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As experiências enfrentadas durante a pandemia podem ter mudado para sempre o ensino nas instituições privadas de São Paulo. Colégios, cursinhos, universidades e escolas de idiomas criaram, às pressas, condições para que seus alunos conseguissem assistir às aulas remotamente. Um pouco depois, passaram a oferecer um modelo híbrido. Esta última opção deve seguir nos currículos mesmo após a crise.
"Muitos professores tinham medo de usar a tecnologia, mas eles se superaram", diz Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (sindicato das escolas privadas de SP). Segundo ele, a tendência é que o sistema mesclado permaneça. Os estudantes continuariam indo presencialmente, mas poderiam assistir às recuperações ou repor dias perdidos a partir de casa.
Isso, porém, não será fácil para todos os colégios.
A rede é heterogênea. Silva conta que, entre as 11 mil associadas do sindicato, muitas atendem classes C, D e até E. Alguns dos alunos, portanto, tiveram dificuldades para acompanhar aulas remotas durante a pandemia.
COLÉGIO PARTICULAR: OBJETIVO
Tecnologia é legado que fica após pandemia
Campeão pela quarta vez seguida, o Objetivo foi citado por 10% dos paulistanos como melhor colégio particular da capital.
Maria do Rosário de Toledo Camargo, coordenadora pedagógica da escola, atribui o bom resultado no último ano ao empenho do Objetivo em seguir provendo uma boa educação em meio à pandemia.
"Investimos muito em tecnologia em 2020, quando ficamos praticamente sem funcionar. Em 2021, já estávamos bem preparados para a volta às aulas".
"A indústria, órgãos de Estado e da Justiça elogiam nossos estudantes. Dizem que eles são bem formados tecnicamente e que também têm valores", afirma Vasconcelos.
Em 2022, o Mackenzie completa 70 anos com o título de universidade. Para manter o nível durante a pandemia, precisou, em poucos dias, atender remotamente cerca de 25 mil alunos. Antes, tinha cerca de mil estudantes de EaD.
Depois, no segundo semestre do ano passado, recebeu os alunos por seis semanas. Ao fim do prazo, fez uma pesquisa de satisfação, na qual 80% dos discentes se mostraram satisfeitos com a iniciativa.
A graduação volta agora ao presencial, mas a expertise desenvolvida com as aulas remotas continuará a serviço de mestrado, doutorado e algumas pós lato-sensu.
Vasconcelos conta que, durante o período, a vida para além das aulas nos campi também fez muita falta.
"Sofremos sem os corais, as atividades dos centros acadêmicos e as esportivas, porque não dá para treinar online. Esperamos que tudo volte ao ritmo pré-pandemia."
MACKENZIE
18% das menções
Fundação
1870 (virou universidade em 1952)
Unidades
Três campi
Funcionários
1.720
Faturamento
R$ 1,478 bilhão do Instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da universidade, em 2021
Crescimento
6,6%
Nós gostamos de pessoas. O professor que trabalha no Mackenzie, os líderes e os mackenzistas acreditam que a educação, de fato, transforma a vida.Damos todas as possibilidades de formação para que os alunos se tornem cidadãos que contribuam para transformar a sociedade
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Aurélio Araújo
Colaboração para Tilt, em São Paulo
Uma inteligência artificial desenvolvida pela Intel é capaz de monitorar as expressões faciais dos alunos e identificar quem está distraído ou em dúvida durante aulas à distância. A nova tecnologia, em parceria com a Classroom Technologies, tem causado debate sobre invasão de privacidade e os limites da supervisão eletrônica.
A Classroom é responsável pelo software de EAD (educação a distância) Class, que adapta videochamadas do Zoom para torná-las ambientes virtuais voltados ao ensino e aprendizagem. O Class se tornou popular durante a pandemia de covid-19, quando as escolas estavam fechadas, estimulando a empresa a buscar outras novidades para um mercado em expansão. Uma delas é essa IA da Intel.
Como funciona
De acordo com um comunicado divulgado pela Classroom Technologies, a ideia é "melhorar a compreensão do engajamento" nas salas de aula virtuais. Segundo o site Protocol, o sistema da Intel é capaz de detectar, pela expressão facial, quais estudantes estão distraídos, confusos ou entediados no momento da explicação do professor.
Para isso, o rosto é capturado pela câmera do computador que ele usa para acessar a aula, e as imagens são processadas por um sistema de visão computacional, que identifica e cataloga suas expressões faciais.
As informações são então cruzadas com dados sobre o que o aluno está estudando naquele momento, gerando assim uma avaliação da sua compreensão do conteúdo.
Para o presidente executivo da Classroom, Michael Chasen, essa é uma maneira de dar aos professores "insights adicionais", que podem ajudá-los a se comunicar de forma melhor com os alunos. Em entrevista ao Protocol, ele afirmou que a falta de engajamento dos estudantes em aulas de EAD foi um problema ao longo da pandemia.
Qual é a polêmica?
Especialistas em educação nos EUA levantaram vários questionamentos a respeito da inovação. É correto supervisionar os alunos dessa maneira? Um computador tem direito de "dedurar" uma sentimento que a própria pessoa não quis revelar (como confusão ou incompreensão do conteúdo)? Quais os limites do que é aceitável em nome da produtividade?
Em entrevista a Tilt, o professor Marcus Vinicius Maltempi, vice-coordenador executivo do Instituto de Educação e Pesquisa em Práticas Pedagógicas da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), diz que o desenvolvimento desse tipo de tecnologia precisa incluir educadores.
