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Todo o mundo


Por Ivan Seidel*

O Brasil é o país do desemprego. E também é o país das vagas em aberto e da falta de mão de obra. Enquanto 12,9 milhões de pessoas estão hoje, infelizmente, sem trabalho (o equivalente a 12,1% da população economicamente ativa, segundo o IBGE) existem quase 300 mil vagas sem dono somente em TI, segundo a associação que representa as empresas de Tecnologia da Informação, a Brasscom.

O próprio Ministério do Trabalho estima que cerca de três milhões de oportunidades estão vazias por falta de qualificação. Não são apenas programadores. São técnicos em metalmecânica, soldadores, engenheiros, pedreiros, práticos (pilotos de barcos rebocadores) ou mesmo manicures. Falta formação para quase tudo no Brasil.

A dicotomia entre desemprego nas alturas e vagas de sobra revela um desafio estrutural na educação brasileira e expõe uma cruel realidade: a de que o ensino público, por mais que se esforce, não dá conta de suprir a demanda do mercado de trabalho. Não há dúvidas de que temos universidades públicas de excelência no Brasil. Não porque formam talentos, mas porque atraem pessoas com ótima formação. Instituições como UFABC, USP, Unicamp, UFSCar, UFRJ e tantas outras federais têm sido catalisadoras de algumas das  mentes mais brilhantes do país.

O problema está no ensino básico. Com raras exceções, as crianças saem da escola sem saber a boa e velha regra de três, confundem o verbo to be com alguma série em streaming, não sabem a capital de Minas Gerais. A culpa não é dos professores, que bravamente transformam um limão em limonada gelada. O problema está na ausência de valorização do ensino público. Educação não pode ser uma política de governo. Precisa ser uma política de estado. Se cada governo, a cada quatro ou oito anos, mudar toda a estratégia de ensino da população, o Brasil nunca deixará de ser uma república das bananas.

Um país de 213 milhões de pessoas que exporta aviões (Embraer), que tem uma das maiores companhias globais de minério de ferro (Vale), que forma os melhores e mais criativos profissionais de tecnologia do mundo, que tem um dos agronegócios mais produtivos e tecnológicos do planeta, não pode achar normal estar na posição 54 do Pisa (índice internacional que mede o nível de educação nos países).

No que se refere à leitura, entre todos os 79 países avaliados, apenas 9% dos jovens se mostraram capazes de diferenciar fatos de opiniões. Já no Brasil, esse número é de 2%. Ou seja, além do grande número de analfabetos, a grande maioria que sabe ler não entende o que lê.

Olhando para o futuro, o Brasil precisa investir na criatividade. Um sistema de ensino falho faz com que as pessoas sejam cada vez menos criativas. Elas acabam sendo treinadas para ser mais operacionais, menos inventivas. Com um modelo de educação que não permite o erro e inibe a autonomia de criação de cada um, isso torna mais complexo a formação de profissionais criativos e dispostos a desenvolver soluções — com erros e acertos — para  qualquer tipo de demanda ou problema no futuro.

*Ivan Seidel é especialista em robótica, edtechs e tecnologia para a educação cofundador e CPO (Chief Product Officer) da Layers Education


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    por Beitech . - segunda, 28 fev 2022, 20:20
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    Para entender os desafios e as oportunidades associados ao uso dos negócios digitais, o MIT Sloan Management Review, em parceria com a Deloitte, realizou sua pesquisa anual, "Acelerando a inovação digital por dentro e por fora", com mais de 4.800 executivos, gerentes e analistas de organizações em todo o mundo.

    Nos últimos cinco anos temos investigado a maturidade digital, com foco nos aspectos organizacionais da disruptura digital e não nos tecnológicos. Examinamos empresas desde o início, quando ainda estavam se desenvolvendo, até os estágios de maturação digital. A pesquisa deste ano constata que as lacunas muitas vezes podem ser explicadas pela abordagem de inovação de uma empresa: o amadurecimento digital das empresas não está apenas fazendo-as inovar mais, mas sim inovar de maneira diferente.

    Essa inovação é impulsionada em grande parte pelas colaborações estabelecidas externamente por meio de ecossistemas e internamente por equipes multidisciplinares. Tanto os ecossistemas quanto as equipes aumentam a agilidade organizacional. O risco dessa agilidade aumentada, no entanto, é que ela pode levar a esforços de inovação da empresa para superar suas políticas de governança. É particularmente importante, então, que essas organizações possuam políticas sólidas em relação à ética dos negócios digitais.

    Maturidade digital impulsiona inovação e crescimento

    A pesquisa captou informações de indivíduos em 125 países e 28 indústrias, de organizações de vários tamanhos. O relatório apresenta as seguintes descobertas:

    1. As empresas com maturidade digital inovam a taxas muito mais altas do que suas concorrentes menos maduras.

    2. Os funcionários de organizações com maturidade digital têm mais liberdade para inovar em seus empregos – independentemente de quais sejam suas funções.

    3. As empresas com maturidade digital têm muito mais probabilidade do que seus pares menos maduros de colaborar com parceiros externos.

    4. As equipes multidisciplinares são uma fonte importante de inovação digital.

    5. As empresas com maturidade digital são mais ágeis e inovadoras, mas, em contrapartida, exigem maior governança.

    6. Quando solicitados a prever se sua empresa será mais forte ou mais fraca no futuro, os entrevistados de empresas com maturidade digital e em estágios iniciais mostram diferenças marcantes.

    Contato-chave

     Líder de Technology, Media & Telecommunications - brtmt@deloitte.com

    [ Modificado: segunda, 28 fev 2022, 20:31 ]

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      Muito se fala atualmente em metaverso, notadamente após o Facebook ter anunciado, em 28 de outubro de 2021, a mudança do nome do “conglomerado” para Meta. Assim, a aposta em torno desse novo universo virtual ganhou tração adicional e aguçou a curiosidade de toda a comunidade geral e não somente daquela que gira em torno de questões tecnológicas.

      Impõe-se, de início perquirir-se: seria o metaverso algo efetivamente novo? Quais as consequências dessa realidade virtual para os comportamentos humanos?

