com lideranças em 16 países mostrou respostas diferentes no Brasil e no resto do mundo.

                    No mundo, liderança e comunicação foram coroadas como as habilidades essenciais nos profissionais para ter sucesso no negócios. Enquanto isso, as lideranças brasileiras destacaram duas competências diferentes entre as mais desejadas:
                    • Tomada de Decisões Estratégicas (29%)
                    • Planejamento de Negócios (21%)

                    Agora, o que os líderes realmente estão olhando na hora de contratar? Segundo os dados, existem duplas de habilidades mais valorizadas dependendo do nível de experiência dos cargos. Confira:

                    A pesquisa foi realizada com 1.188 profissionais em posições de comando em multinacionais. No Brasil, 68 líderes responderam à pesquisa, sendo 24 deles da indústria de software e 11 de finanças.

                    Além do Brasil, participaram da pesquisa Argentina, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Japão, México, Noruega, Espanha, Emirados Árabes, Reino Unido e Estados Unidos.

                    Além das habilidades, 27% dos líderes apontaram que, em dois, a maior parte do orçamento será voltado para o desenvolvendo priorizando as habilidades comportamentais em detrimento das habilidades técnicas.

                    Para Eduardo Santos, Diretor Geral da Hult EF Corporate Education no Brasil, há uma tendência evidente de investimento nas capacidades pessoais dos profissionais por parte das empresas.

                    "As soft skills, como são conhecidas, são menos suscetíveis aos avanços tecnológicos. Em outras palavras, a tecnologia não consegue substituir as habilidades pessoais”, explica.

                    As habilidades "soft" também são facilmente transferíveis de uma função para a outra. Se um profissional atua em uma área e precisa atualizar seus conhecimentos técnicos, como aprender uma nova linguagem de programação, ou ainda precisa fazer a transição para uma área complemente nova, suas capacidades comportamentais permanecem úteis.

                    As soft skills com maior demanda vistas no estudo correspondem com a visão do recrutador e sócio do Grupo DNA, Gustavo Costa, sobre as competências com maior déficit no mercado de trabalho. Segundo ele, a habilidade mais buscada e em falta é a capacidade de se comunicar de forma clara.

                    “Isso será exigido para todas as cadeiras. E ficará ainda mais intenso com o trabalho remoto", diz. 

                    Em segundo lugar, Costa vê que existe uma falta de profissionais que consigam compreender como sua área se relaciona com a estratégia do negócio. Longe de ser uma preocupação apenas da liderança. Por último, ele aponta que faltam profissionais que demonstrem a capacidade de formar vínculos e construir ideias em conjunto.

                    Habilidades técnicas em alta

                    A Coursera, uma das principais plataformas do mundo de educação digital, lançou um relatório com as habilidades em alta nas áreas de negócios, tecnologia e ciência de dados. Esses três setores são considerados por terem a maior popularidade entre cursos da plataforma.

                    Para determinar o ranking das dez habilidades em alta, a empresa analisou novas matrículas em cursos, buscar na Coursera e as tendências de buscas no Google.

                    Como apontado peles especialistas, as habilidades técnicas são mais propícias a mudanças na economia, na tecnologia e no mercado de trabalho.

                    No Brasil, a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) prevê que algumas áreas de tecnologia terão um crescimento maior de demanda de profissionais de acordo com os investimentos previstos para cada uma.

                    Em primeiro lugar, a área de Big Data e Analytics se destaca com 26% dos empregos gerados na projeção dos próximos cinco anos.

                    Se você está no início da carreira, o estudo da Hult EF Corporate Education mostra que uma estratégia importante para conseguir um emprego é reforçar a parte técnica do seu currículo. E observar as tendências do mercado ajuda a direcionar sua especialização.

                    Confira os rankings da Coursera com as competências técnicas em alta:

                    As 10 habilidades em alta em negócios

                    1. Software de análise de dados
                    2. Microsoft Excel
                    3. Gestão de orçamento
                    4. Economia comportamental
                    5. Gestão de processos de negócios
                    6. Marketing digital
                    7. Gestão de projetos
                    8. Design para negócios
                    9. Análise de dados

                    As 10 habilidades em alta em tecnologia

                    1. Teoria de ciência da computação
                    2. Princípios de programação
                    3. C++
                    4. Programação C
                    5. JavaScript
                    6. Estruturas de dados
                    7. Desenvolvimento Web
                    8. Design e produto
                    9. Design gráfico
                    10. Matemática

                    As 10 habilidades em alta em ciência de dados

                    1. Programação em Python
                    2. Probabilidade e estatística
                    3. Econometria
                    4. Machine learning
                    5. Gestão de dados
                    6. Algoritmos de machine learning
                    7. Aplicação de Machine learning
                    8. Distribuição de probabilidade
                    9. SQL
                    10. Deep learning


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