"Isso é bastante comum na área de computação. O pessoal da computação não tem experiência com educação, então vê a tecnologia muito mais como fim do que como meio. Aí se mete a desenvolver coisas para a educação sem passar pelo crivo de professores, educadores, especialistas e assim por diante", afirma Maltempi.
Ele diz ainda que, de forma geral, inovações tecnológicas não são criadas especificamente para ambientes educativos, sendo posteriormente adaptadas para isso, o que pode gerar problemas.
No caso específico do sistema desenvolvido pela Intel, o professor explica que, pelo fato de a câmera não fazer a leitura da linguagem corporal completa do aluno, se resumindo apenas à expressão facial, seu resultado pode estar "sujeito a muitas falhas". Mas o uso de IA na sala de aula não é antiético, segundo ele: a "ubiquidade das redes sociais" alterou o que se considera como invasivo.
"Depende muito de como isso [a inteligência artificial] é apresentado para os alunos, como é combinado o seu uso", afirma. "Hoje em dia, a gente vê que as gerações mais novas lidam com a questão da invasão de privacidade de maneira muito diferente das gerações anteriores, que não vivenciaram esse mundo de redes sociais tão intenso."
Mais eficiência? Depende
Ainda assim, Maltempi diz que a nova tecnologia não parece estar ligada a uma ideia de tornar a aprendizagem mais eficiente, mas sim à prática do ensino. São conceitos diferentes: o ensino está ligado ao professor e à sua explicação, enquanto o aprendizado diz respeito à compreensão do aluno sobre o tema.
"Eles estão mais preocupados com garantir que os alunos que estão participando ali estejam atentos à fala do professor, ou demonstrem estar atentos, do que com que garantir que os alunos estejam realmente aprendendo. O gesto não mostra o que se passa na cabeça do aluno naquele momento."
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A realidade que esperávamos no futuro já é presente em instituições de ensino de todo o país, desde a educação básica, até o ensino superior. As aulas mediadas por tecnologia foram aceleradas, principalmente, pelo surgimento da pandemia de Covid-19, que exigiu mudanças drásticas na maneira como a educação é vista no Brasil.
No entanto, muito além das aulas remotas e ferramentas de ensino à distância, é necessário entender e desenvolver uma narrativa que demonstre o cenário tecnológico nas instituições de ensino superior (IES), como elas afetam a jornada do aluno e traçar um panorama para o futuro, que está mais próximo do que podemos imaginar.
De acordo com dados do portal “Coronavírus”, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), em março de 2021, um dos momentos mais delicados da pandemia, quase 93% das universidades federais do Brasil utilizaram ferramentas tecnológicas para mediar as aulas. Destes, 78% de forma totalmente remota e menos de 15% de forma híbrida. Quanto aos Institutos Federais, 100% deles atuaram de forma remota, por meio de tecnologias, neste mesmo período.
Com o desenvolvimento, quase obrigatório, das universidades com relação às tecnologias de ensino à distância, novos modelos de ensino surgiram, alinhando a demanda e o interesse dos alunos às vantagens resultantes para as instituições. Antes desse período, os modelos oferecidos eram majoritariamente o presencial e o EAD (ensino à distância). Com estas mudanças, algumas instituições passaram a oferecer além do presencial, o remoto gravado (em que a interação com o professor é menor), o híbrido (uma mescla entre presencial e remoto) e o remoto online (aulas ao vivo com interação constante com os professores).
Com a alta taxa de desemprego e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes, o ticket médio em IES privadas apresentou processo de redução. A oferta de modelos com valores adequados à realidade dos alunos é uma possibilidade de apoio à captação e retenção destes estudantes. Uma das questões que entra em cheque, no entanto, é o desenvolvimento e a evolução de sistemas de informação adequados aos novos desafios e a todos os pontos de contato da jornada dos alunos, a partir desta diversificação de canais de ensino.
Maturidade tecnológica das instituições de ensino superior
Na era dos dados, a implementação de sistemas de informações sólidos e que contemplem integralmente a jornada do aluno tornam-se cada vez mais importante para acompanhar a evolução e o desenvolvimento do setor. A utilização de sistemas de Business Intelligence (BI), por exemplo, possibilita a compreensão das operações de ensino em todas as etapas de interação do aluno, projetando indicadores que facilitam a análise da jornada em diferentes ângulos, visões e processos.
Os insights obtidos a partir destas ferramentas projetam benefícios diretamente ao aluno, como o aperfeiçoamento e a personalização do ensino de acordo com as necessidades de cada estudante. As instituições, por outro lado, podem ser beneficiadas com a mitigação de riscos relacionados, principalmente, ao setor financeiro e a evasão intrasemestral ou desistência intersemestral, a partir de predições assertivas extraídas de dados estruturados.
Para isso, no entanto, é preciso amplificar a maturidade tecnológica das instituições. Embora algumas barreiras tenham sido quebradas a partir da pandemia, outras se mantêm tão rígidas quanto antes, o que precisa ser alterado para que as instituições consigam acompanhar o ritmo acelerado de inovações e adoção de tecnologias que contribuam para o avanço das IES neste mercado.
Futuro tecnológico na educação universitária
A soma dos fatores elencados acima é um dos principais responsáveis pela escalada tecnológica na educação. No entanto, outros agentes desempenham papel fundamental nessa ascensão, como as Edtechs (startups do segmento de educação), por exemplo.