      Paralelo entre o metaverso e experiências anteriores

      Pode-se preconizar que o metaverso tenha sido inicialmente pensado há quase 30 anos quando Neal Stephenson cravou esse termo no romance Snow Crash. Nessa obra, verifica-se a existência de personagens que se utilizavam de avatares para viver em um universo “online” e, no caso, refugiar-se da realidade.

      Na sequência muitos outros exemplos podem ser trazidos à baila. Dos personagens dos livros pode-se saltar para o universo das séries. Black Mirror é um contundente exemplo da distopia provocada pela existência de um universo virtual, moldado, em que tudo é previamente pensado: sentimentos, interações, gestos, condutas. Mas há um evidente conflito entre a natureza humana e a existência dos conflitos ocasionados pela tecnologia. E, nesse ponto, merece indagar-se: o metaverso pode conectar ou desconectar pessoas? A virtualização da vida unirá ou separará os seres em sociedade? Segundo o cientista Jeremy Bailenson, diretor-fundador do laboratório que estuda realidade virtual na Universidade de Stanford, em estudos com óculos de Realidade irtual, asseverou que o tempo despendido com esse artefato é “psicologicamente muito mais poderoso do que qualquer mídia já inventada e se prepara para transformar drasticamente as nossas vidas”. Cita-se, ainda as “Soul Machines” desenvolvidas por empresa de tecnologia situada em Auckland.

      É difícil, no momento, estabelecer o efetivo modelo de operação desse incógnito universo. Escritórios, academias, festas, tudo existirá no metaverso? Espelhará esse novo “planeta virtual” a vida que as pessoas desejam ter? Mas qual será o ponto de intersecção com a vida real? Como ficam os sentimentos?

      Necessária humanização do metaverso: intersecção com a vida real e o ponto de equalização

      Em um outro exemplo de universo “paralelo” pode se destacar a série “Stranger Things”. Nela, os protagonistas — que se iniciam, na primeira temporada, com idades entre 11 e 13 anos — conhecem o “mundo invertido” com suas sombras e perigos. Mas, conseguem combatê-lo, ao longo do tempo, demonstrando a verdadeira faceta da vida: a união e a amizade.

      E esse é o ponto que precisa ser efetivamente explorado. A tecnologia deve auxiliar as pessoas a se conectarem. E não as afastar. As demonstrações desses universos virtuais devem vir acompanhadas do “serviço” às gerações para facilitar a vida humana, mas não para isolar os seres viventes. Deve traduzir uma forma de apresentar facilidades virtuais, mas não dificuldades emocionais. Como assevera Amy Webb, futurista americana que auxilia os CEOs das grandes empresas a enfrentarem futuros complexos, essa tangenciabilidade viria, exemplificativamente, na existência de um executivo em Nova York e outro em São Paulo que, em uma reunião, poderiam apertar as mãos e ter a sensação de um toque real. Assim, cumpre-se o que se busca identificar nesse estudo: a tecnologia vem auxiliar as relações interpessoais, mas jamais substitui-las. Nesse caso, a reunião de negócios existe, com duas pessoas reais, ainda que de forma virtual. E seu epílogo traduz o “shake hands” de forma virtual, mas com a sensação real.

      A possibilidade de se fazer uma reunião de trabalho virtual, em um ambiente avançado, não deve implicar na ausência de conhecimento dos “players” com os quais se trava negociações ou mesmo sequer saber, pessoalmente, quem são os colegas de trabalho. Não podem implicar no total alijamento das relações laborais pessoais.

      O mesmo se pode aplicar às relações interpessoais: o universo metafísico não pode substituir os abraços, os apertos de mão e os sentimentos humanos. Senão, como serão os relacionamentos no futuro? Como gerar as próximas gerações, se os futuros “pais” não se conhecerem pessoalmente?

      E o grande desafio não é criar uma realidade virtual, um universo no qual todos são exatamente o que querem ser. O desafio é estabelecer um ponto de equilíbrio entre as relações virtuais e as relações humanas.

      Tais relações não se podem sobrepor umas às outras sob pena do desequilíbrio do “fiel da balança”. Seria inadmissível que duas pessoas deixem de se conhecer e de viver uma vida efetiva juntas por estarem presas aos universos virtuais. Que pessoas deixem de viver experiências como conhecer lugares históricos, museus, porque os viram dentro de “universos virtuais”. Pois fizeram “tours” quase que imaginários, tendo por base a reprodução dos locais com base em elementos de computação gráficas e se movimentaram reproduzidos por avatares.

      É sabido que a geração daqueles que não tem familiaridade com computadores está por terminar. Hoje, praticamente a totalidade da população intelectualmente ativa maneja, sem dificuldade, os elementos da tecnologia. Computadores, tablets e smartphones são utilizados em larga escala para o exercício das tarefas mais simples às mais complexas. E com isso, a sofisticação dos universos virtuais ganha ares de notoriedade.

      As novas gerações pautam-se por condutas diferentes daquelas adotadas por seus pais. Esses eram conhecidos pela geração do “ter”: queriam conquistar o imóvel próprio, seu sonhado carro e tantos outros bens materiais. Hoje, vive-se a geração do “ser”: ser aquilo que se deseja: mudar de emprego, de casa, de país a um simples “estalar” dos dedos. Almeja-se a liberdade de um nômade virtual e a tecnologia é parte fundamental para tudo isso se viabilize. Nesse esteio é que a tecnologia não pode ser um instrumento de isolamento, mas de conexão de pessoas, seus valores, suas vidas. Registre-se, ainda, a preocupação com a privacidade humana que o metaverso vai gerar, além de todas as mídias sociais já existentes.