Segundo um levantamento realizado pelo CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) e pela Abstartup (Associação Brasileira de Startups do Brasil), o país já soma 566 startups de educação, um aumento de 26% em dois anos. Com a transformação digital do ensino, ferramentas e serviços oferecidos por estas Edtechs têm despertado o interesse de escolas, professores, alunos e também de investidores, e já demonstram o que se pode esperar para o futuro da educação.
A ampliação de startups neste setor e o crescimento de soluções inovadoras, alinhadas à chegada da geração de nativos digitais às universidades, ajudam a trazer mais dinamismo ao processo de ensino-aprendizagem e a motivar os alunos a aprender. Entre essas soluções, está a gamificação, cuja ideia é utilizar técnicas de jogos em diferentes situações, com objetivo de aumentar o interesse dos alunos e a absorção do conteúdo transmitido.
Outro modelo tecnológico que se destacou rapidamente nos últimos meses foi o Metaverso, entendido atualmente como um ambiente virtual imersivo, coletivo e hiperrealista, onde as pessoas podem conviver usando avatares customizados em 3D. Em outras palavras, é uma continuidade do mundo físico, com senso de presença individual, como identidade, histórias, direitos, objetos, comunicações e pagamentos.
A união do conceito de gamificação à esta rápida ascensão do Metaverso nos mais diferentes segmentos abre inúmeras oportunidades de inovação nas formas de ensino, corroborando para o dinamismo das aulas e para a melhora da performance e absorção de conteúdos.
A inclusão do Metaverso no ambiente universitário pode parecer algo que não tenha correlação, porém imagine uma aula de história sobre a segunda guerra mundial. Com a tecnologia e as ferramentas imersivas disponibilizadas, o estudante pode ser inserido digitalmente neste ambiente, a partir de elementos e mídias que remetam e o coloquem dentro de determinados cenários com vivenciamento hiper-realista e com a troca de experiências com outros alunos e professores, qualificando, cada vez mais, o processo de aprendizagem.
O cenário esperado para o futuro, em muitos aspectos, ainda é incerto e este é apenas um dos exemplos de como a tecnologia e o Metaverso podem impactar no futuro do ensino. Entretanto, as mudanças já começaram e as possibilidades se multiplicam a cada dia. Desta forma, as instituições precisam se adaptar rapidamente para esta nova realidade, desde a estruturação das áreas de TI, implementação de sistemas de informação bem estruturados, até a adequação das ofertas de ensino e soluções digitais aderentes ao desenvolvimento tecnológico.
(*) Evandro Abreu é diretor executivo da Provider IT, consultoria e provedora de serviços de TI.
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Com o avançado processo de digitalização, ocupações ligadas à tecnologia se propagam a cada temporada. O Fórum Econômico Mundial prevê crescimento acima de 51% para as chamadas novas profissões do futuro, já neste ano, representando nada menos que 6,1 milhões de oportunidades de emprego em todo o planeta. Entre essas atividades, destacam-se as ligadas a dados, especialista em inteligência artificial, engenharia e computação em nuvem, marketing, vendas e produção de conteúdo, analista de insights e desenvolvedor de inteligência de negócios.
"Assim como o mercado vem mudando, como reflexo da globalização, os perfis ocupacionais também se alteram. Ainda seguimos uma ideia do profissional celetista, com 40 horas semanais, benefícios e garantias de direitos trabalhistas, para que não haja um desmonte dessas pautas conquistadas a duras penas", diz o psicólogo clínico escolar, Vinícius Mota. Ele avalia que, por outro lado, verifica-se uma demanda mercadológica por profissionais com perfil tecnológico com garantia de flexibilidade, trazendo a possibilidade de serem pessoas jurídicas, definindo, assim, carga horária menos rígida, além de ambiente de trabalho na própria casa.
Responsabilidades
"Isso tem sido um dos fatores atraentes para que os jovens busquem por essas formações. É um campo que exige um conhecimento prático, e não tanto academicista. Muitas empresas têm usado dessa necessidade para que, por meio de cursos profissionalizantes, possam arregimentar. Dessa forma, é melhor 'formar' dez profissionais e recrutar apensa um para seu banco de colaboradores do que ficar à procura de especialistas que, muitas vezes, já estão bem empregados."
Mota considera ainda que, nesse contexto, o preparo dos jovens vem exigindo amadurecimento precoce. "Suas responsabilidades se tornam cada vez mais presentes quando se assume um trabalho como esse. Administrar uma carreira, ou mesmo um CNPJ, não está em nosso currículo. Isso faz com que muita gente se deslumbre com altos salários e propostas de trabalhos encantadoras", afirma.
Autonomia
Ainda segundo o psicólogo, no desenvolvimento dos jovens e adolescentes de hoje, a autonomia tem sido algo bastante observado. Segundo ele, persiste a necessidade histórica de querer superar expectativas das outras pessoas. "Ainda é presente o silenciamento de nossos adolescentes, visto uma lógica adultocêntrica acreditar que nossos pensamentos, enquanto adultos, são sempre 'os melhores' para os outros", diz, ponderando que esses dados mostram que existe um movimento, mesmo que tímido, de valorizar, ouvir e acolher o que nossos jovens e adolescentes querem, evitando, assim, frustrações futuras.
Vulnerabilidade
Para Leonardo Libman, sócio-fundador e CEO da Seren Edtech Brasileira, desenvolvedora da metodologia de ensino baseada na experimentação vocacional, o país vive um problema crônico, seja na escola pública ou privada: disponibilizar aos alunos alguma ferramenta ocupacional para que, no momento mais vulnerável de suas vidas, façam a opção por alguma carreira sem ter os olhos vendados, sem autoconhecimento e, principalmente, sem conhecer as opções do mercado.
"É imprescindível que haja uma solução educacional que antecipe a consciência sobre a decisão da escolha de uma carreira. Não disponibilizar uma ferramenta adequada acarreta em gerações cada vez mais frustradas. Hoje é comum os jovens tomarem decisões precoces, sem entender nada. É urgente disponibilizar soluções que tragam clarividência sobre como a educação se comunica com profissões futuras", diz.
Para Libman, as novas gerações devem conhecer mais sobre o dia a dia de cada profissão, suas dores e alegrias. "Todas as áreas têm várias ramificações. Pense em medicina, engenharia, comunicação, direito, nutrição e outras. Em todas, o leque de variáveis é muito grande. Para ilustrar, imagine um profissional de nutrição, qual a visão do trabalho que ele executa? Em algum momento a profissão de nutricionista foi relacionada ao rótulo das embalagens dos produtos que se consome? Possivelmente não, mas essa é uma das atribuições desse profissional. Essa particularidade não é detalhada em nenhum manual de profissão ou teste vocacional, mas poderia ser narrada em detalhes por aquele que a executa", exemplifica.
Muito além do ensino teórico, ele defende a necessidade da preocupação em mostrar ao jovem as inúmeras nuances de cada área e o que cada profissional realmente faz na prática nessas variáveis. "Essa, certamente, será uma ação que a iniciativa privada deverá tomar para si, pois, por enquanto, o governo está num estágio anterior, como é o caso do novo ensino médio, que, não se pode negar, é um avanço, mas é preciso oferecer mais do que isso, para que, assim, tenhamos mais profissionais felizes", afirma, concluindo que os testes vocacionais hoje aplicados são focados mais na teoria do que na prática.
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Reportagem adicional de Will Smale.
Há cerca de um ano, milhões de telespectadores em toda a Coreia do Sul estavam assistindo ao canal MBN para acompanhar as últimas notícias.
No horário nobre, a apresentadora habitual do jornal, Kim Joo-Ha, começou a ler as manchetes do dia. Era uma lista relativamente normal de histórias para o fim de 2020 — repleta de atualizações sobre a pandemia de covid-19.
No entanto, este boletim estava longe de ser normal, já que Kim Joo-Ha não estava realmente na tela.
Ela havia sido substituída por uma versão deepfake de si mesma — uma cópia gerada por computador que busca refletir perfeitamente sua voz, gestos e expressões faciais.
Enquanto algumas pessoas ficaram surpresas com o quão realista era, outras disseram que estavam preocupadas que a verdadeira Kim Joo-Ha pudesse perder o emprego.
A MBN afirmou que continuaria a usar deepfake para algumas notícias de última hora, enquanto a empresa por trás da tecnologia de inteligência artificial — a sul-coreana Moneybrain — anunciou que estaria procurando outros compradores na China e nos EUA.
Quando a maioria das pessoas pensa em deepfakes, elas imaginam vídeos falsos de celebridades.
De fato, pouco tempo depois deste deepfake sul-coreano, um vídeo falso — mas muito realista — do ator Tom Cruise foi destaque no noticiário no mundo todo quando apareceu no TikTok.
Apesar das conotações negativas em torno do termo coloquial deepfake (as pessoas geralmente não querem ser associadas à palavra "fake"), a tecnologia está sendo cada vez mais usada comercialmente.
Mais diplomaticamente chamados de vídeos gerados por inteligência artificial, ou mídia sintética, seu uso está crescendo rapidamente em algumas áreas, como de notícias, entretenimento e educação — e a tecnologia se tornando cada vez mais sofisticada.
Um dos primeiros adeptos foi a Synthesia, companhia com sede em Londres que cria vídeos de treinamento corporativo com inteligência artificial para empresas, como o grupo de publicidade global WPP e a consultoria de negócios Accenture.
"Este é o futuro da criação de conteúdo", diz o executivo-chefe e cofundador da Synthesia, Victor Riparbelli.
Para fazer um vídeo gerado por inteligência artificial usando o sistema da Synthesia, você simplesmente escolhe entre vários avatares, digita a palavra que deseja que eles digam e pronto.
Riparbelli diz que isso significa que as empresas globais podem facilmente fazer vídeos em diferentes idiomas — para cursos de treinamento internos, por exemplo.
"Digamos que você tenha 3 mil trabalhadores de armazém na América do Norte", diz ele. "Alguns falam inglês, mas alguns podem estar mais familiarizados com o espanhol."
"Se você precisa comunicar informações complexas a eles, um PDF de quatro páginas não é uma boa maneira. Seria muito melhor fazer um vídeo de dois ou três minutos, em inglês e espanhol."
"Se você tivesse que gravar cada um destes vídeos, seria um trabalho enorme. Agora podemos fazer isso com um [pequeno] custo de produção e o tempo que alguém levar para escrever o roteiro. Isso exemplifica muito bem como a tecnologia é usada hoje."