      Crenças futuras

      Chega-se ao tempo de colocar a tecnologia a serviço da humanidade e não como forma de seu isolamento da realidade. É hora de proclamar as realizações humanas com o auxílio da meta-realidade, mas não permitir que tais realizações só ocorram de forma virtual. É hora de privilegiar que o “deal” foi possível pois a tecnologia uniu pessoas de diversas partes do mundo sem seu deslocamento físico, mas permitiram se olhar nos olhos uns dos outros por intermédio de todas as plataformas de trabalhos virtuais; de investir em empresas com “spread” mundial por força da existência de softwares e realidades virtuais distintas; de viabilizar que viajantes de todas as partes do globo terrestre possam chegar a localidades nunca dantes pensadas e ter a seus pés guias, concierges e tudo para tornar a experiência física inesquecível, apenas com clicks ao alcance de suas mãos.

      A importância do mundo virtual é de sumo relevo, mas não pode ser senhora absoluta da situação. Não pode impedir que as facetas humanas sejam esquecidas. Não pode substituir a inteligência real pela artificial. Elas se retroalimentam como em um sistema autopoiético proclamado por Niklas Luhmann, permitindo se projetar e reclamar a própria finalidade. As operações nesses sistemas se interligam de forma que as subsequentes se ligam às anteriores em um perfeito “looping”. E, nesse processo de remeter o sistema a si mesmo, a inteligência real produz a inteligência artificial que, por sua vez permite novamente que a inteligência real produza inteligência artificial mais sofisticada e assim por diante, provocando um cataclisma de inovação.

      E, nesse esteio, não há espaço para a vivência humanitária isolada, sob pena de se fazer ruir essa perfeita e concatenada ordem natural das coisas. Elas são intrínsecas, indissociáveis e não podem ser pensadas de forma isoladas. Como bem assevera Ludwig Wittgenstein, o significado do mundo deve residir fora dele e, além disso, fora da linguagem significativa.

      O metaverso e a tecnologia representam o mundo, nas palavras de Wittgenstein. Mas seu significado deve residir fora dele e de sua linguagem significativa. E a lucidez do pensamento desse grande filósofo do século VII deve extrapolar os seus limites e alcançar a linguagem significativa dos seres humanos. O metaverso assim, consiste em meio para atingir-se o fim: o aprimoramento das relações humanas.

      Muito além do virtual

      A abertura do universo virtual, metafórico, conduz a reflexões severas. De um lado, permite a transposição do mundo real, abrindo-se a todos o ilimitado, o impensado, o sonhado. Transforma os simples mortais em heróis, guerreiros ou, simplesmente no “business man” ou o pai de família que almejou. Mas impõe consequências que podem desbordar os mais tênues limites da ficção e da realidade, acarretando a total opacidade de seu próprio universo; não permitindo que haja uma fronteira segura entre o mundo do ser e aquele do dever ser.

      Assim, a preocupação não deve se voltar somente à construção de um mundo virtual, com os mais belos requintes de forma; deve-se buscar a profundidade de seu conteúdo e seu inter-relacionamento com os seres humanos. Traduzir a essência desse mundo virtual para o dia a dia das pessoas e seus impactos talvez seja o maior desafio a ser enfrentado. Não permitir que todo o relacionamento humano, construído ao longo de 21 séculos de história seja posto de lado e de forma disruptiva.

      Portanto, o metaverso não deve ser somente um mundo virtual. Não deve somente permitir que as pessoas possam se tornar aquilo que não são. Deve ser um instrumento para que a humanidade possa efetivamente se tornar quem pretende ser com o auxílio de toda a tecnologia disponível. Deve representar a voz de todos aqueles que almejam ter vez dentro de um mundo cada vez mais complexo com obstáculos distintos. Deve ser uma ferramenta para unir e jamais para apartar. Em outras palavras, deve o metaverso ser um caminho para conectar pessoas, jamais desconectá-las. E certamente esse será o seu maior desafio.


      Este artigo foi produzido por Rui Santoro, Fundador e CEO da Local APP.


      [ Modificado: domingo, 27 fev 2022, 21:21 ]

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        Você acha dá para emagrecer sem ter uma balança em casa? Essa pode parecer uma pergunta esquisita, mas a resposta é muito útil. O que você faria se tivesse que constatar uma perda importante de massa corporal e não tivesse acesso a um equipamento para saber quantos quilogramas está pesando? Certamente você vai dar o seu jeito. Em 10 segundos buscando alternativas você já deve ter pensado em coisas como: dar umas apalpadas nas dobrinhas e perceber se estão diminuindo, usar uma fita métrica na barriga ou simplesmente checar se aquela camiseta apertada começou a servir. A verdade é que essas alternativas não são exatamente métricas de peso, mas elas, indiretamente, apontam se o objetivo está sendo cumprido ou não. E elas também nos ajudam a confirmar que, obviamente, dá para emagrecer sem ter uma balança. Aliás, ter um medidor de quilogramas não garante em nada a mudança do seu peso. Ou, refraseando de forma resumida, medir não garante resultado.

        A digitalização do mundo dos negócios e da vida das pessoas está tornando tudo mensurável. Já é possível saber qual é o percentual de clientes que entram em um supermercado sorrindo. Ou saber qual é a taxa exata de acerto que um jogador de basquete tem em arremessos de cada ponto específico da quadra. Com a autorização dos usuários, é possível saber quantos abriram pelo menos 3 notificações por push ou e-mail marketing com o mesmo tema no último mês e depois geraram um cupom. E quantos milésimos de segundo os visitantes ficaram em cada ponto de um shopping center ou de um e-commerce. Nada disso é tão moderno assim, são apenas exemplos para ilustrar como é fácil nos deslumbrarmos com tantos dados. É a mesma sensação que uma criança tem quando entra pela primeira vez na cabine do piloto de um avião e se encanta com tantos botões, setinhas, luzes e gráficos.

        No mundo corporativo demos um nome chique para esses painéis: dashboards. São relatórios bonitos, feitos por especialistas em user experience para deixar tudo amigavelmente interpretável. Quando o indicador está negativo, fica vermelho. Em um clique mágico, a comparação muda de data e tudo se recalcula sozinho. A diagramação ajuda a leitura e deixa fácil colocar apenas em uma única página todas as métricas mais importantes. E você se sente pronto para sentar e pilotar essa aeronave. Mas, assim como no caso da balança, ter um painel de controle bonito e moderno não garante que o avião vai chegar ao seu destino sozinho. Ainda é preciso traçar uma rota e executar um plano.