Mike Price, diretor de tecnologia da ZeroFox, empresa de segurança cibernética dos EUA que rastreia deepfakes, afirma que seu uso comercial está "crescendo significativamente ano após ano, mas os números exatos são difíceis de cravar".
Chad Steelberg, executivo-chefe da Veritone, fornecedora americana de tecnologia de inteligência artificial, observa, no entanto, que a crescente preocupação com deepfakes mal-intencionados está impedindo o investimento no uso comercial legítimo da tecnologia.
"O termo deepfake definitivamente teve uma resposta negativa em termos de investimento de capital no setor", afirma. "A mídia e os consumidores, com razão, podem ver claramente os riscos associados."
"Isso definitivamente impediu as corporações e os investidores de investir na tecnologia. Mas acho que se começa a ver essa abertura."
Mike Papas, executivo-chefe da Modulate, empresa de inteligência artificial que permite aos usuários criar a voz de um personagem ou pessoa diferente, diz que as empresas do setor comercial de mídia sintética "realmente se preocupam com a ética".
"É incrível ver a profundidade de pensamento que colocam nisso", afirma.
"Isso garantiu que os investidores também se preocupassem com isso. Eles estão perguntando sobre políticas éticas e como você vê isso."
Lilian Edwards, professora de direito, inovação e sociedade da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, é especialista em deepfakes. E, segundo ela, uma questão em torno do uso comercial da tecnologia que não foi totalmente abordada é quem detém os direitos dos vídeos.
"Por exemplo, se uma pessoa morta é usada, como [o ator] Steve McQueen ou [o rapper] Tupac, há um debate em andamento sobre se a família deles deve possuir os direitos [e obter renda com isso]", explica.
"Atualmente, isso difere de país para país."
Deborah Johnson, professora de ética aplicada na Universidade da Virgínia, nos EUA, foi coautora recentemente de um artigo intitulado What To Do About Deepfakes? ("O que fazer com os deepfakes?", em tradução literal).
"Deepfakes são parte do problema maior de desinformação que mina a confiança nas instituições e na experiência visual — não podemos mais confiar no que vemos e ouvimos online", diz ela.
"A identificação é provavelmente a forma mais simples e importante de combater os deepfakes — se os espectadores estiverem cientes de que o que estão vendo foi fabricado, é menos provável que sejam enganados".
A professora Sandra Wachter, pesquisadora de inteligência artificial da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirma que a tecnologia deepfake "está avançando rapidamente".
CRÉDITO,SANDRA WACHTER
Para a professora Sandra Wachter, a resposta aos 'deepfakes' precisa ser diferenciada
"Se você assistiu ao vídeo de Tom Cruise, pode ver como a tecnologia está ficando boa", diz ela.
"Foi muito mais realista do que o do presidente Obama de quatro anos atrás."
"Não devemos ter muito medo da tecnologia, e é preciso haver abordagens diferenciadas para isso. Sim, deve haver leis para reprimir coisas nocivas e perigosas, como discurso de ódio e pornografia de vingança. Os indivíduos e a sociedade devem ser protegidos disso."
"Mas não devemos ter uma proibição total dos deepfakes por sátira ou liberdade de expressão. E o crescente uso comercial da tecnologia é muito promissor, como passar filmes para diferentes idiomas ou criar vídeos educativos envolventes".
Um exemplo do uso educacional de vídeos gerados por inteligência artificial está na Fundação Shoah, da Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA, que abriga mais de 55 mil testemunhos em vídeo de sobreviventes do Holocausto.
CRÉDITO,RON GOULD STUDIOS
Um sobrevivente do Holocausto com seu avatar na Fundação Shoah
Seu projeto Dimensions In Testimony permite que os visitantes façam perguntas que levem a respostas em tempo real dos sobreviventes nas entrevistas em vídeo pré-gravadas.
Steelberg acredita que, no futuro, esta tecnologia permitirá que os netos conversem com versões de inteligência artificial de avós falecidos.
"Isso é transformador, eu acho, para a forma como pensamos nossa sociedade."
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A educação do futuro e a tecnologia
Visitei, na semana passada, a Secretaria da Educação do Paraná e vi o esforço grande que eles fizeram para incorporar as aprendizagens da pandemia ao processo de ensino na volta às aulas.
A rede criou uma plataforma que organiza o que um professor necessita para ministrar cada aula, que pode ser projetada em sala e cuja utilização gera dados sobre o que cada aluno aprendeu. Construíram também um instrumento digital para ajudar o docente a corrigir redações. Visitei escolas e vi essas ferramentas em uso no fundamental 2 e no ensino médio.
Evidentemente, nada disso é sem dificuldades: a volta às aulas trouxe alunos e professores com problemas emocionais; muita formação profissional será necessária e os equipamentos demandam uma logística desafiadora. Além disso, não é a tecnologia que transforma a educação, mas o modo como ela é utilizada e em que ambiente.
Mas aí também transformações importantes começam a acontecer, como a multiplicação de escolas em tempo integral, a partir da bem-sucedida experiência de Pernambuco, permitindo que professores trabalhem em uma única unidade e tenham mais tempo de interação com os alunos, inclusive oferecendo eletivas, algumas delas na área de tecnologia.
Essa mesma situação começa a se expandir para outros estados, tanto no que se refere à ampliação de escolas com uma jornada estendida e professores com dedicação exclusiva quanto ao uso da tecnologia para apoiar o processo de ensino.
Acompanho há anos o trabalho de Pernambuco nessa direção, que tem impactado positivamente os índices de aprendizagem. Também investiram muito em tecnologia, a partir do premiado trabalho de Débora Garofalo, no estado de São Paulo, com a criação do Centro de Mídias e de ferramentas para apoiar o professor, enquanto se expandiu o número de escolas inspiradas na experiência pernambucana.
Cabe, no entanto, a pergunta: é essa a educação do futuro? E a resposta mais curta é "não".
Evidentemente, tudo isso integra uma abordagem de ensino que nos faz avançar, mas para que se possa preparar os jovens para um mundo em acelerada digitalização o que precisa ser feito é formá-los para o que não pode ser substituído por máquinas, que é a capacidade de pensar, colaborar e analisar em profundidade. E isso só se faz atraindo e retendo bons professores, motivados e preparados para educar seres humanos autônomos.
Para tanto, é fundamental que as novas diretrizes de formação docente aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação sejam implementadas nas licenciaturas e nas escolas para que, de fato, se construa a educação do futuro.
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from canaltech
Cerca de 85% dos executivos acreditam que a alfabetização de dados — a capacidade de ler, trabalhar, analisar e se comunicar com informações — será a habilidade mais procurada até 2030. Essa é uma das conclusões de um recente estudo da Qlik, empresa de análise de dados.
- Empresas mais bem-sucedidas focam na experiência total dos negócios
- 99 confirma exposição de dados após denúncias de invasão de contas de motoristas
Além disso, 21% dos funcionários ouvidos acreditam que sua empresa busca um ambiente de trabalho mais automatizado e orientado a informações. No entanto, apenas 11% deles se sentem totalmente confortáveis com o seu nível de alfabetização de dados.
Outras conclusões importantes do estudo:
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- 58% dos funcionários entrevistados acreditam que a alfabetização de dados os ajudará a mantê-los relevantes em suas funções com a inteligência artificial;
- 85% dos executivos acreditam que a alfabetização de dados se tornará tão vital no futuro quanto é hoje a capacidade de usar um computador;
- 89% dos executivos esperam que todos os integrantes da equipe possam explicar como os dados influenciaram suas decisões;
- 35% dos funcionários relataram que mudaram de emprego nos últimos 12 meses porque seu empregador não estava oferecendo oportunidades suficientes de capacitação e treinamento.
O relatório Data Literacy: The Upskilling Evolution (Alfabetização de Dados: A Evolução da Requalificação) foi desenvolvido pela Qlik em parceria com The Future Labs. O estudo combina entrevistas e pesquisas com mais de 1.200 executivos globais c-level e 6.000 funcionários de empresas no Reino Unido, EUA, Alemanha, França, Japão, Austrália e Nova Zelândia em outubro e novembro de 2021.
Inteligência artificial continua importante
Os líderes que participaram do estudo acreditam que o trabalho dos funcionários se tornará mais colaborativo com ferramentas inteligentes, ajudando-os a tomar melhores decisões (84%) e serem mais produtivos (83%).
Além disso, 40% dos executivos preveem que sua empresa contratará um chede de automação nos próximos três anos, subindo para mais de 99% na próxima década. Já 58% dos funcionários pesquisados acreditam que a alfabetização de dados os ajudará a permanecerem relevantes em suas funções com o crescente uso da inteligência artificial.
“Com frequência ouvimos as pessoas falarem sobre como os funcionários precisam entender de que maneira a inteligência artificial mudará a forma como eles desempenham seus papéis. Entretanto, o mais importante é ajudá-los a desenvolver as habilidades que lhes permitam agregar valor ao resultado desses algoritmos inteligentes”, diz Elif Tutuk, vice-presidente de inovação e design da Qlik.
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From valor.globo.com
A digitalização pode contribuir para corrigir décadas de atraso educacional no Brasil. É a nossa chance de buscar um novo modelo de ensino que reduza rapidamente o abismo que existe entre o nosso país e aqueles com os melhores indicadores socioeconômicos. A partir da conectividade, podemos chegar a mais gente de maneira eficiente e veloz, ampliando o acesso a um conteúdo mais técnico e acadêmico. Além disso, temos uma grande oportunidade para atender à demanda do mercado em geral por profissionais de tecnologia, graças às novas trilhas educacionais do ensino médio, que oferecem aos jovens uma formação voltada à empregabilidade nessa área antes mesmo que eles cheguem à graduação.
Não existe dilema entre digitalizar para educar ou educar para digitalizar. São dois lados da mesma moeda. O avanço da infraestrutura de acesso à internet que proporcione a conexão de um maior número de estudantes a um ensino de qualidade e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de competências digitais para aumentar a inclusão e a empregabilidade, são complementares e necessários. Estamos, de fato, diante de uma chance histórica para nações desiguais como o Brasil.
A pandemia mostrou que o nosso modelo de educação não é digital. Os alunos não tinham os equipamentos mais adequados. A cobertura de internet não chegava a todos os lugares que deveria por uma série de impeditivos como, por exemplo, legislações municipais restritivas à instalação de antenas. Não tínhamos professores preparados para trabalhar nesse ambiente, nem profissionais formados e treinados para atender à demanda explosiva por serviços digitais. Os problemas de conectividade, falta de computadores e capacitação de educadores para digitalização do ensino foram flagrantes.