        O marketing dos KPI (key performance indicators) parece ter percebido que essa sigla já estava ficando empoeirada — desde os anos 90 se fala nisso. Então surgiram os OKR (objectives and key results), com uma nova abordagem. Deixando as diferenças de metodologia de lado, seguimos falando sobre a melhor forma de usar a balança no processo de perder peso. Se você também está envolvido no mundo das métricas, deixo aqui uma lista de dicas valiosas para facilitar o seu trabalho:

        1. Quem não mede, perde oportunidades. É preciso admitir: por mais experiente que você seja em seu negócio, os dados certos sempre ganham das opiniões. Mas é importante ressaltar: estamos falando dos dados certos, não quaisquer dados. Mesmo quando a direção do negócio aponta para o norte correto, as métricas sempre são úteis para ajudar a deixar tudo mais eficiente. É como se fosse uma plantação onde você sempre consegue coletar novos frutos constantemente. Uns maiores, outros menores. Se você tem apetite para eficiência, acompanhe as medidas principais da sua empresa.

        2. Poucas métricas e fáceis de usar. Imagine que você trabalha na central de vigilância de trânsito de uma grande cidade como São Paulo ou Nova Iorque. Você está em uma sala com dezenas de imagens de câmeras de segurança projetadas na parede ao mesmo tempo. Para qual tela você olha? Será que o certo é fixar a visão onde há um acidente? Onde está mais trânsito? Ou em uma esquina onde frequentemente acontece algum problema? A inteligência artificial permite acompanhar milhares de coisas ao mesmo tempo, mas, ainda assim, é preciso fazer escolhas nas intervenções. Estratégias ganhadoras geralmente são simples e podem ser acompanhadas com poucos indicadores. Escolha olhar para os números mais importantes de performance, para os gargalos mais críticos e para as grandes apostas que está fazendo. Essas devem ser as telas que estão sempre na projeção da parede.

        3. O filme é sempre mais importante do que a foto. Um erro muito comum em quem acompanha métricas é se desesperar com algo pontualmente muito ruim ou se iludir com um feito inédito muito positivo. Esses dados não precisam ser ignorados, mas devem ser olhados com um cuidado especial. Eles podem ser pontos fora da curva ou algo fora do padrão que não necessariamente indicam uma mudança de rota. Acompanhar indicadores é mais sobre olhar tendências do que pontos únicos. Entenda o que pode ter causado um desvio excepcional, mas se preocupe mais com a direção geral da rota que se vê no filme completo. Uma maratona tem subidas e descidas. Imprevistos acontecem e devem ser tratados como tal.

        4. Não controle um barco como se fosse um avião. Copiar indicadores de outro negócio ou até de um concorrente pode ser uma falha crucial. Suas métricas devem refletir o seu plano, no seu mercado, em seu contexto. Fazer benchmark pode ser positivo para pegar inspirações, mas replicar o acompanhamento de uma empresa diferente pode ser tão errado quando chamar um marinheiro para pilotar a sua aeronave. Entenda os princípios básicos por trás dos casos de sucesso, mas reflita em como replicar o conceito e não a tática. O seu negócio merece um checkup personalizado.

        5. Defina sucesso: para onde quero ir? Planejamento estratégico começa definindo o destino. Qual é o lugar onde você quer que o seu negócio chegue daqui a algum tempo? Essa pode parecer uma pergunta fácil, mas está longe de ser. Desejar ser o líder em volume do seu mercado pode ser totalmente diferente de ser a companhia mais rentável. Fazer uma expansão internacional pode conflitar com a visão de ser a marca mais querida pelos clientes. E querer ser tudo ao mesmo tempo é simplesmente impossível. Não adianta nada ter milhares de métricas para acompanhar a jornada se você não sabe para onde quer ir. Uma visão muito clara das prioridades é o primeiro passo para poder saber se elas estão sendo alcançadas.

        6. Defina a rota: como quero chegar lá? Você pode chegar de diversas formas entre um ponto A e um ponto B. Aplicativos de trânsito podem sugerir caminhos evitando pedágios, zonas perigosas ou áreas com restrições de circulação. Você também pode escolher ir a pé, por transporte público, carro ou motocicleta. Pode decidir seguir os limites de velocidade da pista, colocar o cinto de segurança e andar apenas na faixa exclusiva. Também pode querer fazer seguro no veículo, dar carona para alguém ou ir de bicicleta para não prejudicar o planeta. Como você quer chegar lá? Talvez isso impacte no tempo de viagem, no custo, nos planos. Mas a forma como você deseja ir, muda tudo. E se ela é tão crítica a ponto de ser inegociável, também precisa ser acompanhada.

        7. O mais importante: por que quero chegar lá? Saber as motivações por trás dos objetivos também impacta diretamente as métricas do negócio. No exemplo do primeiro parágrafo, pergunte-se: por que eu quero emagrecer? Talvez seja por uma recomendação médica, porque quer ser campeão de um esporte ou por uma questão estética. Ou pode ser porque você quer ter uma vida mais longa para passar mais tempo com os seus filhos. Em todos esses casos, os indicadores também podem ser diferentes. Além do peso, você pode acompanhar seus índices glicêmicos, sua evolução na performance do esporte, o número de elogios que recebe ou a quantidade de momentos felizes que teve com a família. Os propósitos por trás do objetivo revelam as reais métricas que estamos buscando em tudo que estamos fazendo.

        8. Nada muda se nada muda. Não há como fechar esse tema sem lembrar essa máxima. Ficar olhando os indicadores avisando que o barco está afundando e não fazer nada, não vai salvar a embarcação. Quem quer resultados diferentes, precisa fazer coisas novas. A tendência só muda se a inércia é rompida. Dados são importantes, mas eles não valem nada. O que realmente tem valor é o que você vai fazer com o que os dados estão lhe ensinando. As novas tecnologias estão permitindo acompanhar muito mais indicadores ao mesmo tempo e automatizar ações com base em suas performances parciais. Hoje é possível fazer testes e acompanhá-los muito mais de perto, fazendo mudanças rapidamente. Aproveite essa oportunidade para aprender e encontrar novas formas de chegar ao seu objetivo.