Uma pesquisa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostrou que um em cada cinco alunos do ensino médio da rede pública ficou sem aulas entre 2020 e 2021 - grande parte por falta de aparelhos apropriados ou conexão à internet. O estudo “O abismo digital no Brasil”, realizado pela consultoria PwC em parceria com o Instituto Locomotiva, divulgado recentemente pelo próprio Valor Econômico, mostra que 51% dos brasileiros (principalmente negros das classes C, D e E) estão nas categorias de parcialmente conectados, com pacotes que terminam antes do fim do mês, ou subconectados, que ficam sem conexão dez dias por mês. Neste caso, a alta carga tributária do setor de telecomunicações - na casa dos 47% - contribui de forma direta e efetiva para restringir um acesso mais igualitário.
Por outro lado, as empresas também perceberam que precisam ser digitais para seguir crescendo. Seus clientes querem comprar pela internet, suas reuniões não precisam ser sempre presenciais, seus sistemas devem estar na nuvem, a segurança cibernética tornou-se questão crucial. Nos últimos dois anos, 93% dos micro, pequenos e médios negócios aceleraram o processo de transformação digital, segundo a consultoria McKinsey.
Com isso vemos que a digitalização avançou de forma exponencial, sem que o mercado de trabalho tivesse profissionais para suprir essa necessidade. Temos uma equação com as variáveis de oferta e demanda em desequilíbrio. Certamente, não é possível pedir para o mundo parar e segurar a urgência pela transformação digital. Temos que nos debruçar sobre a oferta.
Hoje, algumas iniciativas públicas, como o Bolsa Conexão (Lei 14.172/2021), o Programa Internet Brasil (MP 1.077/2021) e o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações - FUST (Lei 14.109/2020), focam na conectividade e na disponibilidade de infraestrutura e equipamentos para escolas públicas. São esforços importantes, especialmente diante da exigência dos editais do 5G de estender a conexão à internet de alta velocidade a todas essas unidades de ensino até 2024.
Porém, o foco em políticas públicas de conectividade segue deixando em segundo plano o desafio do desenvolvimento das competências digitais. Não basta levar infraestrutura para navegar na internet. O educador precisa conhecer essas novas práticas pedagógicas para pleno uso. O Programa de Inovação Educação Conectada - PIEC (Lei 14.180/2021) é uma das poucas iniciativas que buscam abordar o uso pedagógico de tecnologias digitais e promovem a capacitação online de professores. Novamente, é uma ação louvável, mas tímida diante da transformação digital e das oportunidades que o país pode abraçar.
Enquanto o desemprego no país atinge mais de 11% dos trabalhadores, observamos abundância de oportunidades na área tecnológica. A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) estima que o setor de tecnologia no Brasil deva movimentar 800 mil novos talentos de 2021 a 2025, e o déficit projetado neste período chega a 530 mil profissionais.
Soma-se a esse cenário o fato que a maioria das profissões em alta hoje neste mercado não existia há dez anos e que 65% dos jovens em idade escolar vão ocupar cargos que ainda não existem. A lista “Empregos em Alta em 2022”, do LinkedIn, revela que 23 dos 25 cargos com maior demanda atualmente são em Tecnologia da Informação.
É preciso formar o profissional do futuro. A deficiência de conhecimento digital na formação dos jovens brasileiros é um colossal entrave para o desenvolvimento do país, em todos os aspectos. Enquanto a média dos alunos que concluem o ensino médio em cursos profissionalizantes nos países integrantes da OCDE é de 38%, no Brasil resume-se a apenas 9%. E, nesse contingente, as iniciativas de cursos voltados à formação em Ciência de Dados são absolutamente incipientes.
Conectividade e capacitação de professores são necessárias, mas é preciso ir mais a fundo, atingir a transformação cultural desde a base do ensino público, no qual estão 80% das nossas crianças e jovens. Nossa escola precisa urgentemente atingir o nível de excelência sem o qual o Brasil não será capaz de promover o desenvolvimento social e econômico que anseia. Isso inclui construir um plano estruturado de ensino e capacitação profissional que permita a esse grupo avançar no empreendedorismo digital e atender às demandas tecnológicas e socioambientais.
Nas atividades deste ano do B20 (grupo de líderes empresariais internacionais com articulação paralela ao G20) o Taskforce Digitalização, que tenho a satisfação de copresidir, já iniciou análises para a criação de políticas e recomendações que devem, a meu ver, também incluir a educação como um dos pilares da transformação digital. No Brasil, empresas e organizações sociais têm feito um grande trabalho na formação de jovens na área da tecnologia. Mas os números do mercado de trabalho mostram que essas iniciativas também não são suficientes.
Os caminhos para superar as dificuldades existem e vão desde a mudança cultural da sociedade até a renovação da escola pública, capacitando-a a preparar seus alunos para viver em um futuro - e, por que não, um presente - seguramente mais digital. Neste sentido, o papel da iniciativa privada é também o de liderar um movimento de apoio e, ao mesmo tempo de incentivo, para a efetiva criação de políticas educacionais e sua priorização nas agendas governamentais. Este é um movimento fundamental para o desenvolvimento sustentável do país ao longo dos próximos anos. Somente assim a digitalização será acompanhada por inclusão social, com oportunidade e equidade. Christian Gebara é presidente da Vivo.
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from Marcelo Almeida
Um dos grandes desafios da área da saúde é implementar soluções inovadoras que atendam as demandas do setor. Um dos métodos para desenvolver a inovação consiste em se atentar às tendências e novidades desenvolvidas e, quando o assunto é o mercado da saúde, podemos destacar iniciativas completamente inovadoras.
É o caso da Fix It, única startup da América Latina que oferece órteses e planejamento cirúrgico a partir da técnica de impressão 3D. Felipe Neves, CEO e cofundador da empresa, elenca quatro tendências promissoras para 2022 na área da saúde.
Segundo Neves, a impressão 3D está cada vez mais inserida no setor da saúde, principalmente dentro dos hospitais e clínicas. Não somente em soluções de imobilização, mas também em equipamentos de suprimentos hospitalares. Além disso, ele aponta a inteligência artificial como uma das tendências no setor e afirma que a vê trilhando um caminho bastante interessante no setor.
A telemedicina também é uma tendência apontada por Neves. A modalidade, que vem revolucionando o ramo, surge como uma alternativa de democratizar o acesso à saúde. “A telemedicina teve sua ascensão em 2021 e acredito que isso irá se consolidar em 2022. Provavelmente teremos cabines de telemedicina no meio da rua, os laudos médicos irão se popularizar junto com as plataformas que irão atender essas demandas. Cada vez mais a gestão de clínicas e consultórios serão realizadas via software, desde o agendamento até o envio de exames em nuvem”, explica o CEO.
A quarta aposta de Felipe Neves são as terapias digitais. Segundo artigo do MIT Technology Review, as empresas estão apostando em aplicativos que podem substituir prescrições médicas. Dessa forma, grandes investidores do mercado enxergam essa tendência como uma oportunidade de “entregar medicina pelo celular”, mas sem o alto custo para trazê-las ao mercado. “Nós já temos vários exemplos de terapias digitais voltadas para diabetes, hipertensão e saúde mental. É uma tendência de um futuro próximo, pois quem tiver a enfermidade, além dos acompanhamentos tradicionais, poderá contar com as terapias digitais para monitoramento 24 horas e com isso diminuir a chance de agravamento das patologias”, complementa Neves.
No entanto, o CEO deixa um alerta para os profissionais da área. “Os profissionais devem ficar atentos ao mercado, porque este tipo de informação e direcionamento não encontramos em congressos tradicionais. A academia, em geral, ainda traz poucas informações de inovação, porque está tão focada na prática profissional que acaba não estando atualizada acerca do que acontece aqui fora. É claro que isso está mudando e vem evoluindo bastante, mas não adianta um terapeuta participar só de congressos de medicina e fisioterapia, ele também precisa acompanhar os congressos de engenharia biomédica, eletrônica e mecatrônica para ter contato com tecnologias avançadas e aumentar seu repertório”, sugere o CEO da Fix it.
Enquanto isso, ele acredita que as empresas que já apostam em inovação devem continuar abrindo editais para inovação, dando espaço para startups entrarem e resolverem os problemas internos delas, usando a tecnologia como uma maneira de encurtar os caminhos seguidos por empresas tradicionais. Neves aponta que “não é só chegar com a vitamina, tem que chegar com a aspirina”. Ou seja, as startups devem estar atentas em trazer inovação junto com a resolução de uma dor latente dessas empresas. Por outro lado, as companhias devem entender que vão necessitar dessas tecnologias para resolver problemas já existentes, ou até mesmo outros que ainda nem sabem que existem. “Temos que usar a tecnologia da melhor forma possível para convencer os players a usarem as soluções”, finaliza o CEO da Fix it.
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O governo federal apresentou nesta sexta-feira, 25, medidas que regulamentam o home office, também chamado de teletrabalho ou trabalho remoto. A medida provisória com a Modernização do Trabalho Remoto permite a adoção do modelo híbrido pelas empresas, com prevalência do trabalho presencial sobre o remoto ou vice-versa. A medida também estabelece que a presença do funcionário no ambiente de trabalho para tarefas específicas, ainda que de forma habitual, não descaracteriza o trabalho remoto. A medida provisória foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em evento no Palácio Planalto com ministros do governo. O texto terá validade de 60 dias após ser publicado no Diário Oficial da União, podendo ser prorrogado pelo mesmo tempo. Para se tornar definitiva, a medida deve ser aprovada pelo Congresso.
Segundo o texto, os trabalhadores com deficiência ou com filhos de até quatro anos completos devem ter prioridade para as vagas em home office. A medida provisória passa a prever expressamente que o teletrabalho poderá ser contratado por jornada, por produção ou tarefa. Para atividades em que o controle de jornada não é essencial, o trabalhador terá liberdade para exercer suas tarefas na hora que desejar. Caso a contratação seja por jornada, a medida permite o controle remoto pelo empregador, viabilizando o pagamento de horas-extras caso ultrapassada a jornada regular. O teletrabalho também poderá ser aplicado a aprendizes e estagiários.
A medida faz parte da rodada de ações do Programa Renda e Oportunidade. O pacote também inclui uma medida provisória que altera regras do auxílio-alimentação. O texto proíbe a cobrança de taxas negativas ou descontos na contratação de empresas fornecedoras de auxílio-alimentação — tanto no âmbito do PAT quanto na concessão do auxílio-alimentação na CLT —, e estabelece multa para os casos de execução inadequada do PAT ou desvirtuamento das finalidades do auxílio-alimentação. Para implementação dessa vedação, está previsto prazo de transição para que não ocorra insegurança jurídica em relação aos contratos vigentes.