        Voltando à nossa questão inicial, fica claro que dá para emagrecer sem balança, mas também é possível usar a melhor a balança do mundo e engordar muito. Medir não garante a chegada ao destino, mas assegura avisos importantes no meio do caminho.


        Este artigo foi produzido por João Branco, CMO Brasil / VP de Marketing do McDonald’s – Arcos Dourados, TEDx speaker, e colunista da MIT Technology Review Brasil, Forbes, UOL e M&M.


        [ Modificado: domingo, 27 fev 2022, 21:21 ]

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          A educação online e consequentes 

          Com o crescimento do Covid-19 no mundo, passaram a ser necessárias determinadas mudanças em prol da segurança da sociedade em seus mais diversos cenários. Dentre estes, o ambiente escolar, que passou a se tornar online para melhor proteger seus alunos e profissionais.

          Contudo, embora existam diversas vantagens no que concerne à educação à distância, também é de imensa importância a consideração da privacidade e intimidade de crianças e adolescentes que passaram a utilizar as plataformas educativas online.

          Em busca de uma fácil adaptação, muitas escolas passaram a pesquisar ferramentas e plataformas que melhor se adequassem aos seus métodos, bem como avaliaram suas funcionalidades para que, assim, fosse possível a utilização por parte de seus alunos. Porém, é muito importante observar os riscos que determinadas plataformas podem oferecer se não observados os cuidados necessários.

          Importa mencionar que, embora haja a expectativa de segurança, muitos dados pessoais são compartilhados por meio destas ferramentas, tais informações são desde os nomes dos discentes até suas imagens gravadas via webcam. Todo esse cenário torna ainda mais intensa a questão da datificação da infância,

          No que a lei geral de proteção de dados poderá auxiliar?

          A lei geral de proteção de dados, aprovada em agosto de 2018 e possuindo vigência a partir de setembro de 2020, provou um imenso impacto nas mais diversas nuances da sociedade, que tiveram que se adequar para a criação de um ambiente seguro e transparente para o tratamento de dados pessoais de pessoas naturais que o compartilham, direta ou indiretamente.

          Dentro destes ambientes, é mais do que possível citarmos o contexto escolar, tendo diversas escolas se preparado antecipadamente para a aplicação da lei, seja internamente, por meio de departamentos responsáveis, ou por serviços de acompanhamento e adequação terceirizados, que auxiliam na adaptação dessas instituições ao novo cenário.

          No que concerne a esta preparação, é importante citar cuidados que tais ambientes devem ter no que diz respeito à adoção das plataformas online como meio alternativo a partir de março de 2020 durante a pandemia, visando assim que estes se encontrem de acordo com o que discorre a lei 13.709 - lei geral de proteção de dados.

          Um dos cuidados a serem tomados é quanto a escolha da plataforma online a ser utilizada para amparo no estudo à distância. É essencial que as escolas busquem uma plataforma não apenas acessível, como segura a todos. Desta forma, a preocupação quanto a funcionalidade daquela ferramenta e em que momentos, exatamente, será necessário o compartilhamento dos dados pessoais dos alunos é fundamental.

          Quanto à busca de uma plataforma online, indica-se o uso de ferramentas de comunicação baseadas em softwares livres, cujo modelo de negócio não seja baseado na coleta, tratamento e venda de dados. Tais ferramentas possuem o nome de recursos educacionais abertos.

          Uma dica importante para que haja a maior segurança possível quanto aos dados pessoais compartilhados é justamente quanto a quantidade destes. É recomendado que seja feita uma análise de quais informações necessariamente deverão ser compartilhadas e quais não são tão importantes para serem mantidas nestes meios de comunicação. Assim, a instituição continuará conseguindo prestar seu serviço educativo, possuindo apenas os dados previamente selecionados.

          A formalização da relação entre escola e empresa responsável pelo serviço de plataforma também pode ser uma boa alternativa para quem realmente quer assegurar quanto ao armazenamento dos dados mantidos na ferramenta. Desta forma, é possível incluir cláusulas que tratem justamente da proteção de dados pessoais, reforçando a importância de garantir um ambiente seguro tanto para a escola, que está confiando no serviço prestado, quanto nos alunos, que estão depositando sua confiança na instituição de ensino ao qual escolheram.

          Conclusão

          A lei geral de proteção de dados ainda é uma novidade para o Brasil. Desta forma, ainda se entende como necessário que, embora todos estes cuidados advindos dos ambientes escolares sejam fundamentais, haja a conscientização do menor acerca da educação digital para que seja possível o desenvolvimento de comportamentos que reforcem estes cuidados, dando o menor espaço possível para qualquer vazamento.

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            A pandemia do coronavírus iniciada em 2020 apresentou uma série de desafios para toda a sociedade. Um dos obstáculos mais complexos nesse sentido foi a necessidade imediata de digitalizar o processo educacional. Passados dois anos, a vacinação em massa já possibilita um possível retorno das crianças para a sala de aula, porém, a predileção pelo ensino à distância já está instaurada na comunidade, e esse deve ser um caminho sem volta.

            Funcionando como uma verdadeira rede de apoio à aprendizagem, as edtechs assumiram um papel fundamental neste contexto ao possibilitarem a continuidade das atividades escolares, a democratização do ensino e a introdução de novas tecnologias. Todos esses processos simbolizam melhorias importantes na educação brasileira e impactam diretamente no processo de formação e de desenvolvimento dos mais de 47,8 milhões de estudantes brasileiros da rede pública e privada.

            A partir disso, o mercado de educação à distância se encontra num momento único de aceleração e investimentos, sobretudo quando tratamos do cenário brasileiro. Segundo levantamento realizado pela Distrito e KPMG, as edtechs representam hoje 57% das startups de maior destaque no país, e somadas receberam um aporte total de US$ 22,5 milhões em 2021, superando em 770% todo o valor arrecadado no ano anterior.

            Tendo a tecnologia como um aliado fundamental, as edtechs estão causando uma verdadeira revolução na educação e transformando as salas de aula em ambientes únicos e personalizados, no qual o protagonista será sempre o estudante.

            Todo esse alto investimento previsto na área faz com que os alunos passem a contar com novas ferramentas importantes de ensino e crie uma grande expectativa para os próximos anos. Atuando lado a lado com a tecnologia, as edtechs já trazem benefícios como a possibilidade de melhor identificação de dificuldades ou facilidades do estudante em relação às matérias, além de abrir espaço para as próximas inovações, incluindo até mesmo adesão do metaverso no universo escolar, abrindo precedentes para aprendizagens imersivas e interativas.

            Apesar da falta de estrutura e apoio básico, que acontece principalmente pela falta de investimentos na rede pública, atuarem, como dificultadores à primeira vista, o setor assumiu essas lacunas como fatores essenciais para impulsionar ainda mais o processo de digitalização do ensino no país.

            Mesmo com o cenário ainda não se mostrando o ideal, já que as ferramentas tecnológicas necessárias não estão igualmente disponíveis a todos, os empreendedores ligados às edtechs já visualizaram no Brasil um local oportuno para o desenvolvimento desse tipo de empresa e a expectativa é bastante positiva, principalmente por conta das sinalizações otimistas do mercado em relação aos fortes investimentos no setor.

            Todas essas mudanças que estão acontecendo na educação nos dá algumas certezas: apesar de não alterar a linguagem central do processo de ensino-aprendizagem tradicional, as edtechs irão revolucionar a formatação do ensino. Atuando lado a lado com as soluções tecnológicas, essas startups irão reformular a formatação atual da educação no país e impactarão de forma positiva nos índices educacionais e de desenvolvimento econômico do Brasil.

            *Raphael Coelho é CEO e fundador do TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.

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              Tendo feito faculdade antes da pandemia, ela acabou desistindo da área de formação. "Os salários que ofereciam eram mais baixos do que os da minha época de estágio. Fazer faculdade sempre foi um sonho, mas acabei guardando o diploma na gaveta."

              O impacto da pandemia no mercado de trabalho levou um número recorde de brasileiros com ao menos um curso superior a aderir ao trabalho por conta própria, seja fazendo bicos ou se tornando empreendedores. No terceiro trimestre de 2021, o grupo chegou a 4,03 milhões, o maior para o período de julho a setembro em uma série histórica desde 2015.

              O número de graduados por conta própria que podem estar em situação mais precarizada, os sem CNPJ, chegou a 2,1 milhões, um aumento de 14,1%, na comparação do terceiro trimestre de 2021 com o mesmo período de 2019 —antes da pandemia.

              Entre aqueles com CNPJ, que também reúnem os brasileiros que estão empreendendo, esse aumento foi ainda maior no período, de 37,2%, chegando a 1,93 milhão. Os dados foram compilados pela pesquisadora Janaína Feijó, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas).

              As estatísticas, retiradas da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) Contínua, são recordes para o trimestre desde 2015, quando a pesquisa começou a acompanhar o grau de qualificação dos trabalhadores.

              A pandemia levou em dois anos a um acréscimo de 259 mil trabalhadores no grupo dos conta-própria sem registro, que foram fazer bicos para se reinserir no mercado, diz Feijó. "Nesse universo, está o engenheiro que virou motorista de aplicativo ou o balconista de loja que virou entregador de comida."

              "A pandemia fez sofrer ainda mais os trabalhadores com menor qualificação, mas os dados mostram que mesmo os que tinham ensino superior foram obrigados a fazer movimentos bruscos de carreira", diz a pesquisadora.

              O percentual dos trabalhadores por conta própria com ensino superior também aumentou desde o início da pandemia. Até o terceiro trimestre de 2019, os que faziam bico eram 9,5% do total de autônomos sem registro, enquanto os com CNPJ representavam 28,6% dos formalizados. Em 2021, eles correspondiam a 11% e 30,9%, respectivamente.

              Feijó aponta que o maior crescimento entre os graduados que têm CNPJ, que a pandemia levou ao empreendedorismo, pode apontar alguns sinais de como o mercado de trabalho deve ser nos próximos anos.

              Enquanto os sem CNPJ, que estão fazendo bicos, são um reflexo da baixa formalização do mercado de trabalho, o aumento de empreendedores pode indicar sinais de dinamismo no pós-pandemia, diz.

              "Quem consegue ter um CNPJ geralmente é aquele que pegou o pouco capital que tinha para abrir um negócio, identificou uma demanda reprimida por um produto ou serviço e quer ficar mais tempo nessa atividade."

              Graduada em processos gerenciais, Kellen Apuque, 32, é um exemplo desse segundo grupo. Ela resolveu apostar todas as fichas no trabalho por conta própria durante a pandemia. A moradora de Belo Horizonte (MG) é MEI (microempreendedora individual) —ou seja, tem CNPJ.

              Em 2020, Kellen decidiu que havia chegado o momento de concentrar seus esforços em uma consultoria para empresas sobre diversidade na área de recrutamento e seleção. Antes da crise sanitária, Kellen tinha emprego com carteira assinada, embora já prestasse serviços de forma autônoma.

              Segundo ela, a preocupação das empresas com diversidade cresceu durante a pandemia, o que fez a profissional se dedicar ao seu próprio negócio. Kellen presta serviços a companhias de maneira online.

              "Não foi por falta de oportunidade que decidi trabalhar por conta própria. Há necessidade de uma área de recursos humanos mais humanizada nas empresas. Minha proposta é trabalhar pela inclusão e pela diversidade no mercado", conta.

              O pesquisador Bruno Ottoni, da consultoria IDados, avalia que, após o tombo gerado pela pandemia, a atividade econômica teve uma reação insuficiente para absorver, em empregos de qualidade, toda a mão de obra à procura de oportunidades no Brasil.

              Assim, o trabalho por conta própria tende a ser mais buscado, com ou sem CNPJ, e inclusive por profissionais com mais estudo, indica Ottoni.

              "Empregos com carteira assinada têm custos para o empregador. Em um cenário de incerteza elevada na economia, como é o caso atual, o empregador costuma ficar desestimulado a contratar com carteira", afirma.

              Conforme o pesquisador, a chamada pejotização também pode ter acelerado na pandemia o trabalho por conta própria —nesse caso, com CNPJ. O fenômeno tende a diminuir os custos sobre as empresas na hora de contratar os serviços de um profissional com registro formal.

              "O elevado grau de incerteza na pandemia pode ter acelerado o processo de pejotização", diz Ottoni.

              O economista Fábio Pesavento, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em Porto Alegre, concorda. "Os custos para as empresas ficam menores", aponta.

              Na visão Pesavento, ter um CNPJ também facilita a vida dos profissionais que desejam empreender. Em boa medida, esse pode ser o caso dos MEIs.

              Por outro lado, o trabalho autônomo sem CNPJ está mais associado aos populares bicos, sinaliza o professor. Ou seja, a atividades que são realizadas por profissionais que não encontram outras oportunidades no mercado e que precisam de alguma fonte de renda com urgência. "A pessoa tem de sobreviver, pagar as contas. A pandemia inflou isso", diz Pesavento.

              TRABALHO SEM CHEFE DEVE SEGUIR CRESCENDO EM 2022

              Conforme economistas, o trabalho por conta própria tende a seguir em níveis elevados em 2022. A projeção está relacionada com a perspectiva de baixo desempenho econômico neste ano.

              O cenário de incertezas eleitorais, inflação persistente e juros mais altos, previsto para os próximos meses, dificulta a absorção de toda a mão de obra sem emprego. No trimestre encerrado em novembro de 2021, período mais recente com dados disponíveis, o Brasil tinha 12,4 milhões de desempregados.

              "A projeção é de o mercado de trabalho andar de lado neste ano. Com isso, o trabalho por conta própria tende a continuar expressivo", analisa Ottoni.

              Na avaliação de Clemente Ganz Lúcio, cientista social do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a resposta negacionista do atual governo durante a pandemia adiou a recuperação econômica e a reabertura de empregos de melhor qualidade.

              "O que vemos agora é uma economia que anda de lado e não consegue sair da crise com uma resposta virtuosa. Não há expectativa de que isso ocorra em 2022 e, para a recuperação real do emprego, seria preciso imaginar uma estratégia de desenvolvimento que não cabe neste governo."

              Ganz Lúcio complementa que o projeto para o país a partir de 2023 tem de ser radicalmente diferente desse e criar uma dinâmica virtuosa de crescimento. "Vai ser preciso esperar mais três ou quatro anos para ter uma resposta sólida do mercado de trabalho, com coordenação dos setores público e privado."

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                A quantidade de alunos que, no ano letivo de 2020, ingressaram em cursos de graduação a distância no Brasil, os chamados EAD, superou o total de estudantes que optaram por cursos presenciais pela primeira vez na história, segundo censo divulgado nesta sexta-feira, 18.

                O fenômeno, que faz parte de uma tendência observada nos últimos anos, havia sido constatado em 2019 apenas na rede privada. O levantamento aponta que, entre os mais de 3,7 milhões de alunos que ingressaram em instituições públicas e privadas em 2020, mais de 2 milhões (53,4%) optaram por cursos a distância, enquanto 1,7 milhão (46,6%) escolheram os presenciais.

                As informações são do Censo da Educação Superior 2020, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC).

                Nos últimos anos, por conta da pandemia, os indícios são de que a educação a distância pode ter avançado ainda mais. Os dados da modalidade não levam em consideração aqueles cursos que ofereceram aulas remotas em caráter provisório, mas que mantêm previsão de retorno presencial.

                O censo revelou que a oferta de vagas em cursos remotos em 2020 aumentou mais de 30% na comparação com 2019, chegando a 13,5 milhões. O crescimento da oferta em cursos presenciais no mesmo período foi de 1,3%.Em 30 de junho de 2021, data de referência do levantamento, havia 2.457 instituições de educação superior no Brasil. Do total, 2.153 (87,6%) são privadas e 304 (12,4%), públicas.

                As instituições privadas registraram 3,2 milhões de ingressantes, o que corresponde a 86% do total. Os resultados indicam ainda que mais de 8,6 milhões de matrículas foram registradas no ano letivo de 2020 pelo Censo da Educação Superior, sendo 1,2 milhão de concluintes. Foram abertas 19,6 milhões de vagas em diferentes semestres. Dessas, 18,7 milhões (95,6%) foram na rede privada. A quantidade de professores que atuaram no ensino superior em 2020 foi de 323,3 mil.

                Considerando o cenário da pandemia de covid-19, o Inep informou que a data de referência do Censo da Educação Superior 2020 precisou ser flexibilizada, extraordinariamente, para o dia 30 de junho de 2021. A medida teria buscado alinhar a pesquisa ao final do ano letivo de 2020, em decorrência das alterações nos calendários acadêmicos.


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                  O Brasil tem dois problemas sérios interligados de longo prazo: crescimento econômico e distribuição de renda. Esses problemas decorrem em parte da situação de uma grande parcela da população que está alijada do processo produtivo, por falta de educação de qualidade, saúde e habilidades socio-emocionais. Há várias décadas, gerações após gerações de brasileiros contribuem com menos do que poderiam para o crescimento econômico e acabam precisando de ajuda do estado para sobreviver.
                  Esse problema fica claro ao olharmos para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Entre aqueles de 18 a 24 anos de idade, que somam cerca de 20 milhões, 6 milhões não completaram o ensino médio e 4 milhões já o completaram, mas não conseguem trabalhar. Ou seja, praticamente metade dos nossos jovens não terá qualificações suficientes para contribuir de forma efetiva para o crescimento econômico.
                  Acabar com a pobreza das crianças custaria cerca de R$ 80 bilhões. O mesmo que vamos gastar para subsidiar combustíveis
                  Desta forma, só metade da população em cada faixa etária contribui de forma mais efetiva para a geração de riqueza por aqui. A outra metade irá transitar para sempre entre a informalidade, trabalho por conta própria não qualificado, desemprego e criminalidade. Não pagarão impostos e precisarão de transferências de renda para sobreviver com sua família. O que podemos fazer para mudar isso?
                  Pesquisas recentes em várias áreas do conhecimento não deixam dúvidas de que temos que começar nos primeiros meses de vida. Uma parcela significativa das nossas crianças enfrenta problemas de desenvolvimento. Um estudo recente analisou crianças no Ceará, por exemplo, e mostrou que 18% delas tinha algum atraso no desenvolvimento1. Os problemas mais sérios ocorrem nas áreas de coordenação motora fina e desenvolvimento pessoal/social. Muitas dessas crianças terão dificuldades de aprendizado na escola e depois no mercado de trabalho.
                  Quais são as crianças com atrasos maiores de desenvolvimento? Como esperado, são as de classes sociais mais baixas, que têm mães com baixa escolaridade ou com transtornos mentais, que vivem sob insegurança alimentar, que sofreram eventos familiares adversos ou episódios de violência doméstica. A falta de um ambiente familiar tranquilo e estimulante é um dos principais desencadeadores de problemas de desenvolvimento. Interessante notar que mais tempo de tela (em computadores ou celulares) aumenta a probabilidade de atrasos na coordenação motora ampla, resolução de problemas e desenvolvimento pessoal/social. Faz todo sentido.
                  Ou seja, crianças que crescem em ambientes mais pobres tendem a ter mais problemas de desenvolvimento, que farão com que elas tenham mais dificuldade na escola e no mercado de trabalho. Suas famílias não têm tempo para brincar com seus filhos, pois estão ocupadas em garantir sua sobrevivência e lidar com a violência e discriminação. É por isso que temos tantos jovens “nem-nem” e que a mobilidade é tão baixa no Brasil. O que podemos fazer para mudar isso?
                  Esses problemas dificilmente serão revertidos sem intervenções do Estado. A primeira providência seria evitar que as crianças cresçam em ambientes familiares precários, transferindo mais renda e estimulando os pais a interagirem com seus filhos. É relativamente fácil desenhar programas localizados e caros. Nosso grande desafio é implementar programas relativamente baratos que funcionem em escala e sejam efetivos.
                  Nos EUA, o governo Biden anunciou no ano passado o programa “The American Families Plan” para salvar uma nova geração de americanos. Uma em cada 7 crianças americanas vive na pobreza, sendo que entre os negros essa razão é de 1 para 4. Os EUA gastam apenas 1% do PIB com programas sociais para crianças, ao passo que a França gasta 3,5%. A ideia do programa era fornecer pré-escola gratuita de qualidade para todos os americanos, transferir renda para que as famílias pobres possam se afastar do trabalho para cuidar dos filhos e aumentar o crédito para as mães que trabalham. A proposta passou na Câmara, mas está parada no Senado por falta de consenso.
                  Ao mesmo tempo, as evidências a favor de programas de transferência de renda mais generosos vão aumentando. Um estudo recente avaliou o impacto de um programa de redução de pobreza nos EUA sobre a atividade cerebral das crianças. Nesse programa, metade das mães que tinham acabado de dar à luz foram sorteadas para receber uma transferência de renda maior do que a que normalmente teriam direito. Os resultados mostraram um aumento da atividade cerebral na área responsável pelas habilidades cognitivas nas crianças “tratadas” quando elas tinham um ano de idade.
                  No mundo em desenvolvimento, outro estudo recente mostrou que o programa bolsa-família mexicano, que foi aleatorizado desde o seu início em 1987, aumentou a escolaridade das crianças que estavam no útero quando as mães começaram a receber as transferências. Além disso, crianças que já tinham 10 anos de idade quando o programa começou ganham maiores salários hoje em dia, têm maior mobilidade e menores taxas de gravidez na adolescência.
                  Essas evidências mostram claramente que investir nas crianças é a melhor forma de salvar gerações, permitindo que elas possam contribuir mais efetivamente para o crescimento econômico e aumentando a igualdade de oportunidades.
                  Mas, quanto custaria para transferir renda suficiente para acabar com a pobreza das crianças brasileiras? Cerca de R$ 80 bilhões. O mesmo que vamos gastar para subsidiar combustíveis fósseis, beneficiando as famílias não-pobres e contribuindo para piorar o meio-ambiente. Estas são as nossas prioridades. Que país é este?

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                    No mundo dinâmico em que vivemos, crescer profissionalmente é uma das principais motivações das pessoas na hora de aceitar uma oportunidade de trabalho. Além de promover o desenvolvimento dos colaboradores, os treinamentos corporativos também possibilitam um crescimento exponencial nos negócios. Com isso, são cada vez mais as empresas que aproveitam os avanços tecnológicos e estão virando para as plataformas virtuais como a opção mais eficaz para o desenvolvimento de seus planos de educação corporativa. 

                    Além da remuneração, da estabilidade, dos benefícios, e de contar com um bom ambiente de trabalho, a possibilidade de crescimento e de desenvolvimento profissional é um dos pontos mais importantes para as pessoas na hora de considerar uma oportunidade de trabalho. 

                    A capacitação contínua, através de planos de formação e treinamento, melhora o desempenho dos colaboradores e aumenta sua motivação em relação à sua permanência na empresa. Isso acaba impactando significativamente na produtividade dos negócios.

                    Nesse contexto, são cada vez mais as empresas que deixam de lado os métodos educacionais padrão e escolhem a capacitação virtual para o desenvolvimento das habilidades e conhecimentos dos seus funcionários. A capacitação virtual é barata e eficiente, ao mesmo tempo que permite o treinamento de um número ilimitado de colaboradores de uma vez só, independentemente do lugar onde estejam.

                    Com esse forte aumento de demanda, surgiram nos últimos anos muitas plataformas de educação on-line que oferecem diversos planos para treinamento corporativo em diferentes segmentos e áreas de atuação. 

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